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Estatinas podem ser um tratamento eficaz para pacientes com colite ulcerosa

Fonte

Universidade Stanford

Data

terça-feira. 21 setembro 2021 10:15

Pode haver boas notícias para quase 1 milhão de pessoas que lutam contra a colite ulcerosa, um tipo de doença inflamatória intestinal sem cura: as estatinas, um medicamento comumente prescrito para reduzir o colesterol e que parece ser um tratamento eficaz, embora inesperado, para a doença. Esta é a conclusão de um estudo conduzido pela Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos.

Atualmente, as únicas linhas de defesa contra a colite ulcerosa são os anti-inflamatórios, que nem sempre funcionam, e a colectomia, a remoção cirúrgica de parte ou de todo o cólon. “Descobrir outra opção é significativo”, disse o Dr. Purvesh Khatri, professor de Medicina e Ciência de Dados Biomédicos de Stanford, que liderou a pesquisa. “Cerca de 30% dos pacientes com colite ulcerosa eventualmente têm que se submeter a uma colectomia como último recurso. É uma medida drástica; você está removendo parte do seu corpo. Então pensamos: será que podemos usar os dados disponíveis para ver se os medicamentos que já foram aprovados pelo FDA podem ser reaproveitados para tratar melhor esses pacientes?”, continuou o pesquisador.

A colite ulcerativa causa inflamação e úlceras no intestino, deixando os pacientes vulneráveis ​​a uma série de sintomas desagradáveis, incluindo dor abdominal, sangue nas fezes, prisão de ventre e fadiga. A condição, embora não seja fatal, pode ser gravemente debilitante, especialmente se os medicamentos anti-inflamatórios não funcionarem.

Ao acessar conjuntos de dados disponíveis publicamente de informações anônimas sobre a saúde do paciente, incluindo dados genômicos e de prescrição, o Dr. Khatri e sua equipe rastrearam uma conexão entre vários medicamentos e a redução dos sintomas de colite ulcerosa. No final das contas, a atorvastatina teve um dos melhores desempenhos, diminuindo significativamente a taxa de tratamento cirúrgico para colite ulcerosa, a necessidade de medicamentos anti-inflamatórios e as taxas de hospitalização.

Um artigo descrevendo o estudo foi publicado na revista científica Journal of the American Medical Informatics Association. “Analisamos dados nacionais e internacionais e encontramos uma assinatura de doença robusta em todos os conjuntos de dados, independentemente de o paciente estar apresentando um surto da doença”, disse o Dr. Khatri.

A partir daí, era questão de identificar como certas drogas afetavam a atividade gênica associada à colite ulcerosa. O Dr. Khatri recorreu a dados de estudos de laboratório conduzidos anteriormente em células que mostraram como certas drogas mudavam a atividade dos genes. A ideia era encontrar os medicamentos que pareciam reverter a assinatura genética associada à colite ulcerosa. Por exemplo, se os pacientes com colite ulcerosa tivessem uma queda na atividade dos genes A e B, a equipe procuraria drogas que aumentassem a atividade desses genes. Eles analisaram apenas os medicamentos que haviam sido aprovados pela agência FDA para que, se encontrassem um medicamento que funcionasse, pudesse ser distribuído aos pacientes mais rapidamente.

Estatinas

Depois de cruzar os conjuntos de dados genômicos e experimentais, a equipe identificou três drogas que efetivamente reverteram a assinatura genética da colite ulcerativa. “Os dois primeiros eram medicamentos de quimioterapia, que obviamente você não prescreveria a alguém devido a efeitos colaterais graves, mas o terceiro era uma estatina”, destacou o professor.

Pessoas com colite ulcerosa que tomavam estatinas, independentemente da idade, tiveram uma redução de cerca de 50% nas taxas de colectomia e eram menos propensas a serem hospitalizadas. Além disso, os pacientes com colite ulcerosa em uso de estatinas receberam prescrição de outros medicamentos anti-inflamatórios em menor proporção.

Embora não seja totalmente conhecido como as estatinas suprimem os sintomas da doença, o Dr. Khatri disse que elas são conhecidas por terem algum tipo de capacidade anti-inflamatória geral. “Neste ponto, pode-se argumentar que esses dados mostram uma conexão forte o suficiente para começar a prescrever estatinas para a colite ulcerosa. Acho que estamos quase lá. Precisamos validar os efeitos com um pouco mais de rigor antes de levá-lo para a clínica”, disse o pesquisador.

O outro benefício do estudo, segundo o especialista, é que ele fornece uma estrutura de como descobrir medicamentos que já estão em circulação e redirecioná-los para o tratamento de outras doenças. Segundo o pesquisador, o sistema tem grande potencial, especialmente para doenças autoimunes.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola de Medicina da Universidade Stanford (em inglês).

Fonte: Hanae Armitage, Escola de Medicina da Universidade Stanford.

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