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Estudo mostra que hospitais poderiam reduzir o uso excessivo de antibióticos evitando coletas desnecessárias de sangue em UTIs pediátricas

Fonte

Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins

Data

quarta-feira. 4 maio 2022 19:55

Quando um paciente na unidade de terapia intensiva pediátrica (UTIP) desenvolve febre, os médicos geralmente solicitam uma hemocultura para identificar a causa, principalmente se tiverem motivos para se preocupar com sepse, uma condição com risco de vida que ocorre quando substâncias químicas liberadas por células do sistema imunológico na corrente sanguínea para combater uma infecção desencadeiam inflamação e choque em todo o corpo.

“As repetidas coletas de sangue, principalmente as de cateteres venosos, juntamente com o uso de antibióticos enquanto se aguarda o resultado da cultura apenas em caso de infecção bacteriana, são práticas que contribuem para o aumento da resistência aos antibióticos, levam a testes adicionais e podem prolongar o tempo de internação de uma criança”, disse o Dr. Aaron Milstone, especialista em doenças infecciosas pediátricas e professor de Pediatria na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e especialista em sistemas projetados para prevenir infecções hospitalares e melhorar a segurança do paciente.

Em um esforço para reduzir essas consequências indesejadas, pesquisadores do Johns Hopkins Children’s Center e também de parceiros de pesquisa relatam que desenvolveram e demonstraram a segurança de um programa de apoio à decisão que parece reduzir substancialmente o número de coletas de sangue em UTIP, o que provavelmente contribuirá para reduzir as prescrições de antibióticos sem aumentar o risco de sepse.

Os resultados do estudo, que foi uma colaboração nacional de 14 instituições e seus especialistas, foram publicados na revista científica JAMA Pediatrics.

“Os pacientes na UTIP são geralmente os mais doentes, e você quer fazer tudo o que puder para ajudar. Mas quando você realiza uma hemocultura, qualquer coisa pode crescer – seja a razão por trás do sintoma preocupante ou a possível contaminação da amostra. A coleta de uma cultura de sangue quando não é necessária pode levar ao uso desnecessário de antibióticos, efeitos colaterais indesejados de medicamentos adicionais e exames de sangue adicionais”, destacou o Dr. Aaron Milstone.

De acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, cerca de 30% dos antibióticos usados ​​em hospitais são desnecessários ou prescritos incorretamente. Estudos anteriores de outros pesquisadores descobriram que mais da metade dos pacientes na UTIP frequentemente recebem antibióticos para sintomas como febre, que pode surgir de doenças não infecciosas ou até mesmo desmame de alguns medicamentos.

O Dr. Milstone, que também é epidemiologista e membro do Johns Hopkins Armstrong Institute for Patient Safety and Quality, diz que o novo estudo se baseia em programas já existentes que reduziram com segurança o uso de outros testes diagnósticos, como culturas de urina.

Em seu estudo, a equipe de pesquisa do Johns Hopkins Children’s Center liderou uma colaboração multidisciplinar nacional dos EUA chamada BrighT STAR (Testing STewardship to reduce Antibiotic Resistance), que envolve especialistas em doenças infecciosas pediátricas, medicina intensiva, melhoria da qualidade e outros campos chamados. O objetivo é explorar e comparar estudos e práticas existentes e produzir recomendações de orientação para reduzir coletas de sangue em pacientes com baixa suspeita ou risco de sepse e medir o impacto do algoritmo nas taxas de hemocultura, uso de antibióticos de amplo espectro e outros resultados do paciente.

Os 14 locais participantes foram diversos em relação ao tamanho da instituição, população de pacientes e área geográfica. Os investigadores da Johns Hopkins Medicine forneceram a cada local, que tinha sua própria equipe de especialistas, uma ferramenta de avaliação de pré-implementação enquanto os orientavam a lançar seus próprios programas de melhoria de qualidade e estratégias para executar os planos.

No período de 24 meses anterior à implementação dos algoritmos de melhoria de qualidade, 41.731 hemoculturas foram realizadas em todos os 14 locais, em comparação com 22.408 culturas no período pós-implementação de 18 meses. Em todos os locais, a taxa média de hemocultura caiu de 146 por 1.000 pacientes-dia/mês antes da implementação para 99 por 1.000 pacientes-dia/mês depois. No geral, 13 dos 14 locais reduziram suas taxas de hemocultura no período pós-implementação entre 15% e 58%. Nos 14 locais, a taxa de hemocultura foi reduzida em média de 34% entre os prazos pré e pós-implementação do estudo (156,9 hemoculturas por 1.000 pacientes-dia/mês para 104,1 hemoculturas por 1.000 pacientes-dia/mês).

Nos 11 locais que relataram uso de antibióticos, os resultados mostraram uma redução média geral de 13% na quantidade de antibióticos prescritos (506,0 versus 440,3 dias totais por 1.000 pacientes-dia/mês).

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins (em inglês).

Fonte: Kim Polyniak e Marisol Martinez, Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.

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