Notícia
Descoberta genética pode melhorar o tratamento do câncer colorretal
Descoberta pode levar a diagnósticos mais precisos e, eventualmente, a tratamentos personalizados que visem a proteína expressa pelo gene
Thomas Ried, National Cancer Institute/NIH, Center for Cancer Research
Fonte
EPFL | Escola Politécnica Federal de Lausanne
Data
sexta-feira, 2 setembro 2022 13:20
Áreas
Bioinformática. Biologia. Biomedicina. Biotecnologia. Genética. Genoma. Microbiologia. Oncologia.
O câncer colorretal é uma das formas mais comuns de câncer no mundo ocidental, especialmente em pessoas com mais de 50 anos. Cerca de 4.500 pacientes são diagnosticados com ele todos os anos somente na Suíça. Os principais avanços terapêuticos nas últimas décadas reduziram drasticamente a taxa de mortalidade, mas os cientistas ainda estão lutando para entender as anormalidades moleculares que levam à formação do tumor. E o diagnóstico de câncer colorretal pode ser difícil, pois os sintomas geralmente não aparecem até que a doença tenha progredido para um estágio avançado – momento em que faltam opções de tratamento eficazes.
O câncer colorretal ocorre quando alterações no DNA das células do cólon ou do revestimento do reto fazem com que as células se proliferem e se tornem tumorais. Para entender melhor os mecanismos subjacentes, uma equipe de cientistas do Laboratório de Virologia e Genética (Trono Lab) da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, vasculhou dados de um estudo na Dinamarca que analisou os tumores de mais de 300 pacientes com câncer colorretal. Eles descobriram que alguns tumores contêm um gene que promove o crescimento e o potencial metastático das células cancerígenas. As descobertas foram publicadas recentemente na revista científica Nature Communications.
Os cientistas do Trono Lab são especializados em transposons, que são elementos transponíveis do DNA que funcionam de modo semelhante a um vírus. Os transposons sempre foram uma característica do genoma humano e podem afetar a expressão de certos tipos de genes. Usando métodos de análise sofisticados para investigar transposons em células de câncer colorretal, a equipe de pesquisa descobriu que a ativação aberrante de transposons desencadeia a expressão do gene POU5F1B e que essa expressão gênica pode estar associada aos tumores mais graves. “Agora sabemos que, se o tumor de um paciente com câncer colorretal expressa o gene POU5F1B, é provável que haja consequências graves”, disse a Dra. Laia Simó Riudalbas, cientista do Trono Lab e principal autora do estudo. “A taxa de sobrevivência para esses pacientes é menor do que para pacientes cujos tumores não expressam esse gene”.
POU5F1B como oncogene
Dados do estudo dinamarquês mostraram que o gene [POU5F1B] estava presente em 65% das células cancerosas, mas em apenas 3,8% do tecido não canceroso circundante. “Esta foi uma descoberta biológica particularmente interessante e inesperada – uma surpresa trazida para nós pela virologia”, disse a Dra. Simó Riudalbas. “Ainda não sabemos a que propósito fisiológico o gene serve, se houver. [Este gene] existe apenas em humanos e grandes macacos.” Os cientistas acreditam que a natureza oncogenética do POU5F1B vem do fato de que a proteína que expressa tende a interagir com outras proteínas que desempenham um papel importante na formação e funcionamento mecânico das células cancerosas.
Implicações médicas promissoras
As descobertas do Trono Lab têm várias implicações para o tratamento do câncer. Primeiro, se os médicos conseguirem detectar POU5F1B em células tumorais durante uma biópsia, eles poderão prosseguir com uma forma de tratamento mais rápida e agressiva. Em segundo lugar, uma vez que a proteína expressa pelo gene raramente é encontrada no tecido de adultos ‘normais’ – e dado que algumas pessoas perfeitamente saudáveis não possuem o gene – [a proteína] é uma boa candidata para terapias altamente direcionadas. “Quanto melhor conseguirmos direcionar um medicamento para interagir apenas com células cancerígenas, menos tóxico ele será para o resto do corpo”, disse a Dra. Simó Riudalbas. “O próximo passo será identificar métodos para inibir o POU5F1B”, concluiu a pesquisadora. Além disso, como o gene é expresso em outros tipos de tumores, um tratamento desenvolvido para o câncer colorretal pode eventualmente ser usado também para outros tipos de câncer.
Atualmente, a Dra. Simó Riudalbas continua a pesquisa para desvendar os mecanismos específicos pelos quais o POU5F1B atua como oncogene, com o objetivo de encontrar uma droga que possa prejudicá-lo, desestabilizá-lo ou inativá-lo.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Escola Politécnica Federal de Lausanne (em inglês).
Fonte: Rémi Carlier, EPFL. Imagem: amplificação genômica do oncogene c-myc (amarelo) em um modelo de camundongo de câncer colorretal humano. O oncogene está disperso nos chamados micronúcleos. Fonte: Thomas Ried, National Cancer Institute/NIH, Center for Cancer Research.
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