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Trabalho investiga detecção precoce de transtornos mentais

Por representar uma nova fronteira da ciência, o trabalho da neurocientista Dra. Letícia de Oliveira conquistou o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2020, na categoria “Pesquisador Sênior”. Criado em 1997 pela Reunião Especializada em Ciência e Tecnologia do Mercosul (RECyT), a iniciativa conta com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e também do Ministério de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia da Argentina, Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do Paraguai e Ministério de Educação e Cultura do Uruguai.

Apesar dos avanços no que se refere ao tratamento dos transtornos mentais, como no desenvolvimento de medicamentos, por exemplo, Letícia se dedica ao estudo de um dos grandes desafios da psiquiatria atual: a detecção precoce de sintomas ou sinais que representem risco de desenvolvimento de transtornos mentais, que podem se tornar doenças crônicas e incapacitantes.

Para a pesquisadora, a Inteligência Artificial, especialmente o aprendizado por máquina (machinelearning) associado à metodologia de reconhecimento de padrões pode trazer grandes contribuições para a Psiquiatria, quando aplicada à neuroimagem funcional. “O objetivo do estudo é capturar mudanças sutis no padrão de ativação cerebral antes do aparecimento completo dos sintomas, evitando o primeiro surto”, explicou a Dra. Letícia. Isso é importante, segundo ela, para nortear as famílias que, em geral, não conseguem identificar os sintomas e muito menos lidar com os distúrbios mentais.

Diagnóstico Precoce

De acordo com a pesquisadora, as famílias não estão preparadas para identificar e muito menos lidar com transtornos mentais. “Por isso, a ideia do estudo é identificar os sinais precoces e direcionar esforços para a família e para o paciente, principalmente no sentido de fazer uma intervenção antecipada, a fim de evitar o primeiro surto, pois há evidências de que depois do primeiro surto é mais difícil controlar a doença”, esclareceu a pesquisadora. Ela chama atenção para o fato da Psiquiatria ser diferente de outras especialidades médicas. “Na cardiologia, um exame de sangue pode revelar níveis de colesterol e triglicerídeos, que indicam algum risco de o paciente desenvolver problemas cardíacos. Mas na Psiquiatria não há nenhum apoio em exame diagnóstico, que é basicamente focado na experiência do médico. Por isso queremos desenvolver métodos que auxiliem os psiquiatras na tomada de decisão”.

A neurocientista alerta, entretanto, para um problema ético associado ao estudo, já que os algoritmos podem cometer erros, como acusar um resultado falso positivo, o que criaria um enorme problema para a família. Outra limitação importante é o fato de que a metodologia, baseada na Inteligência Artificial, pode trazer uma possibilidade. “A Inteligência Artificial não prevê o futuro; ela prevê possibilidades de futuro. Não existe como fazer uma predição absoluta”, disse a Dra. Letícia, que alega que o mais importante é oferecer para a família e o paciente que possui essa predisposição algum recurso terapêutico que possa minimizar o transtorno. “E essa solução, para ser adotada na prática clínica, ainda não existe”, explicou. Segundo a pesquisadora, apesar de a perspectiva da metodologia ser muito positiva, sua aplicação ainda deve demorar cerca de 10 a 15 anos, porque muitos aspectos ainda precisam ser cuidados nesse meio de caminho. “A Neurociência, relativamente recente, avançou muito nos últimos 50 anos. E a ressonância magnética, que usei bastante nesse estudo, tem cerca de 30 anos”, concluiu a Dra. Letícia.

Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.

Fonte: Paula Guatimosim, FAPERJ.

 

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