Notícia

Novo teste pode acelerar diagnóstico de câncer de endométrio

Fonte

UCL | University College London

Data

sábado, 3 setembro 2022 14:30

Áreas

Análises Clínicas. Biologia. Biomedicina. Biotecnologia. Diagnóstico. Laboratórios. Microbiologia. Oncologia. Saúde da Mulher.

Uma nova pesquisa, publicada na revista científica Journal of Clinical Oncology, mostrou resultados de um novo teste de PCR que identifica mulheres com câncer de endométrio a partir de amostra retirada do colo do útero ou da vagina e que é mais preciso do que os métodos atuais e pode funcionar igualmente bem em todas as mulheres. O desenvolvimento do teste foi liderado por pesquisadores da University College London (UCL), no Reino Unido, e da Universidade de Innsbruck, na Áustria. Espera-se que a pesquisa acelere o diagnóstico do câncer de endométrio e reduza a necessidade de procedimentos diagnósticos mais invasivos e muitas vezes dolorosos, como a histeroscopia.

O novo teste, denominado WID TM-qEC, foi desenvolvido pelo Dr. Martin Widschwendter (professor do Instituto de Saúde da Mulher da UCL, da Universidade de Innsbruck e do Instituto Karolinska, na Suécia) e sua equipe, e examina três regiões do DNA que mostram diferentes níveis de metilação, um tipo de modificação ’em cima’ do DNA, em pacientes com ou sem câncer. Os níveis de metilação do DNA são medidos por PCR, que é de custo relativamente baixo e usado rotineiramente em laboratórios de diagnóstico clínico, por exemplo, na detecção do novo coronavírus.

Para avaliar a confiabilidade do teste, os pesquisadores usaram 1.288 amostras de rastreamento do colo do útero de mulheres com e sem câncer de endométrio, coletadas por uma grande equipe de pesquisadores no Reino Unido e na Europa. O teste identificou com sucesso todos os oito casos de câncer de endométrio em uma coorte de 63 mulheres com sangramento pós-menopausa.

Além disso, apenas algumas mulheres sem câncer receberam um resultado falso positivo (menos de 11% das mulheres sem câncer de endométrio), tornando o teste mais específico do que o ultrassom transvaginal.

O teste WID TM-qEC forneceu resultados confiáveis ​​tanto quando a amostra foi coletada por um profissional médico quanto quando coletada com um swab vaginal. A auto-amostragem pode acelerar ainda mais o processo de detecção, reduzindo a necessidade de marcar e comparecer a uma consulta.

“Era fundamental para nós que esta pesquisa abordasse todas as questões associadas aos métodos atuais de detecção de câncer de endométrio. Mais importante ainda, usando nosso teste, muito menos mulheres com sangramento anormal terão que se submeter a procedimentos diagnósticos invasivos. Nosso teste não depende do operador e os resultados podem ser devolvidos rapidamente, reduzindo a ansiedade. Mulheres na pós-menopausa com sangramento anormal têm uma chance de 1 em 10 de ter câncer de endométrio; para mulheres na pré-menopausa, a chance é muito menor (cerca de 1 em 200). Para essas mulheres, a simplicidade e precisão do teste WID™-qEC oferece vantagens reais para a detecção precoce do câncer de útero. Queremos agradecer a todas as equipes da colaboração que ajudaram a fornecer esse método aprimorado de detecção precoce do câncer de útero”, disse o professor Widschwendter.

O câncer de endométrio é o quarto câncer mais comum em mulheres no Reino Unido e o mais comum dos cinco cânceres ginecológicos, com mais de 9.700 pessoas diagnosticadas todos os anos no Reino Unido.

No entanto, pode ser difícil de detectar, pois o principal sintoma da doença geralmente é o sangramento anormal e isso pode ser confundido com várias outras condições benignas (não cancerosas), como pólipos, miomas e endometriose.

No Reino Unido, as mulheres com suspeitas de câncer de endométrio são encaminhadas para um ultrassom transvaginal, onde uma pequena sonda de scanner é colocada na vagina para obter uma imagem detalhada do interior do útero e ajudar a procurar sinais de um revestimento uterino espesso. Caso este revestimento seja detectado, o endométrio é inspecionado visualmente por histeroscopia usando um telescópio estreito com uma câmera leve e pequena que é colocada na vagina, passa pelo colo do útero e entra no útero. Uma biópsia também pode ser feita, se necessária.

Esses procedimentos podem ser invasivos e dolorosos. E, embora os ultrassons transvaginais sejam eficazes na detecção de câncer de endométrio em mulheres brancas na pós-menopausa, eles são menos confiáveis ​​​​no diagnóstico de câncer de endométrio em mulheres na pré e peri-menopausa e mulheres negras.

Em mulheres na pré-menopausa, a espessura do útero flutua ao longo do ciclo menstrual, de modo que a espessura do endométrio é uma medida menos confiável de algo anormal. Também é muito menos comum desenvolver câncer de endométrio antes da menopausa e, portanto, pode ser mais difícil obter um encaminhamento inicial do médico de família – resultando em mais atrasos no diagnóstico.

Ultrassonografias transvaginais também são um método menos confiável de detecção de câncer de endométrio em mulheres negras, que têm taxas muito mais altas de condições benignas do útero, como miomas, que causam espessamento do revestimento do útero.

No entanto, os primeiros resultados do WID™-qEC mostram que o teste foi bastante eficaz para todos os grupos – independentemente da idade, etnia, pré ou pós-menopausa e o estágio, grau e tipo de câncer das pacientes.

Novos estudos clínicos já começaram para validar ainda mais esses resultados, incluindo mais testes sobre a eficácia do WID™-qEC em mulheres negras.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da University College London (em inglês).

Fonte: Poppy Danby, UCL. Imagem: Shutterstock.

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