Notícia

Usando ovos de galinha e suprimentos domésticos, estudantes abrem caminho para antivirais de baixo custo

Alunos de graduação e pós-graduação da Universidade Stanford ajudaram a desenvolver uma maneira de fazer gotas nasais acessíveis com potencial para retardar a propagação de vírus como o SARS-CoV-2

Anna Hudson, Escola de Medicina da Universidade Stanford

Fonte

Universidade Stanford

Data

sexta-feira, 15 abril 2022 12:40

Áreas

Biologia. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Doenças Infecciosas. Entrega de Medicamentos. Imunologia. Inovação. Microbiologia. Saúde Pública.

Usando ovos de galinha e utensílios domésticos, estudantes de graduação da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, desenvolveram uma maneira de extrair e purificar anticorpos presentes nas gemas – a imunoglobulina Y (IgY) – que são comprovadamente seguros e podem prevenir ou tratar muitas doenças infecciosas. Os alunos identificaram uma maneira de purificar a IgY sem um laboratório comercial ou produtos químicos e equipamentos caros, desde que haja eletricidade e um freezer disponíveis.

“IgY purificada de ovos de galinhas pode ser uma ferramenta para retardar a transmissão de vírus pelo ar”, disse a Dra. Daria Mochly-Rosen, professora de Medicina Translacional na Escola Médica de Stanford, que supervisionou a equipe de pesquisa.

“Usar IgY não é substituir as vacinas, mas complementá-las. Apenas cerca de 10% das pessoas que vivem em países de baixa renda estão imunizadas contra o SARS-CoV-2 no terceiro ano da pandemia. Isto não é bom o suficiente”, continuou a pesquisadora.

O estudo foi publicado na revista científica Journal of Global Health. A Dra. Mochly-Rosen, presidenta e fundadora do Programa SPARK Global de Stanford, que ajuda a traduzir pesquisas biomédicas em aplicações clínicas por meio de parcerias universidade-indústria, é a autora sênior do estudo.

Embora as gotas nasais provavelmente sejam eficazes por apenas algumas horas, observou a Dra. Mochly-Rosen, elas podem fornecer proteção quando as pessoas entram em um espaço lotado, como um avião ou uma sala de aula. Além disso, à medida que um vírus muda ou um novo aparece, as galinhas podem ser imunizadas com a nova proteína variante, gerando novas IgYs, que podem ser purificadas e distribuídas mais rapidamente do que uma nova vacina, destacou a pesquisadora.

Os pesquisadores escolheram as gotas nasais como sistema de entrega com base em evidências de que a transmissão da COVID-19 pode ser reduzida nos pontos de entrada no corpo, que incluem o nariz. Os anticorpos IgY funcionam ligando-se ao vírus e impedindo seu acesso aos receptores na passagem nasal.

Estímulo à pesquisa

Os ovos de galinha contêm naturalmente anticorpos, que protegem os pintinhos recém-nascidos de doenças. As galinhas produzirão ovos que contêm anticorpos para um novo vírus se as galinhas forem injetadas com proteínas (antígenos) para esse vírus. Demora cerca de três semanas após a injeção para que os anticorpos eficazes apareçam nos óvulos.

A Dra. Mochly-Rosen começou a pesquisar anticorpos contra o SARS-CoV-2 a partir de ovos de galinhas imunizadas em meados de 2020. Um teste na Austrália descobriu que as gotas nasais são seguras.

Com a questão de pesquisa: ‘haveria uma maneira de baixo custo para extrair os anticorpos IgY de ovos, que pudesse ser usada em áreas sem um laboratório comercial?’, a professora Mochly-Rosen estimulou um grupo de estudantes de graduação de Stanford, que se inscreveram para a pesquisa por meio do Stanford Students in Biodesign e Biopharma, um clube para interessados ​​em tecnologia médica.

Como fazer gotas nasais antivirais

Os alunos trabalharam com ovos comprados em supermercados, serviços de entrega de supermercado online ou outras fontes, de modo que os ovos não possuíam anticorpos contra vírus como o SARS-CoV-2. No entanto, os ovos continham outros anticorpos, que os alunos conseguiram isolar. O processo de isolamento é o mesmo para qualquer anticorpo.

Aqui, resumidamente, está a receita que eles criaram:

  • Separar a gema da clara e diluir a gema em água;
  • Adicionar vinagre e agitar suavemente e congelar até ficar sólido;
  • Então, descongelar e filtrar a mistura para remover a gordura;
  • Adicionar sal e colocar a solução em tubos de ensaio em uma centrífuga comercial ou improvisada, onde as forças gravitacionais causam a formação de ‘bolinhas’ no fundo dos tubos;
  • Dissolver as ‘bolinhas’ em água, neutralizá-las com bicarbonato de sódio e colocar a solução em um conta-gotas.

Análises de laboratório confirmaram que os protocolos funcionaram tão bem quanto, se não melhor, que os processos comerciais, disse a Dra. Daria Mochly-Rosen. De acordo com o método dos alunos, cada ovo produziu cerca de 90 miligramas de anticorpos IgY, ou cerca de 25 doses. A solução de IgY purificada é estável à temperatura ambiente por até duas semanas e por muito mais tempo se preparada em condições estéreis e refrigerada.

Os pesquisadores também desenvolveram um kit que inclui tudo o que é necessário para todo o processo – incluindo um separador de gema de ovo, luvas, garrafas, sal, tiras de pH e pipetas. Existem duas versões de kit: uma com centrífuga improvisada (um processador de alimentos com instruções para transformá-la em centrífuga usando uma impressora 3D) e outra sem (para laboratórios que possuem centrífuga comercial).

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola de Medicina da Universidade Stanford (em inglês).

Fonte: Sheryl Jean, Universidade Stanford. Imagem: estudantes quebram ovos para extrair a gema, da qual isolarão os anticorpos. Fonte: Anna Hudson, Escola de Medicina da Universidade Stanford.

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