Notícia
Síndrome de Sanfilippo: cientistas conseguem avanço importante no desenvolvimento de tratamento
Pela primeira vez, equipe de pesquisa desvendou a estrutura da enzima deficiente na doença de Sanfilippo, uma doença neurodegenerativa pediátrica rara
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Fonte
Universidade de Montreal
Data
quarta-feira, 29 maio 2024 12:15
Áreas
Biologia. Biomedicina. Bioquimica. Biotecnologia. Doenças Raras. Genética. Imunologia. Metabolismo. Microbiologia. Neurociências. Psiquiatria. Saúde da Criança.
Pela primeira vez, uma equipe coliderada pelo Dr. Alexey Pshezhetsky, pesquisador do CHU Sainte-Justine e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Montreal, no Canadá, conseguiu resolver a estrutura única da enzima HGSNAT, cuja deficiência causa a síndrome de Sanfilippo, uma doença pediátrica rara que afeta o sistema nervoso central.
Através da colaboração com uma equipe da Universidade de Xangai, na China, a estrutura da enzima e o mecanismo de sua função foram revelados por meio de microscopia eletrônica criogênica de alto desempenho. A descoberta permitirá o desenvolvimento de novos tratamentos para a doença de Sanfilippo, bem como para doenças neurodegenerativas fatais semelhantes.
Condição complexa que pode ser fatal
A síndrome de Sanfilippo é um distúrbio metabólico resultante de mutações genéticas que causam o acúmulo da molécula heparan sulfato nas células cerebrais. A enzima HGSNAT é essencial para a degradação do heparan sulfato. Na síndrome de Sanfilippo, as mutações genéticas na HGSNAT impedem que ele se dobre e funcione corretamente. Como resultado, o heparan sulfato se acumula, causando morte neural e levando à demência nas crianças afetadas. “Em termos básicos, a [Síndrome de] Sanfilippo é semelhante à doença de Alzheimer, mas ocorre em crianças com dois ou três anos de idade”, explicou o Dr. Alexey Pshezhetsky. “A partir desta idade, o desenvolvimento das crianças afetadas estagna e depois regride, e elas acabam por falecer no final da adolescência”.
Embora atualmente não exista tratamento para esta condição, muita esperança está depositada no que é chamado de ‘terapia de acompanhante’ (TA). A TA envolve a administração de uma pequena molécula que se liga à enzima mutante e a ajuda a se dobrar adequadamente, permitindo que funcione normalmente. Para determinar qual molécula é mais adequada para se ligar à enzima, é necessário um modelo confiável de sua estrutura – que a equipe desenvolveu com sucesso usando microscopia eletrônica criogênica.
Abrindo caminho para novos tratamentos
O professor Alexey Pshezhetsky está trabalhando ativamente para traduzir esse novo conhecimento em aplicações clínicas. “Em colaboração com o Dr. Christopher Cairo, professor da Universidade de Alberta, estamos atualmente determinando quais pequenas moléculas que se ligam melhor à enzima e, portanto, seriam mais eficazes no tratamento da doença”, acrescentou.
Já estão em andamento discussões com outros pesquisadores canadenses para estudar tratamentos que combinem TA com terapia genética ou terapia baseada em células-tronco. “A confiança na eficácia de tais abordagens combinadas está atualmente crescendo e estamos certos de que, nos próximos anos, será desenvolvida uma nova estratégia terapêutica para beneficiar as crianças afetadas e as suas famílias”, concluiu o pesquisador.
Os resultados foram publicados na revista científica Nature Structural & Molecular Biology.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Montreal (em inglês).
Fonte: Justine Mondoux-Turcotte (CHU Sainte-Justine) e Julie Gazaille (Universidade de Montreal). Imagem: Freepik.
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