Destaque
Transplante de células-tronco pode curar camundongos que sofrem de inflamação no intestino grosso
Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, as doenças inflamatórias intestinais (DII) atingem mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo, e no Brasil tem sido observado aumento no número de novos casos. Uma das DIIs é a inflamação no intestino grosso, condição também conhecida como colite ulcerativa. Para uma parte significativa desse grupo de pessoas que manifestam a doença, ela é tão dolorosa e desgastante que elas não conseguem trabalhar normalmente. No entanto, muitos optam por viver com a doença em vez de fazer uma ostomia.
“Ter uma ostomia pode ser estigmatizante e, portanto, acolhemos soluções que possam complementar o tratamento existente e, assim, potencialmente dar a esses pacientes uma escolha”, disse o professor Dr. Kim Bak Jensen, professor da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e responsável por um novo estudo sobre transplante de intestino.
No novo estudo, os pesquisadores descrevem um método otimizado de transplante de células-tronco saudáveis em um intestino doente, onde elas reparam o tecido danificado e, assim, curam a doença. Os pesquisadores realizaram testes em camundongos, mas ainda há muito a ser feito antes que a nova forma de tratamento possa ser testada em pacientes humanos.
Um passo na direção certa
O novo estudo permite que outros pesquisadores da área reproduzam o método, que é um passo na direção do desenvolvimento de um tratamento para humanos, explicou o professor Kim Bak Jensen.
“Estamos vendo um aumento de pacientes com colite ulcerativa. Enquanto alguns respondem bem ao tratamento existente, outros acabam se deparando com o dilema de ter parte do intestino removido. Portanto, esperamos poder ajudar a desenvolver um novo tratamento como complemento ao existente”, disse o pesquisador.
Como um ‘curativo vivo’
Nos últimos 10 anos, pesquisadores da Universidade de Copenhague têm buscado refinar a técnica de transplante de células-tronco no intestino de camundongos. Grande parte da pesquisa realizada no Biotech Research and Innovation Center (BRIC) e no Novo Nordisk Foundation Center for Stem Cell Biology. Agora, o trabalho continuará no Centro de Medicina com Células-Tronco da Fundação Novo Nordisk (reNEW).
“O método em si é muito simples. Inicialmente, cultivamos células-tronco intestinais em laboratório na forma de organoides e, em seguida, inserimos esses organoides epiteliais saudáveis no intestino de camundongos que sofrem de sintomas semelhantes aos de pacientes com colite ulcerativa. Os organoides inseridos então se ligam às partes danificadas do intestino como um ‘curativo vivo’ e restauram a área”, explicou o Dr. Kim Bak Jensen.
O transplante leva cerca de 10 minutos e é realizado como endoscopia. Portanto, é um procedimento mais simples, que não envolve cirurgia.
As células-tronco para transplante são retiradas de biópsias, neste caso realizadas em camundongos. No laboratório, os pesquisadores estimulam as células-tronco usando fatores de crescimento especiais para fazê-las se multiplicar e, em seguida, coletam um número maior de células-tronco, que são reinseridas no camundongo. Ou seja, são as próprias células-tronco do camundongo que ajudam a curá-lo.
Camundongos com sintomas semelhantes aos de pacientes com colite ulcerativa que receberam essa forma de transplante de células-tronco se recuperam mais rapidamente do que os camundongos do grupo controle.
“Esperamos poder fazer a diferença para este grupo de pacientes com colite ulcerativa, que são os mais difíceis de tratar e, portanto, também os mais caros do ponto de vista socioeconômico”, concluiu o Dr. Kim Bak Jensen.
Os resultados foram publicados na revista científica Nature Protocols.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Copenhague (em inglês).
Fonte: Liva Polack, Universidade de Copenhague.
Em suas publicações, o Canal Farma da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Farma tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Farma e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Farma, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar