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Grupo da UFABC desenvolve nanocomposto para tratar câncer de forma direcionada
Pesquisadoras da Universidade Federal do ABC (UFABC) desenvolveram uma plataforma nanotecnológica para tratar tumores de forma direcionada, sem afetar tecidos saudáveis e com menos risco de efeitos colaterais. Para obter esse efeito, foram utilizadas nanopartículas superparamagnéticas – propriedade física que permite direcionar o nanocomposto para atacar apenas as células doentes.
“É um material novo, original, constituído por um núcleo magnético de magnetita [Fe3O4] ao qual são adicionadas nanopartículas de prata [AgNPs] e um revestimento de polímero contendo doador de óxido nítrico [NO]. Tem baixa toxicidade e boa biocompatibilidade. Já depositamos um pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no Brasil”, relatou a Dra. Amedea Barozzi Seabra, professora da UFABC e uma das cientistas envolvidas no projeto. A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade de Lorraine, na França.
Como explicou a professora Amedea Seabra, um composto magnético pode ser guiado até o local de interesse pela aplicação de um campo magnético externo. No caso do superparamagnetismo, quando o campo magnético é aplicado, as nanopartículas se orientam a temperatura ambiente e, quando o campo é retirado, elas se desorientam e voltam imediatamente ao estado inicial, sem magnetização remanescente. “É como se fosse um interruptor de luz: você aperta e a luz acende; aperta novamente e ela apaga; tudo a temperatura ambiente”, acrescentou.
Joana Claudio Pieretti é a autora principal do artigo que descreve os resultados da pesquisa, publicado na revista científica Journal of Materials Science: Materials in Medicine.
Segundo a Dra. Amedea Seabra, atualmente, a tendência da ciência é desenvolver materiais multifuncionais e versáteis, como é o caso de cosméticos hidratantes que também promovem a firmeza da pele e amenizam rugas de expressão. “Nossa ideia foi desenvolver um único material e agregar funcionalidades a ele. Fomos adicionando elementos à nanopartícula, cada um com uma função, para chegar a um composto capaz de tratar diversos tipos de tumores”, destacou a pesquisadora.
A magnetita foi selecionada por ser superparamagnética. A esse material foram adicionadas nanopartículas de prata obtidas por meio de um processo que envolve extrato de chá verde, que é rico em moléculas antioxidantes, como os polifenóis e a cafeína. “Essas moléculas atuam como potentes agentes redutores, ou seja, reduzem os íons de prata formando nanopartículas de prata e também ajudam a estabilizá-las”, explicou Joana Pieretti.
Segundo a pesquisadora, as nanopartículas de prata são usadas há muito tempo para combater infecções bacterianas e também são conhecidas por sua ação antitumoral. Os dois efeitos terapêuticos podem ser potencializados pelas moléculas de chá verde que ficam na superfície da partícula.
“Mas ainda não era suficiente, então agregamos um polímero biodegradável natural extraído de crustáceos, conhecido como quitosana, mas modificado. Cabe à quitosana revestir o material e liberar o óxido nítrico, que também auxilia na ação antibacteriana e antitumoral”, disse Joana Pieretti.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.
Fonte: Janaína Simões, Agência FAPESP.
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