Destaque

Estudos avaliam os efeitos da respiração enriquecida de oxigênio e o uso de anti-inflamatórios durante treinamentos de corrida

Fonte

UFS | Universidade Federal de Sergipe

Data

sexta-feira. 8 outubro 2021 14:20

Desde 2015, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) oferta para a comunidade universitária e externa vagas no Clube de Corrida. O projeto de extensão, vinculado ao Departamento de Educação Física, tem como principais objetivos o estímulo à prática de atividades físicas e a divulgação da modalidade esportiva. Atualmente, em função da pandemia de COVID-19, as atividades estão sendo desenvolvidas remotamente.

O projeto funciona também como um “laboratório” com ações vinculadas ao Grupo de Estudos e Pesquisas da Performance, Esporte, Paradesporto e Saúde (Gepes), cujos integrantes englobam professores e estudantes.

Dentre os temas estudados, dois considerados polêmicos foram investigados recentemente: a efetividade da utilização da respiração enriquecida de oxigênio (hiperóxia) e o uso de anti-inflamatórios durante treinamentos de corrida como forma de alcançar um melhor desempenho. Práticas que não são proibidas pela Agência Mundial de Antidoping (Wada, em inglês), mas trazem à tona a questão da eficácia, segurança e ética.

Os resultados obtidos foram apresentados em dois artigos científicos: o primeiro publicado na revista científica International Journal of Environmental Research and Public Health e o segundo publicado na revista científica The Journal of Strength and Conditioning Research.

No primeiro trabalho, ‘O efeito agudo da hiperóxia no início da acumulação de lactato sanguíneo (Obla) e no desempenho em corredores femininos durante o teste máximo em esteira‘, o interesse de estudar o assunto partiu da observação de que gradativamente as pessoas estão utilizando o oxigênio como uma estratégia de melhorar os seus desempenhos durante a corrida, mesmo ainda havendo dúvidas se de fato a utilização do recurso “extra” traz efetivos resultados, explicou o professor Dr. Raphael Fabrício de Souza.

Em busca de dados para obter esta resposta, os pesquisadores reuniram um grupo composto unicamente por mulheres que foi levado para praticar corrida em uma esteira. Em um primeiro momento, elas treinaram utilizando a recuperação com oxigênio e posteriormente este mesmo grupo efetuou a corrida sem o uso do oxigênio extra.

A principal evidência encontrada durante a pesquisa foi a menor concentração de lactato sanguíneo após a inalação do oxigênio extra e, por outro lado, as corredoras que não fizeram uso da hiperóxia apresentaram um maior estresse metabólico e tiveram um desempenho inferior no teste de esforço máximo de corrida realizado na esteira. Uma evidência que aponta que o oxigênio pode melhorar o desempenho durante a prática de corrida.

Entretanto, os pesquisadores também detectaram que o excesso de oxigênio pode vir a acarretar malefícios, a depender da duração de aplicação, em virtude do aumento do estresse oxidativo e o consequente dano celular devido à formação de espécies reativas de oxigênio. O assunto segue sendo investigado.

“Sabemos que o sucesso atlético depende das alterações cardiovasculares e da extração de oxigênio e que o desempenho de exercício aeróbio parece ser amplamente mediado por mudanças no teor de oxigênio arterial e subsequente suprimento de oxigênio. Embora evidenciamos que correr sob condições de hiperóxia melhore o desempenho e aumente tolerância à carga de trabalho, gostaríamos de aprofundar a diversidade de metodologias de treinamento (intervalos, contínuos e mistos, nas condições de hiperóxia) e também avaliar outras frações de oxigênio inspirado e duração da exposição ao treinamento”, detalhou o pesquisador.

Uso de anti-inflamatório não trouxe melhor desempenho durante a corrida

A segunda pesquisa (‘Efeito do ibuprofeno no músculo, função hematológica e renal, equilíbrio hídrico, dor e desempenho durante corrida intensa de longa distância‘), desenvolvida a partir do Clube de Corrida, surgiu pela constatação de que muitos corredores estavam adotando a prática de levarem anti-inflamatório para utilização durante provas de longa distância (acima de 20km), especialmente no caso de maratonas ou ultras corridas, cujas distâncias percorridas ultrapassam os 42km.

“O pessoal já levava no bolso o anti-inflamatório, já sabendo que a musculatura iria responder com dor e, antecipando a isso, no meio da corrida já tomava o medicamento. Qual o grande problema? Estão tomando um medicamento sem receita, de forma incorreta”, afirmou o professor Raphael.

Detectado esse problema, os pesquisadores resolveram ir a campo e comparar o grupo que utilizou anti-inflamatório e aquele que não fez uso do medicamento com o objetivo de avaliar se houve melhora de desempenho durante a corrida. Neste estudo, os integrantes do Clube de Corrida realizaram uma grande força-tarefa no dia da competição e coletaram amostras sanguíneas antes e após o término da prova.

Foram avaliadas não apenas variáveis fisiológicas relacionadas ao dano muscular, renal e hepático, mas também aquelas relacionadas ao estado de hidratação, performance e dor dos corredores. O estudo foi realizado durante a prova intitulada “Desafio 42k”, em Itabaiana, em 2016.

O resultado mostrou que ocorreu a diminuição da dor durante a prática esportiva, mas o resultado esperado de melhorar de desempenho não foi alcançado, além de ser uma prática que pode trazer riscos para saúde. “Ou seja, o que os atletas estão fazendo? Estão mascarando aquilo que o corpo está respondendo. A questão é que o corpo está avisando: você está correndo, começando a ter dor e sua musculatura está te avisando que pode lesionar, mas se você mascarar como é que você vai saber a hora de parar?”, alertou o pesquisador.

Acesse o artigo científico completo publicado na revista científica International Journal of Environmental Research and Public Health (em inglês).

Acesse o resumo do artigo científico publicado na revista científica The Journal of Strength and Conditioning Research (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFS.

Fonte: Andréa Santiago e Luiz Amaro, UFS.

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