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Pesquisadores estudam interação entre bactérias e câncer, com foco em como sistemas bacterianos específicos influenciam os supressores tumorais
O grupo da professora Dra. Galina Selivanova, do Departamento de Microbiologia, Tumor e Biologia Celular (MTC) do Instituto Karolinska, na Suécia, estabeleceu recentemente uma colaboração multidisciplinar com a Dra. Marie-Stéphanie Aschtgen, microbiologista também do MTC, para estudar a interação entre bactérias e câncer, com foco em como sistemas bacterianos específicos influenciam os supressores tumorais do hospedeiro. Juntos, os grupos recentemente publicaram seu primeiro artigo colaborativo na revista científica Oncogene.
O Instituto Karolinska entrevistou o professor Dr. Sylvain Peuget, pesquisador do grupo da professora Selivanova, que esclareceu sobre os avanços da pesquisa:
Instituto Karolinska: Quais são os resultados mais importantes do estudo?
Dr. Sylvain Peuget: Encontramos um novo mecanismo de regulação do supressor tumoral p53 por Enterobacteria que liga a microbiota e a evolução do tumor. É importante ressaltar que descobrimos que a p53 foi inibida por meio de uma desestabilização de seu mRNA. Identificamos que o LPS desencadeia uma inibição dependente de NFκB do gene ZMAT3, que codifica uma proteína de ligação ao RNA normalmente estabilizando o mRNA p53.
Instituto Karolinska: Por que esses resultados são importantes?
Dr. Sylvain Peuget: O microbioma intestinal é um importante modulador da iniciação e progressão do câncer, mas também da resposta à terapia. Portanto, entender como as bactérias influenciam nossos mecanismos anticancerígenos e, neste caso, a função da p53, é importante para um uso mais racional das terapias anticâncer. Por exemplo, compostos reativadores de p53 estão a caminho das clínicas e nosso estudo sugere que sua eficácia pode ser influenciada pela composição da microbiota.
Instituto Karolinska: Como esse novo conhecimento pode contribuir para melhorar a saúde humana?
Dr. Sylvain Peuget: Compreender como as bactérias influenciam as vias supressoras de tumor e a defesa do hospedeiro contra o câncer abriu novas perspectivas para a medicina personalizada, por exemplo, com o uso racional de compostos reativadores de p53. Também pode abrir caminho para novos tipos de abordagens de prevenção como terapias direcionadas à composição da microbiota, como os probióticos. Isso é muito interessante, pois a microbiota pode ser modificada mais facilmente por intervenção terapêutica do que nossos próprios genes.
Instituto Karolinska: Como o estudo foi conduzido?
Dr. Sylvain Peuget: Este estudo foi realizado usando várias abordagens in vitro combinando Biologia Celular, Microbiologia e Bioquímica, bem como análises de Bioinformática de dados públicos de pacientes com câncer colorretal do TCGA (o Atlas do Genoma do Câncer). Esta abordagem multidisciplinar foi possível graças a uma estreita colaboração entre microbiologistas e biólogos do câncer.
Instituto Karolinska: Qual é o próximo passo em sua pesquisa?
Dr. Sylvain Peuget: Nosso objetivo é continuar decifrando a interação entre bactérias e p53 e seu impacto no câncer, mas também nas infecções bacterianas. Como os genes supressores de tumor como o p53 são regulados pela microbiota intestinal, qual é a resposta fisiológica do p53 à infecção bacteriana e quais são as consequências desses mecanismos para os processos cancerígenos e para a resposta às terapias anticâncer são as principais questões de pesquisa que estamos investigando atualmente.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Instituto Karolinska (em inglês).
Fonte: Sara Lidman, Instituto Karolinska.
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