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Como o cérebro responde às infecções?
Quando alguém contrai uma infecção, o sistema imunológico se comunica com o sistema nervoso para informar que o corpo está sob ataque e então uma série de alterações comportamentais e fisiológicas são produzidas, que se manifestam como os sintomas desagradáveis da doença. Para os neurocientistas, as perguntas de longa data são: como e onde isso acontece no cérebro?
Pesquisadores dos laboratórios da Dra. Catherine Dulac e da Dra. Xiaowei Zhuang, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, buscaram as respostas no cérebro de camundongos.
Em um estudo publicado na revista científica Nature, as pesquisadoras e seus colaboradores descrevem a descoberta de um pequeno grupo de neurônios perto da base do cérebro que pode induzir sintomas de doença, incluindo febre e perda de apetite.
Os neurônios, que não foram descritos anteriormente, são encontrados no hipotálamo, que controla as principais funções homeostáticas que mantêm o corpo em um estado equilibrado e saudável. Os pesquisadores descobriram receptores nos neurônios que são capazes de detectar sinais moleculares provenientes do sistema imunológico, uma habilidade que a maioria dos neurônios não possui.
“Foi importante para nós estabelecer esse princípio geral de que o cérebro pode até sentir esses estados imunológicos. Isso era mal compreendido antes”, disse a Dra. Jessica Osterhout, pesquisadora de pós-doutorado e principal autora do estudo.
Os pesquisadores descobriram que a área-chave do hipotálamo fica ao lado da barreira hematoencefálica permeável, que ajuda a circular o sangue para o cérebro.
“O que está acontecendo é que as células da barreira hematoencefálica que estão em contato com o sangue e com o sistema imunológico periférico são ativadas e essas células não neuronais secretam citocinas e quimiocinas que, por sua vez, ativam a população de neurônios que nós encontramos”, disse a Dra. Catherine Dulac.
A esperança é que os cientistas possam um dia aplicar a pesquisa em humanos, revertendo o processo quando se tornar uma ameaça à saúde.
A febre, por exemplo, é tipicamente uma reação saudável que ajuda a eliminar um patógeno. Mas quando fica muito alta, torna-se perigosa. O mesmo pode ser dito da perda de apetite ou da sede reduzida, que podem, a princípio, ser benéficas. Mas uma falta sustentada de nutrientes ou hidratação pode começar a impedir a recuperação.
“Se soubermos como [o processo] funciona, talvez possamos ajudar os pacientes que têm dificuldade com esses tipos de sintomas, como pacientes de quimioterapia ou pacientes com câncer, por exemplo, que têm um apetite muito baixo, mas não há realmente nada que possamos fazer por eles”, disse a Dra. Jessica Osterhout.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da The Harvard Gazette/Universidade Harvard.
Fonte: Juan Siliezar, Universidade Harvard.
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