Notícia
Composto contribui na busca de tratamento contra o adenocarcinoma renal
Tiossulfonato de arila foi capaz de impedir o crescimento de células cancerosas
Shutterstock
Fonte
UFMS | Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Data
segunda-feira, 7 dezembro 2020 06:45
Áreas
Bioquímica. Farmacologia. Oncologia. Química Medicinal.
Para auxiliar na busca de tratamento contra o adenocarcinoma renal, um dos tipos de câncer mais letais, pesquisadores do Instituto de Biociências (Inbio) e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) uniram-se na investigação de um composto organo-enxofre com potencial citotóxico e ação antitumoral.
O trabalho de pesquisa, coordenado pelos professores Dr. Edson dos Anjos dos Santos (Inbio) e Dra. Danielle Bogo (Facfan), tem a participação das mestrandas Ingrid Pereira (Química) e Camilla Nantes (Farmácia) e foi recentemente publicado na revista científica ChemMedChem.
“Durante o doutorado, obtive compostos, não planejados, então, fui atrás para descobrir o que era, do que se tratava. Descobri que eram compostos que chamamos de dissulfeto de arila e tiossulfonato de arila. Na literatura, havia muitas patentes de indústrias, para fabricação de tintas, polímeros, etc., mas pouca aplicação na área medicinal, e me despertou o interesse em investigar essas moléculas devido à presença do átomo de enxofre”, relatou o professor Edson.
O primeiro trabalho surgiu com a síntese de algumas classes, ainda no doutoramento, a partir de um ensaio larvicida, contra larvas de uma mariposa, responsáveis por atacarem grãos armazenados ou processados. Os compostos foram capazes de inibir a atividade de uma das enzimas responsáveis pela digestão de proteínas na larva, impedindo que o alimento fosse digerido e, assim a larva era incapaz de absorver os nutrientes, ocasionado a sua morte.
A pesquisa voltou-se para a área da química medicinal, a partir dos relatos das atividades desses compostos contra alguns tipos de doença.
“Porém, ainda não havia o ensaio de citoxicidade em linhagens de células cancerosas, células que causam o câncer. Procuramos investigar o mecanismo de ação, como poderiam essas moléculas atuarem para inibir o crescimento de um tumor ou o desenvolvimento de uma célula tumoral. Por isso, foi feita essa parceria com a professora Danielle, para realizar os ensaios de algumas linhagens de células tumorais”, explicou o pesquisador.
Inicialmente, foi feito o ensaio de inibição do crescimento celular de algumas linhagens de células tumorais, para ver como esses compostos iriam agir sobre essas células.
Resultados
E os resultados foram fantásticos, segundo o professor. “Um chamou atenção, o composto 6, que é um tiossulfonato de arila, que apresentou uma atividade muito interessante contra as células de adenocarcinoma renal, que é uma célula que provoca o câncer no rim”.
Diante desse resultado, os pesquisadores decidiram investigar mais sobre como essa molécula atuaria na inibição do crescimento da célula cancerosa, um dos grandes desafios das quimioterapias.
Os resultados mais recentes mostraram que um tiossulfonato de arila foi capaz de impedir o crescimento de células cancerosas – no caso do adenocarcinoma renal, por meio da inibição da polimerização da tubulina.
“Por isso, observamos uma grande quantidade de células na fase de divisão celular e também visualizamos a morte celular, a apoptose, que quando a célula tumoral está na presença desse composto produz a caspase-3, que é sinalizador de apoptose na célula”, explicou o professor Edson.
O adenocarcinoma renal não é um dos canceres que mais atinge a população, relata o professor, contudo é um dos mais letais, muito agressivo e é considerado quimiorresistente.
“Esse composto já havia sido estudado, mas não para essa aplicação, mesmo assim, aqui no Brasil não se permite patentear. Mas, independente disso, fizemos esse estudo para mostrar aos pesquisadores que vale a pena investigar substâncias dessa classe para esse tipo de câncer. Eles vão ver o que há nas estruturas para auxiliar num novo protótipo, para algo até melhor do que o nosso”, concluiu o pesquisador.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da UFMS.
Fonte: Paula Pimenta, UFMS. Imagem: Shutterstock.
Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Farma e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Farma, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar