Destaque

Pesquisadores identificam novo alvo terapêutico contra o câncer de pulmão mais comum

Fonte

Universidade de Barcelona

Data

quinta-feira. 15 setembro 2022 07:00

Os níveis de proteína TIMP-1 no tecido e no sangue têm sido repetidamente associados a um prognóstico ruim em vários cânceres humanos, mas sua função no processo tumoral era, até agora, um mistério. Recentemente, um estudo liderado pelo Dr. Jordi Alcaraz, professor da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade de Barcelona e pesquisador do Instituto de Bioengenharia da Catalunha (IBEC), na Espanha, determinou que esta proteína não é apenas um bom biomarcador, mas também está envolvida na progressão de adenocarcinoma de pulmão. Os resultados, publicados na revista científica Matrix Biology, abrem as portas para o desenho de novos tratamentos contra a doença.

“Nas últimas décadas, as pesquisas sobre o câncer têm como objetivo ter cada vez mais tratamentos específicos para cada tipo de tumor e paciente, o que tem melhorado o prognóstico dos pacientes. Nessa linha, este trabalho é relevante porque identifica um alvo terapêutico para aqueles pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas do subtipo adenocarcinoma, que é o tipo mais comum de câncer de pulmão”, explicou Paula Duch, pesquisadora da Universidade de Barcelona e primeira autora do artigo.

Uma coleção única na Espanha de fibroblastos derivados de pacientes

TIMP-1 é uma proteína anormalmente secretada por fibroblastos, um tipo de células não malignas que acompanham as células cancerosas e são o principal componente do que é chamado de microambiente tumoral. Para entender o papel da TIMP-1 nesse processo, os pesquisadores usaram uma coleção única na Espanha de fibroblastos derivados de pacientes com câncer de pulmão no Hospital Clínic de Barcelona. Especificamente, eles realizaram testes com culturas de células in vitro e com camundongos (in vivo) focados no câncer de pulmão de células não pequenas, que representa até 85% dos cânceres de pulmão e se subdivide em dois subtipos: adenocarcinoma e carcinoma espinocelular.

Interação protumoral com o receptor CD63

Os resultados mostraram, em primeiro lugar, que os altos níveis de TIMP-1 no câncer de pulmão são devidos aos fibroblastos que secretam ‘níveis patológicos’ dessa proteína. Eles também descobriram que a TIMP-1 dos fibroblastos causa aumento da proliferação e invasão do tumor quando interage com o receptor CD63 nas células cancerígenas. E, por fim, verificaram que “esse eixo protumoral formado pela interação entre TIMP-1 e CD63 ocorre apenas no subtipo de adenocarcinoma e não no carcinoma espinocelular”, enfatizou o Dr. Jordi Alcaraz.

Nova estratégia terapêutica

Esses resultados podem facilitar o desenvolvimento de novas terapias direcionadas contra essa interação patológica. “Saber que pacientes com adenocarcinoma têm fibroblastos hiperativos que secretam TIMP-1 excessivamente nos permite considerar o uso de terapias que impeçam essa secreção”, explicou Paula Duch.

Nesse sentido, o estudo, além de destacar que os fibroblastos desempenham um papel muito importante na progressão dos tumores, também abre caminho para “atacar esse eixo protumoral” por meio de drogas antifibróticas, desenvolvidas para inibir as funções patológicas desses células. “A ideia seria investigar, por um lado, se as drogas antifibróticas são capazes de inibir a secreção anormal de TIMP-1 e, por outro, se essa inibição reduz a progressão dos tumores adenocarcinomas”, destacou a pesquisadora.

“Em longo prazo, se essa abordagem funcionar, poderemos considerar o uso desses medicamentos antifibróticos combinados com terapias anticancerígenas, como a imunoterapia, que atacam outros aspectos do tumor”, disse Paula Duch.

Implicações para outros tipos de câncer

Esses resultados podem ser transferidos para outros cânceres, pois a proteína TIMP-1 também é amplamente descrita como um biomarcador de mau prognóstico em muitos tipos de tumores sólidos. “Portanto, em outros tumores altamente fibróticos com altos níveis de TIMP-1 e seu receptor, CD63, é provável que este eixo também desempenhe um importante papel protumoral”, concluiu Paula Duch.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Barcelona (em espanhol).

Fonte: Universidade de Barcelona.

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