Notícia

Entenda como funciona um laboratório que diagnostica a COVID-19

Laboratório da UNESP de Botucatu fechou o mês de abril com cerca de 1.200 diagnósticos da doença

Divulgação, UNESP

Fonte

UNESP | Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Data

segunda-feira, 11 maio 2020 17:25

Áreas

Diagnóstico. Doenças Infecciosas. Saúde Pública.

O Laboratório de Biologia Molecular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC-FMB-Unesp) tem demonstrado desempenho expressivo frente à demanda estadual de diagnósticos de COVID-19. O laboratório fechou o mês de abril com 1.194 testes realizados na unidade, de acordo com a pesquisadora Dra. Rejane Maria Tommasini Grotto, professora da Universidade Estadual Paulista em Botucatu (UNESP-Botucatu) e responsável pela execução dos exames no local.

Os cerca de 1.200 testes foram feitos desde a data do credenciamento da unidade na Plataforma de Laboratórios para Diagnóstico do Coronavírus, em 2 de abril, até o último dia 30 de abril. Tal plataforma foi inaugurada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo para agilizar os exames e facilitar a distribuição de insumos e kits de testes pelo território paulista. Entre outras ações, a medida habilitou laboratórios a processarem amostras sem que elas tivessem que passar por contraprova no Instituto Adolfo Lutz, principal centro de análise laboratorial de São Paulo.

Trabalho cauteloso

A manipulação de microrganismos patogênicos é uma atividade que requer várias medidas de segurança. Para trabalhar com material genético de agentes virais, a exemplo do SARS-CoV-2, que apresenta uma taxa de transmissibilidade elevada, a instalação precisa ser classificada ao menos no Nível de Biossegurança 2 (NB-2), como é o caso do Laboratório de Biologia Molecular de Botucatu. Essa nomenclatura diz respeito ao grau de contenção do local e varia, em escala de 1 a 4, de acordo com o risco do material manuseado, como estabelece a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Na prática, o NB-2 exige que a unidade disponha, por exemplo, de pia para higienização das mãos, de estrutura apropriada para descontaminação de resíduos e de cabine de segurança biológica (CSB), material utilizado para evitar a propagação de aerossóis e borrifos infecciosos. Também é necessário que os profissionais responsáveis pelo processamento de amostras usem equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados, como protetores faciais, aventais e luvas.

Segundo a Dra. Rejane Grotto, concomitantemente, esses especialistas precisam apresentar aptidão considerável em práticas diagnósticas. “A manipulação do novo coronavírus só deve ser realizada em laboratórios de contenção adequada e por profissionais com experiência em Virologia Molecular Diagnóstica. Além disso, vale destacar que o contexto da Virologia Diagnóstica é muito distante da pesquisa. Então, é de extrema importância que os profissionais tenham experiência na área de diagnóstico”, ressaltou a especilista.

Por trás do diagnóstico

O exame realizado pelo laboratório do HC-FMB é chamado de Reação em Cadeia da Polimerase em tempo real (RT-qPCR, sigla em inglês de Real-Time Polymerase Chain Reaction), preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o teste mais assertivo para diagnóstico da COVID-19. Nele, verifica-se a presença do vírus no organismo por meio da análise de secreções do trato respiratório, sejam do nariz ou da garganta, locais em que o agente infeccioso se espalha.

De acordo com o Instituto Butantan, o procedimento é feito a partir da técnica de amplificação de material genético. Funciona assim: inicialmente, a amostra de secreção coletada é conservada em um líquido com reagentes. Depois, o ácido nucleico do vírus, o RNA, é extraído e isolado dessa mistura. Isso é feito porque, mais tarde, esse RNA é utilizado para criar uma molécula de DNA complementar, de estrutura maior que a primeira. Por fim, replica-se o DNA milhões de vezes, momento em que o equipamento do laboratório analisa as cópias produzidas em busca de genes virais.

O método de amplificação começou a se tornar recorrente em práticas de biologia molecular em meados da década de 1990, quando pesquisadores passaram a utilizá-lo para detectar vírus como os próprios HBV, causador da Hepatite B; HCV, da Hepatite C; e HIV, da Aids.

No laboratório, as etapas desse processo de diagnóstico são distribuídas entre os profissionais do grupo. “Alguns trabalham no recebimento e na separação de amostras, que é a fase de maior risco biológico. Outros atuam no isolamento do RNA do vírus e ainda há aqueles que realizam a RT-qPCR. Essa divisão otimiza o trabalho e usa melhor a expertise de cada integrante da equipe”, descreve a Dra. Rejane Grotto. Atualmente, a unidade tem capacidade estrutural para processar cerca de 300 amostras por dia.

Acesse a notícia completa na página da UNESP.

Fonte: Heytor Campezzi e Fabio Mazzitelli, ACI UNESP. Imagem: Divulgação, UNESP.

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