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Pesquisadores identificam o alvo de ataques imunológicos às células do fígado
Quando a gordura se acumula no fígado, o sistema imunológico pode atacar o órgão. Um novo estudo de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, identificou a molécula que aciona essas defesas, uma descoberta que ajuda a explicar a dinâmica subjacente ao dano hepático que pode acompanhar o diabetes tipo 2 e a obesidade.
Em um estudo publicado na revista científica Science Immunology, os pesquisadores imitaram essas doenças metabólicas humanas alterando geneticamente camundongos ou alimentando-os com uma dieta rica em gordura e açúcar. Eles então examinaram as mudanças no braço do sistema imunológico do roedor que monta defesas adaptadas a ameaças específicas. Quando mal direcionada, essa resposta imune, que envolve células B e T, danifica os órgãos e tecidos que deveria proteger.
“Há muito tempo, as pessoas se perguntam como as células T e B aprendem a atacar as células do fígado, que estão sob maior estresse metabólico devido a uma dieta rica em gordura e açúcar”, disse a Dra. Laura Santambrogio, pesquisadora principal do estudo e professora de Oncologia, Fisiologia e Biofísica de Cornell, e diretora associado de Imunologia de Precisão no Englander Institute for Precision Medicine na Escola de Medicina de Cornell. “Identificamos uma proteína – provavelmente a primeira de muitas – que é produzida por células hepáticas estressadas e depois reconhecida pelas células B e T como alvo”.
A ativação do sistema imunológico agrava ainda mais os danos que já ocorrem nesse órgão em pessoas que têm essas condições metabólicas, disse a pesquisadora.
No diabetes tipo 2 ou na obesidade, o fígado armazena uma quantidade excessiva de gordura, o que pode estressar as células, levando a uma condição conhecida como esteato-hepatite não alcoólica, comumente chamada de doença hepática gordurosa. O estresse leva à inflamação, uma resposta imune inespecífica que, embora destinada a proteger, pode prejudicar o tecido ao longo do tempo. Os pesquisadores agora também têm evidências de que a atividade das células B e T também contribui.
As células B produzem anticorpos que neutralizam um invasor, prendendo-se a uma parte específica dele. Da mesma forma, as células T destroem as células infectadas após reconhecerem sequências parciais de uma proteína alvo. Às vezes, como acontece nas doenças autoimunes, essas células reconhecem as proteínas ‘próprias’.
A Dra. Laura Santambrogio e seus colegas, incluindo o Dr. Lorenzo Galluzzi, professor de Biologia Celular em Oncologia da Escola de Medicina de Cornell e o Dr. Marcus Gonçalves, professor de Medicina em Cornell e endocrinologista do NewYork-Presbyterian/Weill Cornell Medical Center, bem como como pesquisadores do grupo do Dr. Lawrence Stern na Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts, também nos Estados Unidos, queriam saber qual molécula dentro das células do fígado se tornou seu alvo.
Examinar a atividade de outro tipo de célula imune, a chamada célula dendrítica, levou os pesquisadores a uma proteína, chamada PDIA3, que eles descobriram que ativa tanto as células B quanto as T. Quando sob estresse, as células produzem mais PDIA3, que viaja para suas superfícies, onde fica mais fácil para o sistema imunológico atacar.
Enquanto esses experimentos foram feitos em camundongos, uma dinâmica semelhante parece estar em jogo em humanos. Os pesquisadores encontraram níveis elevados de anticorpos para anticorpos PDIA3 em amostras de sangue de pessoas com diabetes tipo 2, bem como em condições autoimunes que afetam o fígado e seus ductos biliares.
Ao contrário das condições autoimunes, no entanto, melhorar a dieta e perder peso pode reverter essa condição hepática. A conexão com a dieta e a diminuição da doença hepática gordurosa já estava bem estabelecida, disse a Dra. Santambrogio. “Adicionamos uma nova peça ao quebra-cabeça mostrando como o sistema imunológico começa a atacar o fígado”, concluiu a pesquisadora.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Cornell (em inglês).
Fonte: Jim Schnabel, Escola de Medicina da Universidade Cornell.
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