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Proposta de uma nova nomenclatura universal para os genes da oxitocina e vasotocina
A oxitocina e a arginina vasotocina (ou arginina vasopressina) são dois hormônios do sistema endócrino que também atuam como neurotransmissores e regulam uma ampla gama de funções biológicas em vertebrados, como formação de vínculos ou pressão arterial. Os bioquímicos da era pré-genômica nomearam os genes que contêm as informações necessárias para sintetizar esses hormônios de forma diferente em diferentes espécies animais, devido a pequenas diferenças em sua composição química. Um novo estudo da Universidade de Barcelona, na Espanha, e da Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos, publicado na revista científica Nature, analisou e comparou os genomas de 35 espécies das principais linhagens de vertebrados e concluiu que os dois hormônios são codificados pela mesma família de genes que vêm de uma mesma família gene ancestral.
Essas descobertas foram obtidas por meio do uso de técnicas inovadoras de sequenciamento genômico de alta qualidade como parte do Projeto Genomas de Vertebrados. A partir daí, os pesquisadores propõem uma nova nomenclatura universal baseada na história da evolução genética. Segundo os autores do estudo, a proposta unifica os diferentes nomes usados em vertebrados, tanto para os genes que codificam hormônios quanto para aqueles que codificam seus receptores, o que facilitará pesquisas comparativas entre as espécies.
A publicação faz parte da tese de doutorado de Constantina Theofanopoulou, realizada na Universidade de Barcelona sob a orientação do Dr. Cedric Boeckx, pesquisador do Instituto para Pesquisa de Sistemas Complexos da Universidade de Barcelona (UBICS), e do Dr. Erich D. Jarvis, professor da Universidade Rockefeller.
Confusão terminológica entre espécies
O estudo surgiu a partir dos problemas encontrados por Constantina Theofanopoulou para investigar o papel do gene da oxitocina no desenvolvimento e evolução da linguagem em pássaros canoros. “Ao revisar a literatura científica para encontrar trabalhos anteriores sobre oxitocina, percebemos que para pássaros não era o mesmo termo usado, mas mesotocina, e que também era diferente em outras espécies de vertebrados, como tartarugas (isotocina) ou sapos (neurofisina). Eles não usavam esse nome nem correspondiam aos nomes de seus destinatários, por isso era muito difícil saber se esses genes tinham o mesmo papel ou mesmo se era o mesmo gene ou outro”, explicou Constantina.
Nesse contexto, os pesquisadores se propuseram a estabelecer quais genes eram equivalentes à ocitocina nas diferentes espécies. Para isso, eles usaram os resultados do Vertebrate Genomes Project, uma colaboração internacional liderada pelo Dr. Erich Jarvis, da Universidade Rockefeller. Em sua primeira fase, este projeto internacional analisou os genomas de espécies que representam todas as ordens de vertebrados usando métodos de sequenciamento genético de resolução sem precedentes. “A maioria dos genomas hoje tem centenas de milhares ou milhões de erros, partes de genes estão ausentes ou montadas incorretamente. Esses erros podem ter consequências para os avanços e descobertas científicas”, destacou a pesquisadora.
Esses novos dados de alta qualidade tornaram possível não só localizar cada gene no cromossomo, mas também estabelecer a ordem dos genes em seu ambiente, estudados em janelas de até sessenta genes em torno do gene de interesse, ou mesmo de todos os genes no cromossomo onde encontraram esse gene. Essa informação é muito importante na comparação de genes entre espécies, pois a ordem dos genes no cromossomo permite identificar a presença de um gene na história evolutiva de um organismo, mesmo que tenha desaparecido com o tempo.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Barcelona (em espanhol).
Fonte: Universidade de Barcelona.
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