Notícia

Cientistas desenvolvem curativo biodegradável a partir de enzima do mamão

Populações originárias na América, na África e em algumas ilhas do Caribe já utilizavam o mamão verde no tratamento de ferimentos no passado

Cícero Oliveira, Agecom/UFRN

Fonte

UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Data

quinta-feira, 30 novembro 2023 19:50

Áreas

Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Entrega de Medicamentos, Farmacologia. Produtos Naturais. Química Medicinal.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) recebeu, no último dia 28 de novembro, a carta-patente referente a um novo hidrogel com características anti-inflamatórias e que pode ser utilizado em humanos e animais. A preparação farmacêutica é feita à base de compostos químicos naturais, biodegradáveis e sustentáveis, como a quitosana, associada a gomas e derivados de celulose, contendo a papaína, uma enzima extraída do látex dos frutos do mamão Carica papaya.

Com raiz em pesquisas realizadas desde 2014, mas cujo depósito de pedido de patente ocorreu em 2017, a concessão recebeu o nome hidrogéis co-desbridantes e multifuncionais de quitosana e papaína associados a outros biopolímeros não-iônicos e ácido resistentes para tratamento de feridas, seu processo de obtenção, aplicação e uso.

A Dra. Waldenice de Alencar Morais Lima, coordenadora da pesquisa que deu origem à descoberta científica, destacou que o produto desenvolvido é aplicado ao tratamento de feridas para uso em humanos ou veterinário, tendo como facilidades a combinação de várias vantagens terapêuticas em um mesmo produto. “Ele funciona como um curativo que, quando aplicado no ferimento, é absorvido e, nessa assimilação, elimina as células mortas, em um processo tecnicamente chamado de desbridamento. Alcançamos isso com a combinação da enzima papaína, como desbridante enzimático seletivo, a elementos como biopolímeros hidrofílicos hidratados e pH ácido-resistentes, estes atuando como desbridantes autolíticos. Desta maneira, criando o microambiente adequado para o processo natural de cicatrização de feridas”, realçou a professora do Departamento de Farmácia da UFRN.

Não por acaso, essas associações que a cientista identificou influenciam diretamente no desempenho versátil da nova tecnologia. A papaína é um elemento com função proteolítica, pois degrada proteínas. Inclusive, por sua ação cicatrizante, populações originárias na América, na África e em algumas ilhas do Caribe já utilizavam o mamão verde no tratamento de ferimentos no passado. O uso dos biopolímeros que a professora Waldenice citou e as associações que a partir daí se estabelecem permitem a otimização da veiculação da papaína em aplicações farmacêuticas.

Os estudos que circunstanciaram e propiciaram essa amplitude fazem parte da dissertação de Sara Rayana Morais Fernandes, na época aluna de mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) da UFRN. A pesquisadora assinalou que o hidrogel obtido é uma alternativa terapêutica multifuncional e versátil capaz de evitar, inclusive, a necessidade de remoção ou troca como curativo, aplicando-se a feridas com ou sem exsudado – uma etapa natural da cicatrização, espécie de resposta do organismo aos danos causados nos tecidos. Ela explicou que a multifuncionalidade do hidrogel está associada à capacidade de combinação dos componentes escolhidos, bem como das condições de preparo, conferindo propriedades ao produto como ação antimicrobiana e co-desbridante, além da característica bioadesiva.

O desenvolvimento da tecnologia contou, ainda, com a contribuição do Dr. Matheus de Freitas Fernandes Pedrosa, professor do Departamento de Farmácia da UFRN, e Liege Catarina dos Reis, aluna de iniciação científica quando ocorreu o depósito. Tanto a professora Waldenice como o professor Matheus não são iniciantes na proteção intelectual dos ativos frutos de pesquisa. Juntos, ambos somam quase duas dezenas de depósitos, inclusive com outras concessões recentes: Liberação modificada com nanotecnologia, que cria um processo que propicia uma alternativa à liberação convencional de fármacos; e Novos antibióticos, sobre uma tecnologia que usa mutação para obter novas substâncias do veneno do escorpião.

Atualmente, os pesquisadores continuam desenvolvendo suas linhas de pesquisa em processos, insumos ou produtos farmacêuticos com uso de tecnologia em benefício do cuidado em saúde a partir de diferentes matrizes biológicas ou de fontes de origem natural.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Fonte: Wilson Galvão, Agir-Reitoria/UFRN. Imagem: professora Waldenice manuseia hidrogéis desenvolvidos e caracterizados em escala laboratorial. Fonte: Cícero Oliveira, Agecom/UFRN.

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