Notícia

Primeiros meses de vida são decisivos para o desenvolvimento do sistema imunológico

Pesquisadores estudaram como o sistema imunológico neonatal se adapta e é moldado por muitas bactérias, vírus, nutrientes e outros fatores ambientais aos quais o bebê está exposto durante os primeiros meses de vida

William Fortunato via Pexels

Fonte

Instituto Karolinska

Data

sábado, 19 junho 2021 06:50

Áreas

Alergias. Imunologia. Saúda da Criança.

Muitas doenças causadas por um sistema imunológico desregulado, como alergias, asma e autoimunidade, podem ser atribuídas a eventos ocorridos nos primeiros meses após o nascimento. Até o momento, os mecanismos por trás do desenvolvimento do sistema imunológico não foram totalmente compreendidos. Recentemente, pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, mostram uma conexão entre o leite materno, bactérias intestinais benéficas e o desenvolvimento do sistema imunológico. O estudo foi publicado na revista científica Cell.

“Uma possível aplicação de nossos resultados é um método preventivo para reduzir o risco de alergias, asma e doenças autoimunes mais tarde na vida, ajudando o sistema imunológico a estabelecer seus mecanismos regulatórios”, disse o Dr. Petter Brodin, pediatra e pesquisador do Departamento de Saúde da Mulher e da Criança do Instituto Karolinska e coautor do estudo. “Também acreditamos que certos mecanismos que o estudo identifica podem eventualmente levar a outros tipos de tratamento para essas doenças, não apenas uma abordagem profilática”, continuou o pesquisador.

A incidência de doenças autoimunes como asma, diabetes tipo 1 e doença de Crohn está aumentando em crianças e adolescentes em algumas partes do mundo. Há muito se sabe que o risco de desenvolver essas doenças é amplamente determinado por eventos no início da vida; por exemplo, existe uma correlação entre o uso precoce de antibióticos e um maior risco de asma. Sabe-se também que a amamentação protege contra a maioria desses distúrbios.

Bifidobactérias em crianças lactantes

Existe uma ligação entre bactérias protetoras específicas na pele, nas vias respiratórias e no intestino e um menor risco de doenças imunológicas. No entanto, ainda há muito a aprender sobre como essas bactérias formam o sistema imunológico.

Em conjunto com pesquisadores do Instituto Karolinska, cientistas da empresa Evolve Biosystems, da Universidade da Califórnia em Davis, Universidade de Nebraska e da Universidade de Nevada, nos Estados Unidos, estudaram como o sistema imunológico neonatal se adapta e é moldado por muitas bactérias, vírus, nutrientes e outros fatores ambientais aos quais o bebê está exposto durante os primeiros meses de vida.

Pesquisas anteriores mostraram que as bifidobactérias são comuns em bebês amamentados em países com baixa incidência de doenças autoimunes.

O leite materno é rico em HMOs (oligossacarídeos do leite humano), que os bebês são incapazes de metabolizar por conta própria. Em vez disso, a produção desses açúcares complexos está associada à vantagem evolutiva de nutrir bactérias intestinais específicas que desempenham um papel importante em seu sistema imunológico. As bifidobactérias são uma dessas classes de bactérias.

“Descobrimos que bebês cuja flora intestinal pode quebrar HMOs têm menos inflamação no sangue e no intestino. Isso provavelmente se deve à capacidade excepcionalmente boa das bifidobactérias de quebrar HMOs, de se expandir em bebês amamentados e de ter um efeito benéfico no desenvolvimento do sistema imunológico no início da vida”, disse o professor Brodin.

Bebês que foram amamentados e receberam bifidobactérias adicionais apresentaram níveis intestinais mais elevados das moléculas ILA e Galectina-1. O ILA (ácido indol-3-láctico) é necessário para converter moléculas de HMO em nutrientes; e a Galectina-1 é fundamental para a ativação da resposta imunológica a ameaças e ataques.

Mecanismo recém-descoberto

De acordo com os pesquisadores, a Galectina-1 é um mecanismo crítico recém-descoberto para a preservação de bactérias com propriedades anti-inflamatórias benéficas na flora intestinal.

Os resultados são baseados em 208 bebês amamentados nascidos no Hospital Universitário Karolinska entre 2014 e 2019. Os pesquisadores também usaram novos métodos para analisar o sistema imunológico, mesmo a partir de pequenas amostras de sangue. Além disso, uma segunda coorte desenvolvida pela Universidade da Califórnia, na qual os bebês foram exclusivamente amamentados e metade recebeu suplemento de B. infantis, foi analisada quanto à inflamação entérica.

Uma limitação do estudo é que os pesquisadores não conseguiram estudar o sistema imunológico diretamente no intestino e tiveram que recorrer a amostras de sangue. Nem todos os aspectos do sistema imunológico intestinal podem ser vistos no sangue, mas não é eticamente defensável fazer biópsias intestinais de neonatos saudáveis.

Os pesquisadores agora esperam acompanhar os bebês participantes por mais tempo para ver quais deles desenvolvem eczema atópico, asma e alergias.

“Estamos planejando um novo experimento usando substituição bacteriana para ver se podemos ajudar todos os bebês a terem um início de vida imunológico mais saudável. Também estamos trabalhando com outros pesquisadores para comparar o desenvolvimento do sistema imunológico em bebês suecos com bebês que crescem na região rural da África Subsaariana, onde a incidência de alergias é muito menor”, concluiu o Dr. Petter Brodin.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto Karolinska (em inglês).

Fonte: Anne Maria Hammarskjöld, Instituto Karolinska. Imagem: William Fortunato via Pexels.

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