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Pesquisa sobre marcador tumoral em transplante de fígado ganha prêmio acadêmico

A pesquisa Transplante hepático por carcinoma hepatocelular: o impacto dos níveis de AFP de Beatriz Cipriano Ribas foi a vencedora na categoria cirurgia do XXXI Congresso Médico Acadêmico da Unicamp (CoMAU), ocorrido recentemente na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A orientação foi da Dra. Elaine Cristina de Ataíde, professora do Departamento de Cirurgia da FCM-Unicamp e superintendente do Hospital de Clínicas da Unicamp (HC Unicamp).

O estudo avaliou se há correlação entre os valores de AFP – marcador molecular no pré-operatório de transplante hepático – a recidiva tumoral e sobrevida de pacientes submetidos a transplante hepático. Foram considerados para a pesquisa observacional e retrospectiva 214 pacientes submetidos a transplante de fígado no HC Unicamp no período de 01 de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2019. A idade dos pacientes variou de 34 a 77 anos, sendo 75,7% do sexo masculino e 24,3% do sexo feminino.

“O principal resultado de nossa pesquisa foi o achado de que o valor de AFP é uma variável independente que se associa à recidiva tumoral com valor estatisticamente relevante. Isto é, ela não precisa estar associada a outras variáveis como características biológicas do tumor e a quantidade ou tamanho de nódulos no fígado explantado”, explicou Beatriz, aluna do sexto ano de Medicina.

O carcinoma hepatocelular (CHC) corresponde a 90% das neoplasias primárias de fígado. É a quarta causa de morte associado ao câncer no mundo. O principal tratamento é o transplante hepático. Contudo, a escassez de órgãos e o risco de recidiva tumoral dificultam sua eficácia. Os critérios de Milão estabelecem a seleção padrão de pacientes com CHC para o transplante hepático. Os critérios são: lesão única com até cinco centímetros ou até três lesões todas inferiores a três centímetros sem invasão macrovascular ou metástases que possam ser detectadas.

Todavia, estudos publicados nas últimas décadas criticam esse critério, considerando-o restritivo e devido à falta de índice biológico tumoral. Níveis elevados de AFP têm sido correlacionados a menor taxa de sobrevida, a maior recidiva tumoral e tumores pouco diferenciados.

De acordo com a pesquisa, o nível sérico de AFP antes do transplante variou de 0,83 a 23.900,00 ng/ml. Já o maior valor de AFP antes do transplante variou de 1,56 a 60.500,00 ng/ml. O estudo mostrou que houve recidiva em 18 dos pacientes analisados (8,4%).

Apesar da associação positiva entre AFP e recidiva tumoral, não houve correlação entre o valor de AFP e sobrevida observados pela pesquisadora. Somente idade, número de nódulos no exame de imagem pré-transplante, número de segmentos acometidos no fígado e tamanho do maior nódulo no exame anatomopatológico foram estatisticamente significativas para essa associação.

“Nosso estudo mostrou que os níveis de AFP parecem realmente impactar na recidiva de pacientes de transplante de fígado. O valor de AFP no momento da listagem, antes do transplante, deve ser considerado um indicador para possibilidade de recidiva tumoral”, explicou Beatriz.

Considerando a necessidade cada vez maior de órgãos para transplante e a importância de incluir características biológicas evolutivas do tumor na seleção de pacientes com menor risco de recidiva de CHC, a Dra. Elaine Cristina de Ataíde afirmou que “um modelo que inclua a AFP como marcador tumoral de agressividade, além de tamanho e quantidade de nódulos, seria benéfico a fim de melhorar a seleção dos pacientes contemplados com o transplante de fígado e seu prognóstico futuro”.

Acesse a notícia completa na página do Hospital de Clínicas da Unicamp.

Fonte: Edimilson Montalti, Núcleo de Comunicação do HC Unicamp, com a colaboração de Karen Menegheti de Moraes, da FCM-Unicamp.

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