Notícia
Radiômica: uma abordagem quantitativa para o diagnóstico por imagem de alta precisão
Radiômica é um campo relativamente novo que aplica análises de dados abrangentes e quantitativas em imagens de ressonância magnética para obter um diagnóstico mais preciso
Divulgação, Universidade Hokkaido
Fonte
Universidade Hokkaido
Data
terça-feira, 17 novembro 2020 07:10
Áreas
Diagnóstico por Imagens. Ressonância Magnética.
Desenvolvida há cerca de 10 anos, a radiômica é uma técnica que combina imagem e processamento abrangente de dados. Ela permite que os radiologistas obtenham grandes quantidades de dados quantitativos de uma imagem de ressonância magnética que são impossíveis de coletar por meio de uma inspeção puramente visual de uma ressonância magnética.
Os radiologistas carregam os resultados da ressonância magnética em um sistema que analisa as imagens e as cruza em um grande banco de dados de outros tumores relacionados, fornecendo informações abrangentes sobre as características quantitativas do tumor, como características de intensidade de sinal, área de superfície, textura e volume. Para pacientes com câncer que sofrem de glioblastoma, o tipo mais comum e geralmente agressivo de câncer cerebral encontrado principalmente em adultos, os exames de ressonância magnética realizados utilizando técnicas radiômicas foram capazes de ajudar os radiologistas a identificar diferenças substanciais nas características dentro do mesmo tumor que parecia visualmente homogêneo em uma varredura padrão. “Antes da radiômica, os radiologistas ficavam satisfeitos com sua avaliação visual porque acreditavam em seus próprios olhos. No entanto, por meio da radiômica, somos capazes de decompor e analisar de forma abrangente diferentes partes de um tumor sem realizar uma biópsia invasiva”, explicou a radiologista Dra. Khin Khin Tha, do Departamento de Radiologia Diagnóstica e Intervencionista do Hospital Universitário da Universidade Hokkaido, no Japão.
Sem o uso de técnicas radiômicas, a única maneira de avaliar com precisão certas características de um tumor de glioblastoma era extrair uma seção do próprio tumor para análise. Com a radiômica, os médicos podem caracterizar totalmente um tumor, obtendo dados sobre a intensidade, forma e textura de todo o tumor a partir de apenas uma ressonância magnética, fornecendo informações vitais sobre a agressividade do tumor e ajudando os médicos a criar planos de tratamento individualizados para o paciente. Isso é especialmente importante devido a um fenômeno conhecido como heterogeneidade intratumoral, em que diversos tipos de células cancerosas se comportam de maneira diferente dentro do mesmo tumor, proporcionando um obstáculo grave para métodos de tratamento eficazes. Devido a esse fenômeno, mesmo uma biópsia física às vezes não é suficiente para compreender totalmente as características de um tumor de glioblastoma, pois o corte da biópsia pode não ter sido representativo do tumor como um todo. A radiômica ajuda a resolver esse problema, fornecendo aos radiologistas e médicos quase todas as informações de que precisam para avaliar o tumor, na melhor das hipóteses, até seu subtipo genético, e fornecer um prognóstico preciso e regime de tratamento.
Esforço de equipe global
Em seu estado atual, a radiômica é um verdadeiro esforço de equipe, exigindo a colaboração de radiologistas, cientistas da computação, médicos e biólogos para obter os resultados necessários. Devido à necessidade dessa colaboração interdisciplinar, às vezes pode ser desafiador obter o conhecimento necessário para o avanço da pesquisa. Por meio do programa GI-CoRE, a Universidade Hokkaido fez uma parceria com a Universidade Stanford, nos Estados Unidos, criando um ambiente de pesquisa mutuamente benéfico, onde ambas as universidades podem aproveitar o conhecimento e os recursos compartilhados. Juntos, os pesquisadores desta colaboração publicaram três artigos de pesquisa sobre a aplicação de radiômica em pacientes com glioblastoma, com os resultados indicando que o prognóstico de sobrevivência era melhor quando técnicas radiômicas eram usadas na avaliação do tumor de um paciente em comparação ao uso apenas de medidas e técnicas de prognóstico convencionais.
Ainda assim, apesar dos resultados promissores que a análise radiômica oferece, ainda há uma infinidade de desafios que devem ser superados antes que a tecnologia possa ganhar uso generalizado. Embora o objetivo final seja fazer com que o próprio sistema de ressonância magnética conduza os processos necessários para obter um laudo radiômico, em seu estado atual os radiologistas devem realizar etapas adicionais de processamento de imagem para receber os dados totalmente abrangentes, o que pode levar algum tempo. No entanto, de acordo com a Dra. Tha, o principal obstáculo que os pesquisadores enfrentam agora se resume aos dados. “É necessária uma grande quantidade de dados para fazer um laudo radiômico. Porém, atualmente esses dados nem sempre estão disponíveis devido às diferenças nos métodos de coleta e tratamento e à falta de padronização, não só entre as metodologias, mas também entre os próprios equipamentos de ressonância magnética. Para minha pesquisa sobre glioblastoma, também houve problemas na coleta de dados devido à relativa raridade da doença e às diferentes práticas de intervenção entre hospitais, com alguns hospitais intervindo com tratamentos agressivos mais cedo do que outros”, concluiu a pesquisadora.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Hokkaido (em inglês).
Fonte: Universidade Hokkaido. Imagem: Divulgação, Universidade Hokkaido.
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