Notícia

Estudo explora o uso de óleo essencial de planta nativa para combater mosquito transmissor da dengue

Pesquisadores da UFF desenvolvem composto biodegradável para controlar o Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya

Wikimedia Commons

Fonte

UFF | Universidade Federal Fluminense

Data

domingo, 10 dezembro 2023 17:40

Áreas

Biologia. Biotecnologia. Doenças Infecciosas. Farmácia. Produtos Naturais. Química Medicinal. Saúde Pública.

Conforme dados do Boletim Epidemiológico 13, divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde em outubro deste ano, foram registrados 1.530.940 casos prováveis de dengue no país entre janeiro e setembro de 2023. O valor representa um aumento de 16,5% em comparação ao ano anterior e, de acordo com o documento, a maior parte dos óbitos ocorreu entre pessoas com mais de 80 anos e do sexo feminino. A divulgação traz ainda um alerta para a Região Sudeste, que concentrou o maior número de casos graves ou com sinais de alarme para a doença.

Nessa linha de pesquisa, os professores da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Dr. Francisco Paiva Machado e Dr. Leandro Machado Rocha, em colaboração com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), desenvolveram um novo estudo publicado na revista científica Sustainable Chemistry and Pharmacy.

A investigação nasceu durante o doutorado de Francisco Machado e tem como objetivo propor um novo produto para combater o desenvolvimento do Aedes aegypti, transmissor da dengue, doença que o professor classifica como negligenciada por ser ‘encoberta’ por outras enfermidades com maior destaque, a exemplo da COVID-19, foco principal de ações dos órgãos públicos de saúde desde o início da pandemia em 2020. “Temos uma incidência factível dessa doença no Brasil que ocorre há anos. Desde meados de 2000, temos uma campanha de controle do inseto, então essa é uma pauta atual. Por mais que esteja mesclada à nossa realidade uma aceitabilidade ao mosquito, precisamos pensar mais a respeito dele”, comentou o professor.

Conscientes do problema social e de saúde associado à proliferação desse vetor, a proposta dos professores foi desenvolver um novo produto, derivado de uma planta endêmica, ou seja, presente apenas do Brasil, como nanobioinseticida para realizar o controle do mosquito. A canela-sassafrás (Ocotea indecora), planta utilizada, pode ser encontrada nos estados da Bahia, do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, em áreas de Mata Atlântica e Pampa. O Dr. Francisco Machado destacou que é uma planta com ‘ocorrência pequena’, mas, por ser nativa do país, ressalta a potência da biodiversidade brasileira. “Temos que pensar que há plantas medicinais capazes de produzir moléculas por via de metabolismo orgânico que podemos utilizar. A nossa proposta foi fazer uso do óleo essencial de uma planta para desenvolver uma composição inseticida para o controle das larvas do Aedes aegypti”, explicou.

Os pesquisadores integram o Laboratório de Tecnologia de Produtos Naturais da UFF, grupo que pesquisa plantas da região de restinga, zona próxima à praia, da Mata Atlântica. Nesse grupo, os pesquisadores desenvolvem estudos sobre a utilização do óleo essencial de determinadas espécies como inseticida eficaz para o combate de insetos vetores de doenças. A canela-sassafrás, em especial, é coletada no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. “Nós obtemos a planta, elaboramos um estudo de identificação botânica com auxílio do Dr. Marcelo Guerra Santos da UERJ, avaliamos biologicamente com o Laboratório de Biologia de Insetos (Labi) da UFF e quimicamente na Faculdade de Farmácia; por fim, realizamos a formulação para o bioinseticida”, esclareceu o professor Machado. O destaque para o inseticida natural desenvolvido pelos pesquisadores é para a sua estrutura, composto de partículas na escala nanométrica, o que permite a dispersão em meio aquoso. “O óleo, como sabemos, não se mistura com a água, mas se reduzirmos o tamanho do composto conseguimos dispersar em matriz aquosa, que é onde se desenvolve o mosquito”.

“A diferença entre o nosso produto e o disponível no mercado é que ele valoriza a biodiversidade brasileira, mais especificamente a Mata Atlântica, um dos biomas mais devastados do Brasil, e por ser um derivado de origem natural, tendo uma taxa de degradação interessante”, destacou o professor Francisco Machado. A substância não possui persistência no meio ambiente, um dos principais problemas associados aos organofosforados, como o DDT.

Além de ser biodegradável, o composto também possui alta volatilidade, evaporando mais rapidamente do ambiente e, o que não evapora, eventualmente é degradado graças à sua composição natural, diferente de outros compostos que levam longos intervalos de tempo para se decompor.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal Fluminense.

Fonte: Francielly Barbosa, Assessoria de Imprensa/UFF. Imagem: Ocotea odorifera no Jardim Botânico de São Paulo. Fonte: Wikimedia Commons.

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