Destaque

Competição entre bactérias em situação de escassez impede que mutantes adaptados ao meio prosperem

Fonte

Agência FAPESP

Data

quarta-feira. 3 março 2021 06:55

Em artigo publicado na revista científica BMC Biology, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) comparam fenômeno observado na espécie E. coli à “tragédia dos comuns”, quando interesses individuais se sobrepõem ao objetivo coletivo. Segundo os autores, tal fato mascara o surgimento de variantes bacterianas e faz a taxa de mutações da colônia parecer menor.

No artigo, o grupo coordenado pelo Dr. Beny Spira, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), mostra que, em situações de escassez, a competição por nutrientes e a falta de cooperação entre os indivíduos de uma mesma população impedem que mutantes mais bem adaptados ao meio prosperem, exceto os que se organizam em pequenos agrupamentos. Isso mascara o surgimento de novas variantes bacterianas, fazendo com que a taxa de mutações pareça menor do que é na realidade.

Como explicou o professor Beny Spira, a frequência de mutações – que vão surgindo e se acumulando de uma geração para a outra – é determinante para a evolução de uma determinada espécie. Compreender a origem das mutações é importante para explicar processos biológicos diversos. No caso de bactérias, isso permite, por exemplo, compreender a potencial divergência evolutiva de um patógeno em uma epidemia ou ainda a resistência de bactérias a antibióticos.

No artigo, os pesquisadores descrevem que em colônias de E. coli ocorre algo parecido com a tragédia dos comuns. O termo emprestado da sociologia e da ecologia costuma ser usado quando interesses individuais se sobrepõem a um objetivo coletivo, resultando na destruição de bens públicos ou de recursos naturais.

“Em momentos de escassez nutricional, as bactérias não interagem entre si para atingir o bem comum, ou seja, o crescimento da colônia. Verificamos que, mesmo com o surgimento de alguns indivíduos capazes de utilizar a fonte nutricional disponível, essa falta de cooperação faz com que toda a população saia perdendo. Apenas alguns poucos mutantes conseguem se multiplicar e formar novas colônias”, explicou o autor do artigo.

O achado explica uma antiga questão: na prática, a frequência de variantes capazes de clivar determinados nutrientes (quebrar em moléculas menores que podem ser metabolizadas) era sempre muito menor do que o esperado na teoria. O trabalho sobre o mascaramento da frequência de mutantes é fruto de estudo apoiado pela FAPESP por meio de um Auxilio à Pesquisa Regular, uma Bolsa de Doutorado e outra de Iniciação Científica.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Maria Fernanda Ziegler, Agência FAPESP.

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