Notícia
Descoberta ação de compostos químicos que podem estimular o sistema imunológico contra células cancerosas
São duas moléculas capazes de interferir nos processos de replicação e transcrição do genoma, até a quebra do DNA, levando a célula a ativar a resposta imune
Divulgação, Universidade de Bolonha
Fonte
Universidade de Bolonha
Data
segunda-feira, 6 setembro 2021 11:05
Áreas
Bioquímica. Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Oncologia.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Bolonha, na Itália, identificou e descreveu um mecanismo pelo qual alguns compostos químicos são capazes de estimular a ação do sistema imunológico contra as células cancerosas, de modo que as defesas inatas do corpo sejam ativadas para combater a doença.
Os resultados do estudo – publicados na revista científica Nucleic Acid Research – abrem caminho para o desenvolvimento de moléculas a serem utilizadas como “potencializadoras” do sistema imunológico, com o objetivo de desenvolver novas imunoterapias anticâncer.
Os compostos identificados pelos pesquisadores são de dois tipos – piridostatina (PDS) e phen-DC3 – e podem se ligar a G-quadruplexes (G4). Estas últimas são estruturas não canônicas do DNA com forma de hélice quádrupla, que surgem na presença de sequências ricas em guanina, uma das quatro bases nitrogenadas que compõem o DNA.
“Os G4s desempenham papéis fundamentais nos processos biológicos das células. Para isso, também podem ser usados como alvos para terapias medicamentosas, com o objetivo de interferir nos mecanismos de replicação e transcrição do genoma. Por exemplo, ao causar a quebra do DNA, pode-se criar uma instabilidade genômica que desperte os mecanismos de defesa do organismo ”, explicou o Dr. Marco Russo, pesquisador do Departamento de Farmácia e Biotecnologia da Universidade de Bolonha e um dos autores do artigo.
Cientistas demonstraram que quando os dois compostos identificados entram em contato com uma célula cancerosa, seu genoma sofre danos que fazem com que o DNA escape do núcleo da célula (onde normalmente é armazenado) criando pequenos corpúsculos (conhecidos como “micronúcleos”) dentro do citoplasma. A célula interpreta essa presença incomum de DNA fora do núcleo como o sinal de um ataque de um patógeno externo e, portanto, para se defender, ativa a resposta imunológica.
“Seguindo os danos causados ao DNA pelas moléculas que identificamos, as células cancerosas ativam uma via particular de sinalização – conhecida como via cGAS-STING – que normalmente é a primeira barreira defensiva para neutralizar a infecção de vírus e bactérias. Sua ativação nas células cancerosas, porém, também se torna um sinal de alarme para as células do sistema imunológico, que passam a atacar a área onde o tumor se desenvolveu”, destacou o Dr. Marco Russo.
Os compostos identificados pelos estudiosos podem, portanto, ser ferramentas valiosas para novas soluções anticâncer baseadas em imunoterapia, uma das inovações mais promissoras na luta contra o câncer. No entanto, mais estudos básicos e pré-clínicos serão necessários antes que a segurança e eficácia desses compostos possam ser avaliadas em estudos clínicos em pacientes.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Bolonha (em italiano).
Fonte: Universidade de Bolonha. Imagem: Divulgação, Universidade de Bolonha.
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