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Medicamento já existente consegue dissolver armadilhas extracelulares de neutrófilos (NETs) em pacientes com COVID-19 gravemente enfermos
Quando pesquisadores da Universidade Lund, na Suécia, realizaram análises avançadas de escarro das vias aéreas de pacientes com COVID-19 gravemente enfermos, eles encontraram altos níveis de armadilhas extracelulares de neutrófilos (NETs). Já é um fato conhecido que as NETs podem contribuir para a espessura do escarro e inflamação grave semelhante à sepse e trombose. Depois de serem tratados com um medicamento já existente, as NETs foram dissolvidas e os pacientes melhoraram. O estudo foi publicado na revista científica Molecular & Cellular Proteomics.
Usando microscopia de fluorescência avançada, os pesquisadores examinaram o escarro nas vias aéreas de três pacientes com COVID-19 gravemente enfermos. Os resultados mostraram que as amostras continham grandes quantidades de um dos agentes mais importantes do sistema imunológico contra bactérias: os neutrófilos. Os neutrófilos podem formar as NETs para capturar e neutralizar patógenos – principalmente bactérias, mas também vírus.
“Estamos cientes de que as NETs contribuem para a viscosidade do escarro e inflamação semelhante à sepse grave, bem como aumentam o risco de trombose, ou seja, coágulos sanguíneos. Também vemos essas três descobertas clínicas em pacientes gravemente enfermos da COVID-19 ”, disse o Dr. Adam Linder, pesquisador da Universidade Lund e médico especialista em doenças infecciosas do Hospital Universitário Skåne.
Pacientes com fibrose cística também podem sofrer de aumento da viscosidade do escarro. Nesses casos, um medicamento DNase às vezes é usado para degradar o DNA, do qual as NETs são compostas principalmente. O mesmo medicamento poderia ter efeito em casos graves de COVID-19? Um estudo piloto foi conduzido depois que os pesquisadores puderam ver em tubos de ensaio de laboratório que a preparação de DNase degradou os NETs. Cinco pacientes com COVID-19 gravemente enfermos, que necessitaram de oxigenoterapia de alto fluxo e estavam prestes a necessitar de ventilação mecânica, foram tratados com a preparação.
“Os pacientes responderam muito bem ao tratamento. A dependência de oxigenoterapia diminuiu para todos eles, e eles não precisaram mais de oxigenoterapia após quatro dias. Nenhum deles precisou ser transferido para a unidade de terapia intensiva, e todos se recuperaram e tiveram alta”, disse o Dr. Adam Linder.
As análises do escarro dos pacientes mostraram que eles tinham altos níveis de NETs antes do início do tratamento e que esses níveis foram substancialmente reduzidos após o tratamento.
“Também examinamos outros parâmetros de inflamação usando espectrometria de massa avançada. Uma vez iniciado o tratamento medicamentoso, a sinalização pró-inflamatória diminuiu, o que mostra que a inflamação estava diminuindo. O vazamento de plasma e a carga viral também foram reduzidos ”, disse o Dr. Tirthankar Mohanty, pesquisador da Universidade Lund.
Mesmo que os resultados sejam positivos, o Dr. Adam Linder enfatiza que o estudo é pequeno e que pesquisas adicionais são necessárias. Consequentemente, os pesquisadores estão realizando um ensaio clínico randomizado de fase 2 no Hospital Universitário Skåne para examinar se a DNase aerossolizada (Pulmozyme) é um tratamento eficaz para insuficiência respiratória em conjunto com a COVID-19.
“Muito do que vemos em pacientes com essa patologia pode ser explicado pelas NETs, mas o estudo precisa ser repetido e de forma randomizada. Também precisamos saber mais sobre quando o medicamento deve ser administrado para obter os melhores resultados”, concluiu o Dr. Adam Linder.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Lund (em inglês).
Fonte: Universidade Lund.
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