Notícia

Uso de fluoxetina minimiza perda de memória causada por depressão

Estudo demonstra que antidepressivo atua no bulbo olfativo

Unsplash

Fonte

UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais

Data

segunda-feira, 3 fevereiro 2020 09:10

Áreas

Farmacologia. Psiquiatria. Saúde Mental.

A solidão prolongada, ainda que adotada de maneira consciente e proposital, pode gerar impactos negativos tanto na saúde física quanto no estado mental dos seres humanos. Depressões provocadas pelo isolamento chegam até mesmo a causar quadros de perda de memória. Em estudo desenvolvido para aumentar a compreensão desse mecanismo, que se diferencia de outras situações envolvendo déficits de memória, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) descobriram que o antidepressivo fluoxetina atua positivamente sobre a depressão de animais isolados socialmente por meio do aumento da neurogênese no bulbo olfatório. A pesquisa também detectou diferenças na perda de memória entre fêmeas e machos.

Lembrança prejudicada, memória exacerbada por conteúdo negativo ou enfraquecimento das memórias positivas são bem descritos na literatura especializa como possibilidades de manifestação da depressão associada à ruptura da memória episódica. No entanto, os mecanismos de perturbação da memória na depressão ainda são pouco compreendidos, gerando a abertura inicial para a pesquisa.

“A depressão é uma doença de etiologia heterogênea e, quanto mais modelos animais existirem, melhor compreenderemos as particularidades dos diferentes quadros e sintomas de depressão, favorecendo o desenvolvimento de tratamentos específicos”, salienta a professora do ICB-UFMG Dra. Grace Schenatto Pereira Moraes, uma das pesquisadoras envolvidas no projeto. Os resultados do estudo estão descritos em um artigo publicado na revista científica Translational Psychiatry.

O experimento

Apesar de comumente associada à experiência humana, a solidão objetiva pode ser induzida em animais de laboratório, privando-os do contato físico com indivíduos específicos. Roedores, por exemplo, tendem a desenvolver sofrimento emocional e comprometimento cognitivo. Para o estudo, uma criação de camundongos foi posta em isolamento social durante sete dias, distribuídos em ambientes com condições diversas.

Foram utilizados 164 espécimes adultos (8-12 semanas de idade) e 36 juvenis (21-35 dias de idade), que passaram por série de análises comportamentais, morfológicas e neuroquímicas. Os resultados mostraram que camundongos em isolamento social exibem estado depressivo que pode ser evitado quando estão inseridos em ambiente enriquecido, ou seja, que passou pela adição de fitas, pedaços de plástico, rolos de papelão e brinquedos na gaiola.

O quadro dos animais também melhora com o uso dos antidepressivos fluoxetina e desipramina. O primeiro, em especial, foi capaz de neutralizar o efeito deletério da solidão na memória social, aquela associada ao reconhecimento dos semelhantes. “O mecanismo pelo qual atuam a fluoxetina e a desipramina, dois antidepressivos amplamente usados na clínica, não é o mesmo. Para alguns casos de depressão em que são detectados déficit de memória, seria mais interessante usar fluoxetina e não desipramina. Além disso, nossos achados reforçam a hipótese de que a formação de novos neurônios está associada aos efeitos da fluoxetina”, afirma a Dra. Grace Schenatto.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFMG.

Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais. Imagem: Unsplash.

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