Notícia

Fiocruz cria insumo 100% nacional para uso no teste rápido da leishmaniose visceral

Proteína produzida na Fiocruz Pernambuco é encaminhada sob temperatura específica, para garantir sua estabilidade, para Bio-Manguinhos, no Rio de Janeiro, que agrega o insumo ao dispositivo do teste rápido sorológico

Fiocruz Pernambuco

Fonte

Fiocruz | Fundação Oswaldo Cruz

Data

quinta-feira, 11 abril 2024 16:50

Áreas

Biologia. Biomedicina. Bioquímica. Biotecnologia. Diagnóstico. Doenças Infecciosas. Doenças Negligenciadas. Engenharia Biológica. Indústria Farmacêutica. Microbiologia.

O Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco) criou um insumo 100% nacional para ser agregado ao teste rápido de triagem para diagnóstico da Leishmaniose Visceral (LV). O produto poderá ser usado tanto para a população humana quanto canina, sendo o primeiro com essa dupla eficácia.

O insumo já passou por avaliação em laboratórios e, em breve, iniciará a fase de campo. A LV é uma doença infecciosa, transmitida pelo mosquito palha, que pode acometer seres humanos e animais, tendo os cães domésticos como principais reservatórios da enfermidade. A falta de tratamento em humanos pode levar a óbito em 90% dos casos, de acordo com o Ministério da Saúde.

Para a nova etapa, além da qualificação da tecnologia, a pesquisa foi aprovada no edital ‘Inova Ceis’, uma parceria do Ministério da Saúde com a Fiocruz. Serão garantidos mais de R$ 800 mil para os trabalhos pelos próximos 3 anos. O resultado do edital foi divulgado no último mês de março e o financiamento já foi iniciado agora em abril.

A equipe da Fiocruz conseguiu criar em laboratório diferentes versões de uma proteína sintética gerada a partir da união de fragmentos de diversas proteínas do protozoário causador da leishmaniose visceral, o Leishmania infantum. Com essa nova proteína (ou antígeno recombinante) feita em laboratório, é possível a interação com o anticorpo presente no ser humano ou animal positivo para LV, identificando se aquela amostra está ou não infectada pelo causador da doença.

A proteína produzida na Fiocruz Pernambuco é encaminhada sob temperatura específica, para garantir sua estabilidade, para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro, que agrega o insumo ao dispositivo do teste rápido sorológico. O Instituto também participou das etapas prévias de desenvolvimento e avaliação do teste proposto.

Outra inovação do novo antígeno é que ele apresentou eficácia tanto em cães sintomáticos quanto nos assintomáticos positivos para a leishmaniose visceral, melhorando a aplicabilidade do exame em relação aos já existentes no mercado. A expectativa é que o novo antígeno produzido possa ser agregado ao teste rápido sorológico utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS) ao finalizar todas as etapas necessárias. Atualmente, não há nenhum produto nacional com essa eficácia, sendo preciso importar um insumo utilizado no teste para humanos e outro para o de cães.

Esse achado é fruto de um trabalho de mais de duas décadas realizado na instituição, e iniciado a partir de uma colaboração com o Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia). Os esforços envolveram estudantes de pós-graduação e de bolsistas de pós-doutoramento. Nas etapas mais recentes, tiveram atuação crítica a bióloga Dra. Hemilly Rayanne da Silva e a biomédica Dra. Adalucia da Silva, atualmente pós-doutorandas da Fiocruz Pernambuco, e o biomédico Dr. Wagner Tenório dos Santos, oriundo de Pernambuco e que continua como colaborador em Bio-Manguinhos. O projeto é coordenado pelo biólogo Dr. Osvaldo Pompílio de Melo Neto, pesquisador da instituição e orientador do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia em Saúde da Fiocruz Pernambuco, e do Programa de Pós-Graduação em Genética da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

“A disponibilidade de um novo teste rápido, eficiente, acessível e com tecnologia produzida no país, responde a uma demanda de saúde pública no Brasil e deve contribuir positivamente nas estratégias de controle da leishmaniose visceral, uma doença ainda negligenciada e que tem na Fiocruz uma instituição que mantém seu olhar voltado a entender e criar soluções para combatê-la e tratá-la. Esse trabalho faz parte dos esforços de uma equipe que vem se dedicando há anos ao tema e é gratificante ver que, apesar dos percalços na ciência no nosso país, conseguimos ter uma produção de qualidade e que pode beneficiar nossa população”, afirmou a Dra. Hemilly Silva.

O Dr. Osvaldo Pompílio ratificou que, “até o momento, os métodos de triagem diagnóstica da leishmaniose visceral levantam alguns questionamentos. Os melhores são mais complicados, difíceis de fazer e caros. Outros, mais baratos, possuem maior probabilidade de dar resultados inconsistentes, com falsos positivos e falsos negativos. Além disso, as tecnologias importadas tornam a aquisição cara para o país. O nosso método é mais barato e rápido, com a mesma lógica do teste rápido de Covid-19. Ele não precisa de nenhuma infraestrutura. Também conseguimos um método com eficácia para a triagem humana e canina. Não adianta a pessoa estar sadia se há um cão próximo infectado e não diagnosticado, tornando possível o mosquito picar o animal e transmitir para o humano. O ideal é diagnosticar ambos”.

Acesse a notícia completa na página da Fiocruz.

Fonte: Fiocruz Pernambuco. Imagem: a proteína produzida na Fiocruz Pernambuco é encaminhada sob temperatura específica, para garantir sua estabilidade, para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro, que agrega o insumo ao dispositivo do teste rápido sorológico. Fonte: Fiocruz Pernambuco.

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