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Composto presente em frutas neutraliza o veneno de jararaca, mostra estudo do Butantan
Uma pesquisa conduzida pelo Instituto Butantan e publicada na revista científica Frontiers in Pharmacology mostrou que a substância rutina, presente em frutas, vegetais e alguns tipos de trigo, em sua versão solúvel em água, chamada rutina succinil, é capaz de neutralizar o veneno da jararaca (Bothrops jararaca).
O composto poderia atuar como um tratamento adjuvante para o envenenamento pela cobra – algo para amenizar os sintomas enquanto o paciente não recebe o soro antibotrópico, especialmente para aqueles que residem em um local sem fácil acesso a um hospital que tenha o soro. O trabalho foi coordenado pelo Dr. Marcelo Santoro, Diretor do Laboratório de Fisiopatologia do Butantan, e faz parte da tese de doutorado de Ana Teresa Azevedo Sachetto.
A rutina é da classe dos flavonoides, compostos bioativos conhecidos por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. No primeiro passo do estudo, publicado em 2018, o grupo já havia demonstrado que a rutina protegia modelos animais da inflamação e de sangramentos causados pelo veneno de jararaca. No entanto, faltava encontrar uma forma hidrossolúvel da substância, para permitir a sua aplicação intravenosa. Isso porque a administração via oral modifica o composto, que é metabolizado no intestino, podendo mudar suas propriedades.
No estudo atual, para resolver essa questão, os pesquisadores analisaram a rutina quimicamente modificada com succinato, a rutina succinil. “Nós refizemos todos os testes in vitro e in vivo com a rutina succinil e, para a nossa surpresa, além de manter as mesmas características da rutina [atividade anti-inflamatória e anti-hemorrágica], ela também inibe proteínas do veneno e problemas de coagulação”, afirmou o Dr. Marcelo Santoro.
Segundo o pesquisador, o soro antibotrópico produzido pelo Instituto Butantan trata as principais manifestações do envenenamento por picada de jararaca, inibindo as proteínas e neutralizando o veneno, mas não inibe o processo inflamatório que já foi iniciado. “Nesse sentido, a rutina serviria como um adjuvante: não para substituir o soro, mas para retardar os efeitos do envenenamento, controlando o sangramento e a inflamação”, destacou o pesquisador.
Nos próximos passos, a equipe irá estudar a administração da rutina succinil junto com o soro, além de investigar a possibilidade de uma aplicação via oral da substância.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Instituto Butantan.
Fonte: Instituto Butantan.
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