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Pesquisa demonstra biorregeneração de microrganismos da kombucha

Celulose gerada por bactérias da bebida fermentada pode ser usada para produção de objetos em colonização de outros planetas: estudo internacional tem participação de pesquisadores da UFMG

Divulgação

Fonte

UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais

Data

segunda-feira, 4 abril 2022 12:35

Áreas

Bacteriologia. Biologia. Biotecnologia. Microbiologia.

Um grupo internacional de pesquisa acaba de provar que uma bactéria existente no kombucha, bebida fermentada feita à base de chás, tem enorme potencial de biorregeneração. Trata-se da Komagataeibacter oboediens, presente no biofilme da kombucha, a parte sólida que se forma sobre a bebida fermentada durante a sua produção.

A descoberta, que os pesquisadores acreditam ser essencial para a conquista espacial, está descrita em artigo publicado na revista científica Frontiers in Microbiology.

O estudo foi feito por uma rede internacional de cooperação científica da qual participam pesquisadores do Brasil, da Alemanha, da Ucrânia e da Índia. O Dr. Aristóteles Góes-Neto, professor do Departamento de Microbiologia e coordenador do Programa de Pós-graduação em Bioinformática do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um dos professores da UFMG que integram o grupo, ao lado do Dr. Vasco Azevedo e do Dr. Debmalya Barh, ambos do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do ICB-UFMG.

O professor Aristóteles explicou que a kombucha é uma bebida fermentada por bactérias e fungos que se mantém por meio de uma associação. A Koagataeibacter oboediens predomina nessa cooperação entre os microrganismos. “Ao produzir a kombucha, o líquido, que fica na parte inferior do vidro, é o que se bebe de fato. Por cima, se forma um biofilme (película). É nele que se encontra a maioria dos microrganismos, e esse biofilme é utilizado para uma nova produção de kombucha”, disse o pesquisador.

Ficção pode se tornar realidade

O Dr. Aristóteles Góes-Neto salienta que a colonização do espaço, sempre associada à ficção científica, é cada vez mais levada a sério por pesquisadores de todos os campos do conhecimento. Ele afirma que, ao se pensar em um futuro distante, é necessário entender que o homem talvez precise colonizar outros planetas.

“Os recursos da Terra são finitos, e estamos constatando a escassez de todos eles, visto que não estamos cuidando do que temos aqui. Tudo que usamos na Terra é fabricado por indústrias, basta observarmos todos os produtos de plástico que compramos nos supermercados e que fazem parte do nosso dia a dia. Para colonizarmos outros planetas, onde muitos recursos com os quais estamos acostumados não existem, precisamos de tecnologias que se autorregenerem, como a biopelícula da kombucha”, argumentou o pesquisador.

No caso específico dessa biopelícula, o professor Aristóteles Góes-Neto ressaltou que a celulose produzida pelos microrganismos como mecanismo de proteção no ambiente espacial poderia ser usada para produzir, em outros planetas, tudo que hoje é feito com a celulose da madeira. “Essa celulose bacteriana pode ser usada para produzir objetos em impressoras 3D, por exemplo, tanto aqui quanto em um planeta onde não exista a celulose da madeira. A celulose bacteriana nos possibilita fabricar tecidos e diversos outros produtos”, contou o professor do ICB-UFMG.

Na próxima etapa do estudo, os pesquisadores realizarão testes de fabricação de produtos com a celulose bacteriana. “A intenção é que a celulose bacteriana possa ser usada no lugar da celulose tradicional para a fabricação de diversos itens. Isso ajudaria a diminuir o desmatamento e daria um destino à película que se forma na produção de kombucha, que é descartada pela indústria que produz a bebida fermentada. Estamos vislumbrando um futuro de mais de 100 anos adiante, mas sem esquecer o que já pode ser feito hoje”, concluiu o Dr. Aristóteles Góes-Neto.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Minas Gerais.

Fonte: Luana Macieira, UFMG. Imagem: Placa onde foram feitos os testes com a bactéria da kombucha na Estação Espacial internacional. Fonte: Divulgação.

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