Notícia

Pesquisadoras usam cera de carnaúba na criação de nanopartículas voltadas ao tratamento do câncer

Invento, que potencializa medicação e auxilia em diagnósticos, resultou em patente para a Universidade Federal do Ceará

Tacarijus via Wikimedia Commons

Fonte

Agência UFC

Data

quarta-feira, 15 dezembro 2021 06:35

Áreas

Bioquímica. Nanotecnologia. Oncologia.

Pelo fato de ser inteiramente aproveitada em diversas atividades, a carnaúba é conhecida como “árvore da vida”. Agora, esse epíteto poderá ganhar ainda mais sentido. Isso porque uma equipe liderada por duas pesquisadoras da Universidade Federal do Ceará (UFC) utilizou a cera de carnaúba para criar nanopartículas que podem ser usadas notratamento do câncer.

O invento, intitulado “Nanopartículas lipídicas sólidas magnéticas a base de cera de carnaúba com potencial aplicação em hipertermia magnética e imagem por ressonância magnética”, foi reconhecido, por meio de carta patente, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Assinam a patente a professora Dra. Nágila Ricardo, do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFC, e a pesquisadora Carolina de Lima e Moura, que produziu sua tese de doutorado sobre o tema, defendida em 2017 no Programa de Pós-Graduação em Química da UFC, sob orientação da professora Nágila e coorientação do professor Dr. Manuel Bañobre-Lopez, do International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL), de Portugal, que também colaborou para o invento.

Contexto

Alguns medicamentos são mais eficazes quando liberados diretamente sobre áreas específicas do corpo humano. Para auxiliar nesse processo, são utilizadas estruturas em escala nanométrica que envolvem e protegem a molécula do fármaco, melhorando a solubilidade do medicamento e permitindo maior controle de sua liberação no organismo.

Entre essas estruturas estão as nanopartículas lipídicas sólidas (NLS), que atuam como carreadores (nanopartículas que servem como carregadores de medicamentos ou de moléculas ativas). Para conferir ainda mais potencial às NLS, são adicionados elementos magnéticos, como óxido de ferro. Têm-se então as nanopartículas lipídicas sólidas magnéticas (NLSM) e, dessa forma, é possível direcionar o medicamento ao local desejado, através da atração gerada por um campo magnético.

“O propósito é alterar a biodistribuição da medicação para melhorar sua eficácia. Literalmente, a medicação seria puxada para o local de interesse em vez de se espalhar igualmente por todo o corpo, o que seria de extrema importância para tratamentos onde a medicação causa efeitos colaterais quando presente em locais indesejados no organismo”, explicou a professora Nágila Ricardo.

Na pesquisa em questão, a cera de carnaúba, que é um composto lipídico, constitui a matriz estrutural de todo o sistema desenvolvido. Sua aplicação se deve ao fato de que a cera não se dissolve tão facilmente no organismo, o que proporciona uma liberação mais controlada da medicação.

O elemento magnético acrescido foi a magnetita, formada por átomos de ferro e de oxigênio e considerada a substância magnética mais antiga conhecida pelos seres humanos. A composição conta ainda com derivados do líquido da casca da castanha de caju (LCC), responsáveis por conferir maior estabilidade ao composto.

Até então, essas matérias-primas não haviam sido associadas com vistas ao desenvolvimento de produto nanotecnológico, o que confere caráter de ineditismo à pesquisa. A patente concedida compreende a composição, o processo de preparo e aplicação das nanopartículas.

Potencial

A cera de carnaúba é produzida a partir do pó extraído das folhas da planta. Apenas na região Nordeste do Brasil essa produção é economicamente viável para exploração comercial, devido a condições favoráveis para seu desenvolvimento no bioma caatinga. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará é o maior produtor nacional da cera (respondendo por quase 70% do total produzido) e o segundo maior produtor do pó originário da planta (com 40% da produção), atrás apenas do Piauí (que tem 55%). Além de ser utilizada na nanomedicina, a cera é empregada também em indústrias como as de cosméticos, eletrônicos e alimentos, bem como em produtos para polimento de veículos, couro, pisos, vidros, entre outros.

Nesse contexto, a aplicação da cera na síntese de nanopartículas é vista com grande potencial pelas responsáveis pelo invento. “A exploração dessa palmeira representa uma atividade economicamente viável, pois não é nociva ao meio ambiente. A utilização da cera de carnaúba na produção de nanopartículas só agrega ainda mais valor a essa matéria-prima”, salientou a Dra. Carolina Moura.

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Marcos Robério Santo, Agência UFC. Imagem: Tacarijus via Wikimedia Commons.

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