Notícia
Bactérias intestinais podem tornar a medicação para pressão arterial menos eficaz
Cientistas compararam a eficácia do medicamento anti-hipertensivo quinapril em camundongos com bactérias intestinais normais contra aqueles cuja microbiota intestinal havia sido esgotada por altas doses de antibióticos
Divulgação, Universidade de Toledo
Fonte
Universidade de Toledo
Data
segunda-feira, 30 maio 2022 06:25
Áreas
Bacteriologia. Biologia. Biomedicina. Cardiologia. Doenças Cardiológicas. Farmacologia. Microbiologia.
Um novo estudo da Faculdade de Medicina e Ciências da Vida da Universidade de Toledo, nos Estados Unidos, mostrou que bactérias intestinais podem reduzir a eficácia de certos medicamentos para pressão arterial. A pesquisa, publicada na revista científica Hypertension, oferece as primeiras pistas para o que tem sido um mistério indescritível – por que algumas pessoas não respondem bem à medicação?
“A pressão alta é frequentemente chamada de ‘assassina silenciosa’ porque geralmente não causa sintomas. No entanto, há uma grande população de indivíduos que sabe que tem hipertensão, mas ainda não consegue controlá-la, mesmo tomando medicamentos para pressão arterial”, disse o Dr. Tao Yang, professor do Departamento de Fisiologia e Farmacologia e autor principal do estudo. “Abordar isso é de enorme importância clínica”, destacou o pesquisador.
A hipertensão, ou pressão alta, é um importante fator de risco para doenças cardíacas e derrames, duas das principais causas de morte. É também uma das condições crônicas mais comuns.
Entre aqueles com pressão alta, estima-se que 20% tenham o que é conhecido como ‘hipertensão resistente’, o que significa que sua pressão arterial permanece alta apesar do tratamento agressivo.
“A única coisa que os médicos podem realmente fazer para estes pacientes é adicionar ou trocar medicamentos e aumentar a dose com a esperança de encontrar algo que funcione. Até agora, não tivemos nenhuma indicação clara de qual é o mecanismo para a hipertensão resistente. Nossa pesquisa pode fornecer um primeiro passo para identificar novas maneiras de superar efetivamente a hipertensão resistente ao tratamento”, disse o Dr. Tao Yang.
Nos últimos anos, os pesquisadores examinaram mais atentamente a ligação entre as leituras de pressão arterial de um indivíduo e a coleção única de bactérias que vivem em seu intestino.
Esse trabalho ajudou a desvendar possíveis causas de hipertensão que vão além da dieta e do exercício. No entanto, esta pesquisa é a primeira a examinar o impacto das bactérias intestinais na própria medicação para pressão arterial.
A Dra. Bina Joe, chefe do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade de Toledo e autora sênior do estudo, disse que a pesquisa é uma extensão significativa do trabalho da universidade para entender melhor as causas da hipertensão e encontrar novas maneiras de tratá-la.
“Yang foi pioneiro nessa ideia importante e altamente translacional durante seu treinamento como bolsista de pós-doutorado em meu laboratório. Este é agora um importante tema de pesquisa em seu próprio laboratório na Universidade de Toledo”, disse a professora.
No estudo, os cientistas compararam a eficácia do medicamento anti-hipertensivo quinapril em camundongos com bactérias intestinais normais contra aqueles cuja microbiota intestinal havia sido esgotada por altas doses de antibióticos. Os pesquisadores descobriram uma clara diferença entre os dois, com animais que receberam antibióticos primeiro respondendo muito melhor ao quinapril.
A análise da composição de bactérias intestinais nos animais identificou a bactéria Coprococcus como a ‘culpada’. Experimentos de laboratório provaram que a Coprococcus comes, uma espécie de bactéria dominante neste gênero, pode quebrar o quinapril e o ramipril, resultando no comprometimento dos efeitos de redução da pressão arterial.
Embora o estudo tenha se limitado a modelos animais e experimentos de laboratório, os pesquisadores identificaram pelo menos um estudo de caso intrigante que parece reforçar o argumento de que essa descoberta pode ser aplicável a humanos.
Um artigo de 2015, publicado na revista científica International Journal of Cardiology, descreveu uma paciente com um longo histórico de hipertensão resistente ao tratamento, cuja pressão arterial foi controlada sem qualquer medicação anti-hipertensiva durante as duas semanas em que estava tomando antibióticos para uma infecção pós-cirúrgica. Sua pressão arterial pôde ser controlada com apenas um medicamento por seis meses após a interrupção dos antibióticos antes de se tornar novamente resistente ao tratamento.
“Este é apenas um estudo e mais pesquisas são necessárias. No entanto, isso sugere que as bactérias intestinais podem desempenhar um papel muito real e muito importante na regulação da eficácia da medicação para a pressão arterial”, concluiu o Dr. Tao Yang.
O grupo de pesquisa planeja continuar seu trabalho estudando a interação entre outros medicamentos para a pressão arterial e outros tipos comuns de bactérias intestinais.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Toledo (em inglês).
Fonte: Tyrel Linkhorn, Universidade de Toledo. Imagem: Divulgação, Universidade de Toledo.
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