Notícia

Câncer de mama: novo estudo traz descobertas reveladoras sobre os efeitos dos receptores de estrogênio e progesterona

Descobertas sugerem que a terapia endócrina pode precisar ser personalizada e que limitar a expressão do receptor de progesterona pode ser uma opção terapêutica

Anna Shvets via Pexels

Fonte

EPFL | Escola Politécnica Federal de Lausanne

Data

quinta-feira, 16 junho 2022 14:05

Áreas

Biologia. Câncer de Mama. Imunologia. Metabolismo. Oncologia. Terapia Hormonal.

Cientistas liderados pela Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, enxertaram com sucesso células de câncer de mama em camundongos, permitindo o estudo in vivo da comunicação cruzada (crosstalk) entre os receptores de estrogênio e progesterona que dificulta as terapias hormonais. As descobertas sugerem que a terapia endócrina pode precisar ser personalizada e que limitar a expressão do receptor de progesterona pode ser uma opção terapêutica.

“O câncer de mama afeta 1 em cada 7 mulheres”, disse a Dra. Cathrin Brisken, professora da Escola de Ciências da Vida da EPFL. “Mais de dois terços dos casos são sensíveis a hormônios e expressam o receptor de estrogênio em mais de 1% das células tumorais”. De fato, a sinalização biológica pelo receptor de estrogênio é um fator-chave da carcinogênese da mama e bloqueá-la é uma busca padrão das terapias hormonais, que melhoraram substancialmente as taxas de sobrevivência dos pacientes.

O problema é que os tumores positivos para o receptor de estrogênio têm sido pouco estudados porque o campo carece de modelos animais adequados. “Os carcinomas mamários que se desenvolvem em modelos de camundongos geneticamente modificados não são sensíveis aos hormônios, e as taxas de sucesso de xenoenxertos de câncer de mama com receptor de estrogênio positivo são extremamente baixas”, explicou a professora.

Estudos anteriores revelaram um importante crosstalk entre o receptor de estrogênio com outro hormônio sexual, a progesterona. Especificamente, as vias de sinalização biológica dos receptores de estrogênio e progesterona parecem interferir entre si tanto em nível genômico quanto proteico.

No entanto, a falta de linhas celulares e modelos animais adequados impediu os cientistas de estudar esse crosstalk sob níveis hormonais clinicamente relevantes. Como o gene para o receptor de progesterona é afetado pelo receptor de estrogênio, as terapias hormonais que visam o último podem bloquear a expressão do primeiro. Essa complexidade torna difícil estudar o papel de cada receptor de forma independente e, posteriormente, otimizar as estratégias de tratamento.

Agora, trabalhando com pesquisadores e médicos do Hospital Universitário de Lausanne (CHUV), do Réseau Lausanois du Sein e do Instituto Internacional de Prevenção do Câncer (ICPI), o laboratório da professora Cathrin Brisken enxertou com sucesso células de câncer de mama humano positivas ao receptor de estrogênio nos canais de leite de camundongos imunocomprometidos. A descoberta permitiu que eles estudassem o efeito do estrogênio e da progesterona no desenvolvimento do câncer de mama.

Os cientistas descobriram que ambos os hormônios, estrogênio e progesterona, podem aumentar o crescimento do tumor e os tratamentos combinados podem realmente aumentar a metástase.

Mas há um caminho a seguir: “Descobrimos que tumores de pacientes diferentes têm respostas diferentes aos dois hormônios, sugerindo que a terapia endócrina pode ser melhorada, tornando-a personalizada. Além disso, revogar a expressão do receptor de progesterona pode ser uma opção terapêutica”, disse a Dra. Cathrin Brisken.

“Embora tenha sido proposto que a progesterona poderia ajudar mulheres com câncer de mama, mostramos que o hormônio tem efeitos promotores de tumores e fornecemos evidências de que o receptor de progesterona atua como um mediador da sinalização do receptor de estrogênio, tornando esse receptor atraente como um potencial alvo terapêutico”, concluiu a pesquisadora.

O estudo foi publicado na revista científica Nature Communications.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola Politécnica Federal de Lausanne (em inglês).

Fonte: Nik Papageorgiou, EPFL. Imagem: Anna Shvets via Pexels.

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