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Estudo clínico de Fase II sobre potencial tratamento para alívio da fadiga em pessoas com COVID longa tem resultados publicados
Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, relataram recentemente as descobertas de um ensaio clínico de Fase II que investiga a eficácia de um tratamento experimental contra a fadiga relacionada à COVID longa.
O estudo, cujos resultados foram publicados na revista científica Lancet eClinical Medicine, descobriu que os participantes que receberam o tratamento, desenvolvido pela empresa farmacêutica norte-americana Axcella Therapeutics, relataram sentir-se menos cansados do que aqueles que receberam placebo.
Este é um dos primeiros ensaios randomizados duplo-cegos controlados por placebo de um potencial tratamento para a COVID longa. Ensaios controlados e randomizados são considerados o padrão-ouro para testar possíveis tratamentos para uma doença.
As pessoas que convivem com a COVID longa e receberam o tratamento tiveram uma melhora significativa na fadiga em comparação com aquelas que receberam um placebo (material com aparência e sabor compatíveis com o tratamento experimental). O estudo foi duplo-cego, ou seja, nem os pacientes nem os pesquisadores que trabalham com os pacientes sabiam quais pacientes receberam tratamento e quais pacientes receberam placebo.
O tratamento foi testado no caso de fadiga prolongada, pois dados anteriores do fabricante mostraram efeitos na energia celular e na inflamação. Dados emergentes sobre a COVID longa sugerem que o vírus tem como alvo as mitocôndrias, que são essenciais para a geração normal de energia e controle da inflamação. O tratamento testado pode melhorar a geração de energia e reduzir a quantidade de inflamação no corpo.
Dos 41 pacientes que participaram deste estudo, metade recebeu o tratamento experimental (um pó com sabor de laranja dissolvido em água) duas vezes ao dia durante quatro semanas, enquanto a outra metade recebeu um placebo. Em média, os pacientes apresentaram sintomas de fadiga por cerca de 18 meses antes de entrar no estudo. Todos os pacientes que iniciaram o estudo o concluíram e nenhum paciente relatou efeitos adversos graves do tratamento ou do placebo.
A equipe de pesquisa também rastreou a saúde mitocondrial nos músculos dos pacientes antes e depois de tomarem a medicação, usando varreduras de espectroscopia de ressonância magnética de última geração dos músculos da panturrilha enquanto os pacientes flexionavam a perna contra uma leve resistência.
Os exames não mostraram nenhuma diferença geral entre os pacientes que receberam o tratamento versus o placebo. Embora não houvesse diferença geral na saúde mitocondrial entre os pacientes que receberam o tratamento versus aqueles que receberam placebo, aqueles no grupo de tratamento relataram níveis de fadiga significativamente melhores. Aqueles que relataram melhora na fadiga também melhoraram a saúde mitocondrial e caminharam mais em comparação com aqueles que não receberam o tratamento.
Margaret Koziel, coautora do estudo e diretora médica (CMO) da Axcella Therapeutics, destacou: “Estamos animados com esses resultados e esperamos que um tratamento para pessoas que sofrem de fadiga prolongada por COVID esteja à vista. Estamos motivados para avançar ainda mais o tratamento, para que seja disponibilizado para milhões de pacientes atualmente sem opções de tratamento. Nossa abordagem nos permite direcionar vários caminhos que são interrompidos na COVID longa, e nossa experiência anterior com sugere que [o medicamento] é fácil de tomar e bem tolerado em estudos clínicos”.
Até o final do ano passado, mais de 500 milhões de casos de COVID-19 foram relatados em todo o mundo. Destes, acredita-se que até 10% sofram COVID longa. A fadiga é um dos principais sintomas experimentados pelos pacientes e ainda não há tratamento aprovado para a condição.
Observação: o estudo foi financiado pela Axcella Therapeutics.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Oxford (em inglês).
Fonte: Universidade de Oxford.
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