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Investir em inovação na área de saúde pode alavancar o desenvolvimento do país, afirmam cientistas

Fonte

Agência FAPESP

Data

terça-feira. 14 setembro 2021 09:30

A pandemia de COVID-19 evidenciou como investir em inovação na área de saúde pode ser estratégico para um país – tanto para assegurar o bem-estar da população como para gerar riqueza, empregos e desenvolvimento. E o desempenho brasileiro nesse aspecto ainda está muito longe do ideal, embora o país tenha um dos maiores mercados consumidores de saúde do mundo. A análise foi feita por participantes do seminário on-line “Desafios no Desenvolvimento de Fármacos e Biofármacos no Brasil”, realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) no último dia 1o de setembro.

O evento, que integra a série FAPESP COVID-19 Research Webinars, organizada em parceria com o Global Research Council (GRC), reuniu especialistas para tratar dos desafios, custos e incertezas do desenvolvimento de fármacos pelo complexo ecossistema brasileiro de pesquisa, que inclui universidades, centros de pesquisa, empresas farmacêuticas, startups, empresas especializadas em testes clínicos e hospitais.

“O Brasil é um dos maiores mercados para a indústria farmacêutica. Com essa base, deveríamos ter um potencial muito grande de desenvolver novos fármacos. Porém, essa não é a nossa realidade. Podemos, infelizmente, contar nos dedos de uma mão quantos fármacos foram desenvolvidos em nosso país desde a pesquisa fundamental até chegar ao mercado. Existe um conjunto de dificuldades que explica esse problema e é preciso ampliar o debate para solucionar esses entraves”, disse o Dr. Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, na abertura do seminário.

São problemas ligados à falta de integração no ecossistema de pesquisa, de planejamento do governo e de financiamento às empresas, afirmaram os especialistas. “Nos últimos anos, houve um progresso enorme em áreas como big data, genômica, métodos biológicos e biofísicos que impulsionam o desenvolvimento de fármacos. No entanto, não está ocorrendo a tradução de pesquisas iniciais promissoras em ensaios clínicos. O fato é que, no Brasil, temos feito muita triagem de potenciais moléculas e alvos e pouco desenvolvimento efetivo de candidatos a novos fármacos”, disse o Dr. Glaucius Oliva, coordenador do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).

Como destacou o Dr. Glaucius Oliva, até que um novo medicamento seja comercializado, o composto candidato passa por um longo processo de pesquisa, desenvolvimento e regulação. São várias etapas que vão desde os testes in vitro, com células, passando por testes em animais e depois pelas diferentes fases de testes clínicos. Paralelamente, são conduzidos trabalhos voltados à otimização da molécula que se transformará em fármaco.

Todo esse processo tem um alto custo, pode demorar mais de 12 anos e muitas drogas em potencial são abandonadas no meio do caminho. “O desenvolvimento de um fármaco é a combinação de identificar um alvo molecular – enzimas e receptores de um organismo – e moléculas que possam travar o processo de uma determinada doença. Portanto, um fármaco não é apenas uma molécula muito potente, ela precisa chegar até o alvo. Isso quer dizer que precisa ser absorvida, ter solubilidade e outras características que vão além da potência e segurança [não ser tóxica]. Tudo isso determina a eficiência de um fármaco”, explicou o Dr. Glaucius Oliva.

De acordo com o pesquisador há, no entanto, um desequilíbrio na pesquisa entre as várias etapas que formam o processo de desenvolvimento de um fármaco. “Aqui no Brasil, estamos acostumados a medir a potência das moléculas na placa de Petri, mas precisamos lembrar que isso é apenas um dos parâmetros que precisam ser considerados em todo o processo de descoberta e desenvolvimento de fármacos.”

Para o Dr. Glaucius, a base da dificuldade em fazer avançar a pesquisa básica está na falta de profissionais qualificados e também na falta de interação entre os diferentes grupos que formam o ecossistema de inovação. “No Brasil, temos alguma vantagem competitiva por conta da variedade de produtos naturais disponíveis. Mas eu ainda quero ver o dia em que seja comum professores e alunos, após descobrirem uma molécula importante, abrirem uma startup, aguardarem ela amadurecer e montarem uma spin-off. É preciso essa maior interação para inovar”, afirmou.

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Maria Fernanda Ziegler, Agência FAPESP.

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