Notícia
Novo método de análise genômica reduz desperdício de plásticos em 90%
Equipe de pesquisa desenvolveu um método que reduz substancialmente o volume de resíduos plásticos e os custos associados às análises genômicas
Shutterstock
Fonte
Universidade Laval
Data
quarta-feira, 23 março 2022 15:10
Áreas
Biologia. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Diagnóstico. Laboratório. Microbiologia. Nanotecnologia. Patologia.
Cotonetes, frascos, tubos, porta-tubos: é considerável o volume de resíduos plásticos gerados por laboratórios que realizam análises genômicas em dezenas de milhares de amostras todos os anos.
Foi essa preocupação que levou o Dr. François Belzile e o Dr. Davoud Torkamaneh, professores do Departamento de Fitotecnia, e o Dr. Brian Boyle, coordenador da plataforma de análise genômica do Instituto de Biologia Integrativa e de Sistemas (IBIS) da Universidade Laval, no Canadá, a buscarem caminhos mais ‘verdes’ para realizar análises genômicas. E a solução que encontraram dá resultados espetaculares: reduz o volume de resíduos plásticos em 90%, enquanto reduz os custos de análise em 70%.
A chave para essas melhorias? “Adaptamos uma tecnologia existente para poder realizar análises genômicas em amostras de volumes muito pequenos. Além disso, graças a este processo, não é mais necessário usar pontas de pipeta durante as manipulações”, explicou o professor Torkamaneh.
Nos últimos dez anos, a plataforma de sequenciamento genômico IBIS vem usando uma tecnologia chamada genotipagem por sequenciamento (GBS). “A IBIS é a principal instalação que oferece esse serviço no Canadá. Dezenas de equipes do Canadá e do exterior a utilizam”, destacou o pesquisador.
Em geral, as análises de GBS são realizadas em placas de 96 poços contendo tubos em que são colocados o material genético e os reagentes utilizados para preparar as amostras para o sequenciamento.
“Como cinco ou seis produtos são adicionados sequencialmente a cada tubo e as pontas das pipetas precisam ser trocadas a cada vez para evitar contaminação, o volume de resíduos plásticos aumenta muito rapidamente”, destacou o Dr. Davoud Torkamaneh.
Em 2017, enquanto participava de uma conferência científica, o professor Torkamaneh ouviu falar de uma tecnologia utilizada na pesquisa farmacêutica: a ejeção acústica de gotículas. Este processo permite gerar, com grande precisão, volumes muito pequenos de soluções: “Entramos em contato com a empresa americana que fabrica o dispositivo de ejeção acústica por gotículas”, contou o pesquisador. Representantes da empresa vieram passar alguns dias na Universidade Laval e trabalhamos juntos para adaptar o dispositivo às nossas necessidades.”
Para avaliar a eficácia do dispositivo resultante dessa colaboração, os pesquisadores realizaram análises genômicas em soja. O estudo que eles publicaram sobre o assunto na revista científica Frontiers in Genetics mostrou que a confiabilidade e a precisão do NanoGBS se comparam às do GBS convencional. “No entanto, o NanoGBS possibilita trabalhar com volumes de soluções 10 vezes menores. Assim, utilizamos menos reagentes e a transferência das soluções é feita sem ponteira de pipeta”, destacou o professor Torkamaneh.
Para a plataforma de sequenciamento genômico IBIS, que processa entre 35.000 e 60.000 amostras por ano, a redução obtida é da ordem de 63 a 108 quilos de produtos plásticos descartáveis e 52 a 90 quilos de produtos plásticos recicláveis, disse o pesquisador.
A outra vantagem do NanoGBS é que essa tecnologia reduz os custos das análises genômicas, continua o pesquisador. “No campo da saúde humana, não hesitamos em investir em análises genômicas. Para pesquisas sobre plantas ou animais, os investimentos são mais raros e menos generosos. O NanoGBS permite que mais análises sejam feitas com os investimentos disponíveis para nós. Também obtivemos apoio financeiro da Genome Canada para aprimorar nossa tecnologia e adaptá-la às necessidades de pesquisadores de diferentes áreas”.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Laval (em francês).
Fonte: Jean Hamann, Universidade Laval. Imagem: Shutterstock.
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