Destaque
Pesquisadoras destacam que estudos sobre os riscos e benefícios do uso de antidepressivos durante a gravidez devem ser mais claros
A Dra. Hilary Brown, professora da Escola de Saúde Pública, e a Dra. Simone Vigod, professora do Instituto de Política, Gestão e Avaliação de Saúde, ambas da Universidade de Toronto, no Canadá, dizem que as mulheres precisam de maior clareza sobre o uso de antidepressivos durante a gravidez porque estão tomando decisões com base no resultados de estudos que enfocam um único resultado (como nascimento prematuro, autismo infantil ou resultados acadêmicos).
As pesquisadoras afirmam que esses estudos costumam ignorar os benefícios da medicação antidepressiva e não deixam claro que os resultados negativos costumam ser muito raros. “Quando esses estudos são publicados, é realmente difícil para as mães descobrir o que fazer”, disse a Dra. Hilary Brown, que também é professora no Departamento de Saúde e Sociedade na Universidade de Toronto Scarborough. “Se elas virem uma manchete ou algo nas redes sociais sobre um determinado resultado encontrado em um estudo individual, isso pode afetar sua decisão de tomar a medicação de que realmente precisam”.
Em um editorial no Journal of the American Medical Association, as pesquisadoras defendem uma abordagem mais personalizada para a pesquisa que pondere os riscos e benefícios de tomar antidepressivos para que as mulheres possam tomar a decisão certa para elas. Os pesquisadores dizem que isso também ajudaria os médicos a fazer recomendações mais informadas sobre as opções de tratamento.
“A forma como a pesquisa está configurada agora não nos permite adotar essa abordagem personalizada”, disse a Dra. Simone Vigod, que também é professora no Departamento de Psiquiatria e psiquiatra-chefe da Universidade do Texas e cientista sênior no Women’s College Hospital.
Em vez dos atuais estudos de resultado único, elas dizem que a pesquisa deve ser feita usando novas abordagens que foram aplicadas em pesquisas mais amplas de antidepressivos. Isso inclui examinar todos os riscos e benefícios dos medicamentos antidepressivos ao mesmo tempo e também examinar como as características do paciente podem afetar o equilíbrio entre esses riscos e benefícios.
O editorial das pesquisadoras foi publicado na mesma edição de um estudo que investigou uma ligação entre o uso materno de antidepressivos e os resultados dos testes padronizados de matemática e alfabetização de crianças dinamarquesas. O estudo não encontrou nenhuma diferença estatisticamente significativa nas pontuações de alfabetização, mas registrou uma pequena diferença estatisticamente significativa de 2,2 pontos negativos (em 100) nas pontuações de matemática – depois de contabilizar outras diferenças entre as mães que tomaram e não tomaram antidepressivos.
A Dra. Brown e a Dra. Vigod dizem que os autores do estudo foram cautelosos ao formular suas conclusões, mas que os resultados desses tipos de estudos muitas vezes ficam desproporcionais quando chegam às notícias e são compartilhados nas redes sociais.
“É difícil para muitas pessoas interpretar isso, especialmente quando as manchetes veiculam a mensagem de uma ‘diferença significativa’ em oposição ao quadro mais amplo, que é que esses efeitos ainda são minúsculos”, disse a Dra. Hilary Brown.
Acesse o editorial no Journal of the American Medical Association (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Toronto (em inglês).
Fonte: Don Campbell, Universidade de Toronto.
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