Notícia
Pesquisadores identificam as etapas iniciais na formação do câncer colorretal
Resultados derrubam teoria predominante sobre a iniciação de tumor colorretal e sugerem novas maneiras de diagnosticar a doença antes que ela tenha a chance de se estabelecer
Laboratório do Dr. Jorge Moscat e Dra. Maria Diaz-Meco, Escola de Medicina da Universidade Cornell
Fonte
Universidade Cornell
Data
segunda-feira, 3 junho 2024 12:25
Áreas
Biologia. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Células-tronco. Microbiologia. Oncologia. Patologia.
Pesquisa liderada pela Escola de Medicina da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, fornece novas evidências de que a maioria dos cânceres colorretais começa com a perda de células-tronco intestinais, mesmo antes que as alterações genéticas causadoras de câncer apareçam.
Os resultados, publicados na revista científica Developmental Cell, derrubam a teoria predominante sobre a iniciação de tumor colorretal e sugerem novas maneiras de diagnosticar a doença antes que ela tenha a chance de se estabelecer.
“O câncer colorretal é muito, muito heterogêneo, o que tornou difícil por muitos anos classificar esses tumores para informar a terapia”, disse o Dr. Jorge Moscat, autor sênior do estudo e professor de Oncologia em Patologia da Escola de Medicina de Cornell. Essa heterogeneidade, as diversas características das células tumorais colorretais em diferentes pacientes e também dentro do mesmo tumor, tornam o tratamento particularmente desafiador.
Os tumores colorretais podem surgir de dois tipos de pólipos pré-cancerígenos: adenomas convencionais e adenomas serrilhados. Acreditava-se que os adenomas convencionais se desenvolviam a partir de mutações nas células-tronco normais que ficam no fundo das criptas intestinais, estruturas semelhantes a fossas no revestimento do intestino. Os adenomas serrilhados, por outro lado, estão associados a um tipo diferente de célula-tronco com características fetais que aparece misteriosamente no topo das criptas. Cientistas da área descreveram esses processos aparentemente distintos de formação de tumores como ‘de baixo para cima, bottom-up‘ e ‘de cima para baixo, top-down‘.
“Queríamos determinar como essas duas rotas realmente começam e como elas progridem, para que possamos entender melhor sua heterogeneidade à medida que o câncer progride”, disse a Dra. Maria Diaz-Meco, coautora sênior e também professora de Oncologia em Patologia da escola de Medicina de Cornell. Isso é particularmente importante para tumores serrilhados, que os médicos às vezes não percebem por causa de seu formato plano inicial, e que podem se tornar cânceres agressivos mais tarde.
Também são coautores do estudo o Dr. Hiroto Kinoshita e o Dr. Anxo Martinez-Ordoñez, pesquisadores da Escola de Medicina de Cornell.
Os pesquisadores descobriram anteriormente que muitos tumores colorretais humanos de ambas as origens têm níveis anormalmente baixos de proteínas chamadas proteína quinase C atípica (aPKC). O novo estudo investigou o que acontece quando os genes aPKC são inativados em modelos animais e organoides intestinais cultivados.
“Abordamos este projeto com as teorias bottom-up e top-down, mas ficamos surpresos ao descobrir que ambos os tipos de tumor mostraram perda de células-tronco intestinais após os genes aPKC serem inativados”, disse o professor Moscat.
As células-tronco características do lado superior em adenomas serrilhados só surgem depois que as células-tronco normais na parte inferior da cripta morrem, desorganizando a estrutura de toda a cripta. “Então, o câncer convencional é bottom-up, e o câncer serrilhado também é bottom-up“, disse o pesquisador.
As descobertas sugerem um novo modelo unificado para o início do câncer colorretal, onde o dano às criptas intestinais causa uma diminuição na expressão da proteína aPKC, seguida pela perda das células-tronco normais na parte inferior da cripta. Sem essas células-tronco, as células da cripta não podem se regenerar. Para sobreviver, a estrutura pode gerar uma população de células-tronco regenerativas na parte inferior ou mais células-tronco semelhantes a fetais na parte superior. Essas células de substituição podem então levar ao câncer.
“Se pudermos entender melhor como a expressão da proteína aPKC é regulada, poderemos controlar e prevenir o desenvolvimento do tumor, e também entender melhor a progressão dos tumores”, disse a Dra. Maria Diaz-Meco.
A equipe está atualmente analisando os padrões de expressão aPKC em tumores humanos em diferentes estágios, com esperanças de desenvolver testes moleculares que possam ser usados para detectar tumores precocemente, classificar tumores em pacientes e desenvolver melhores tratamentos.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Cornell (em inglês).
Fonte: Alan Dove, Escola de Medicina da Universidade Cornell. Imagem: imunofluorescência multiplex mostra um revestimento de cólon saudável (à esquerda) e uma lesão serrilhada pré-maligna (à direita). As células-tronco estão marcadas em verde e expressam proteínas aPKC marcadas em magenta. As células metaplásicas pré-malignas são marcadas em turquesa e não têm proteínas aPKC e células-tronco. Fonte: Laboratório do Dr. Jorge Moscat e Dra. Maria Diaz-Meco, Escola de Medicina da Universidade Cornell.
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