Notícia

Planta medicinal “quebra-pedra”: lignanas podem ajudar no combate à doença de Chagas e leishmaniose cutânea

Lignanas da planta “Phyllanthus amarus” apresentaram atividade antiprotozoária promissora frente aos agentes etiológicos Trypanosoma cruzi e Leishmania amazonensis, responsáveis, respectivamente, pela doença de Chagas e leishmaniose cutânea

Dra. Gabrielly Conrado

Fonte

FAPEAM | Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas

Data

sábado, 22 agosto 2020 18:05

Áreas

Fitoterapia. Farmacologia.

Pesquisadores obtiveram o primeiro relato sobre a atividade antichagásica e leishmanicida de substâncias extraídas das folhas de uma planta conhecida popularmente como “quebra-pedra”. Testes (in vitro) demonstraram que as lignanas, classe de metabólitos secundários majoritários da espécie, apresentam ação antiprotozoária importante contra os parasitas causadores da doença de Chagas e da leishmaniose cutânea.

Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) um grupo de pesquisadores isolou e elucidou quimicamente 12 lignanas bioativas presentes nas folhas da quebra-pedra. Além disso, os pesquisadores identificaram diferentes substâncias pertencentes às classes de flavonoides, polifenóis, triterpenos e esteroides, classes que apresentam propriedades antitumorais, antioxidantes e anti-inflamatórias já comprovadas em diferentes estudos científicos.

Nos testes, as lignanas apresentaram atividade antiprotozoária promissora frente aos agentes etiológicos Trypanosoma cruzi e Leishmania amazonensis, responsáveis, respectivamente, pela doença de Chagas e leishmaniose cutânea. As substâncias demonstraram baixa citotoxicidade sobre as células hospedeiras: este é um achado importante, visto que um dos entraves enfrentados na quimioterapia das duas doenças se refere à alta toxicidade apresentada pelos medicamentos utilizados no tratamento preconizado dessas enfermidades.

No estudo, os pesquisadores verificaram além da atividade antiprotozoária e a citotoxicidade das substâncias, o mecanismo pelo qual os compostos ativos agem sobre o L. amazonensis, sendo a diminuição do controle respiratório, sugerindo uma alteração no potencial de membrana mitocondrial desses parasitas e consequentemente uma menor produção de energia.

O projeto “Prospecção e identificação de compostos isolados de Phyllanthus amarus Schum and Thonn com potencial atividade leishmanicida”, foi realizado por um grupo de pesquisadores de Manaus (AM) e Campinas (SP) e concluído em quatro anos e meio. O estudo foi desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas (RH-Doutorado – Fluxo Contínuo). Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Planta Medica 

Alternativa

Diferentes estudos científicos já comprovaram as propriedades farmacológicas da quebra-pedra. A planta é amplamente utilizada na medicina popular e esta denominação está diretamente relacionada ao seu uso tradicional em combater pedras nos rins.

A Dra. Gabrielly Conrado, pesquisadora do projeto e doutora em Ciências, na área de concentração em Fármacos, Medicamentos e Insumos para Saúde, explicou que produtos naturais e seus derivados são alvos de muitos estudos e podem oferecer protótipos de compostos capazes de combater diversas doenças. A quebra-pedra, por exemplo, é amplamente utilizada em diferentes lugares do mundo devido ao seu potencial farmacológico e pode também ser potencialmente ativa contra estes dois protozoários.

A doença de Chagas e a leishmaniose atingem principalmente populações de baixa renda, em países tropicais subdesenvolvidos, e são responsáveis, anualmente, por alta taxa de mortalidade por causa de complicações terapêuticas.

Considerando o cenário atual utilizado na terapia antichagásica e leishmanicida, a pesquisadora destacou que continua sendo de extrema importância a busca por medicamentos mais eficazes e mais seguros para a população. A investigação da atividade antiprotozoária das lignanas, presentes na quebra-pedra, é pioneira e se fazem necessários estudos complementares destes metabólitos, considerados promissores candidatos para o desenvolvimento de novos agentes antiprotozoários.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da FAPEAM.

Fonte: Helen de Melo, FAPEAM. Imagem: Folhas de Phyllanthus amarus, conhecida popularmente como quebra-pedra. Fonte: Acervo da Dra. Gabrielly Conrado.

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