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Pesquisadores estudam peptídeo isolado do veneno de escorpião na composição de medicamento
Animais peçonhentos provocam medo em muitas pessoas devido ao perigo que apresentam para os seres humanos. O veneno de certas espécies podem causar reações adversas tanto locais, quanto generalizadas. Apesar do perigo, essas criaturas são também objetos de estudos, como é o caso do Tityus stigmurus, ou Escorpião-Amarelo-Do-Nordeste, estudado pela Dra. Menilla Maria, do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas (PPgCF) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que enxergou na peçonha do animal a possibilidade de desenvolver futuros fármacos.
Em artigo publicado recentemente na revista científica Frontiers in Molecular Biosciences, com apoio do Núcleo de Processamento de Alto Desempenho (NPAD) da UFRN, a pesquisadora apresentou multifunções de molécula isolada do veneno do escorpião, categorizando-o como agente com potencial terapêutico e biotecnológico. Por meio de testagens in vitro, confirmou que o peptídeo aniônico — molécula rica em ácido aspártico e glutâmico — do Tityus stigmurus (TanP) é promissor para aplicações terapêuticas como agente quelante de metais com importância biológica, como ferro e cobre, e como imunomodulador, pois atua no sistema imunológico e potencializa resposta orgânica a determinados microrganismos, sendo antioxidante, cicatrizante e anticoagulante.
Essas biomoléculas podem ser transformadas em fármacos, o que não é uma realidade distante. O anti-hipertensivo Captopril, por exemplo, foi desenvolvido a partir de uma molécula presente na peçonha da serpente jararaca brasileira (Bothrops jararaca). Segundo a Dra. Menilla, estudos como este são importantes para a obtenção de novos produtos com aplicação biotecnológica e farmacológica. Seu estudo foi motivado pela possibilidade de desenvolver um novo remédio: “A principal motivação foi pensar que de alguma forma eu poderia estar contribuindo para ter um novo medicamento lá na prateleira de uma farmácia”, contou.
Essa linha de pesquisa vem sendo desenvolvida desde 2014 sob orientação do Dr. Matheus Pedrosa, professor do Departamento de Farmácia da UFRN, e seu grupo de pesquisa. Nela, consta a contribuição de mais 10 colaboradores em diversos laboratórios. Sendo eles: Laboratório de Tecnologia e Biotecnologia Farmacêutica (TecBioFar/UFRN); Laboratório de Química de Coordenação e Polímeros (LQCP); Laboratório de Biotecnologia de Polímeros Naturais (BIOPOL); Laboratório de Isolamento e Síntese de Compostos Orgânicos (LISCO); Instituto do Cérebro (ICe/UFRN) e Laboratório de Química Computacional (LQC).
De acordo com a Dra. Menilla, seu orientador já investigava a possível obtenção de peptídeos a partir da peçonha do escorpião. Com isso, lhe foi dada a oportunidade de pesquisar sobre peptídeos aniônicos. Algo que, praticamente, não havia sido estudado antes. “O peptídeo TanP pertence a uma classe de peptídeos ainda pouco estudada, que são os peptídeos aniônicos, logo, com um potencial biotecnológico e terapêutico promissor. Nosso trabalho foi pioneiro na caracterização e avaliação das atividades biológicas desse tipo de peptídeo obtido de escorpiões”, disse a pesquisadora.
O TanP se destaca, principalmente, por sua capacidade de quelar metais. A aplicação terapêutica de moléculas quelantes está ligada a casos de intoxicação por metais, doenças hematológicas relacionadas a distúrbios de coagulação, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer, além de aplicação em cicatrização de ferimentos cutâneos.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Fonte: Líria Paz, NPAD/UFRN.
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