Notícia

Novo cosmético é desenvolvido com tecnologia que utiliza resíduo de planta abundante na Caatinga

Resíduo da planta sisal tem componentes que possuem atividades importantes para a indústria cosmética, como hidratante, antioxidante e surfactante

Acilondioliveira via Wikimedia Commons

Fonte

UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Data

terça-feira, 27 setembro 2022 20:15

Áreas

Cosmética. Dermatologia. Envelhecimento. Indústria Farmacêutica. Negócios.

Uma nova tecnologia que usa o resíduo do processamento das folhas do sisal acaba de receber a carta patente por cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). As composições cosméticas têm ação antioxidante, tendo como resultado principal a prevenção dos sinais do envelhecimento da pele.

Stella Maria Andrade Gomes Barreto, doutoranda na UFRN, explicou que o efeito conseguido é alcançado, pois a composição, enriquecida de polissacarídeos, é obtida a partir do resíduo de Agave sisalana, a planta do sisal.

Esses polissacarídeos podem ser constituídos por açúcares como a galactose, presente no leite e em algumas frutas e verduras, e os resíduos enriquecidos por eles ativam o benefício atribuído à invenção. Os polissacarídeos são moléculas presentes nas plantas, constituídos de açúcares livres, que desempenham comprovada atividade na manutenção do conteúdo de água na pele (hidratante) ou atuando contra radicais livres (antioxidante), prevenindo os sinais do envelhecimento cutâneo, benefícios atribuídos à invenção.

Stella ressaltou ainda que, diferente do que se imagina, a incorporação de frações em formulações não é uma atividade simples, no entanto, a formulação desenvolvida não apresentou modificações ao longo do tempo. “Essa nova tecnologia é útil para a indústria cosmética, farmacêutica e veterinária em segmentos que produzam artigos para aplicação tópica em humanos e animais. O uso dessa matéria-prima para esse fim é também uma ferramenta para diminuir o impacto ambiental que o resíduo do sisal pode provocar e melhorar as condições socioeconômicas das regiões produtoras do sisal”.

O sisal é uma planta com origem no México, mas que se adaptou muito bem ao clima semiárido da Caatinga nordestina. Ela possui a fibra vegetal mais dura de que se tem conhecimento, usada na produção de cordas e fios biodegradáveis, além de tapetes, artesanatos e vários outros produtos. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é o maior produtor mundial de sisal, com destaque especial para a Região Nordeste, onde, estima-se, um milhão de agricultores familiares cultivam a espécie em suas propriedades.

A colheita é realizada manualmente e o transporte acontece usualmente com a ajuda de animais. Por meio do processo de desfibramento das folhas de Agave sisalana obtém-se uma fibra dura utilizada, principalmente, na produção de fios, cordas e artesanatos, além de serem utilizadas na agricultura. No entanto, apenas 4% a 5% de todo o material é usado, o que gera um resíduo superior a 90% dentro do processo. A ‘sobra’ é formada do bagaço, o resíduo sólido, e o suco do sisal, que normalmente são descartados nos locais de beneficiamento sem que haja tratamento prévio.

Esse resíduo tem componentes que possuem atividades importantes para a indústria cosmética, como hidratante, antioxidante e surfactante. “A obtenção da fração enriquecida em polissacarídeos dessa tecnologia é obtida a partir da prensagem do resíduo das folhas após o desfibramento, sendo a porção líquida submetida a um processo de extração, seguida de filtração, remoção do solvente em baixa pressão e, posteriormente, submetida ao processo de secagem. As composições cosméticas, para atenderem ao que precisávamos, contêm a fração enriquecida em polissacarídeos na forma de pó seco, em concentrações que variam de 0,01% a 10% em peso”, explicou o Dr. Márcio Ferrari, coordenador do grupo que desenvolveu a pesquisa.

A patente pelo instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) recebeu o nome ‘Composição cosmética com fração enriquecida em polissacarídeos obtida a partir do resíduo de Agave sisalana’. O desenvolvimento da tecnologia envolveu ainda os pesquisadores Dra. Raquel Brandt Giordani, Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha, Dra. Elissa Arantes Ostrosky e Dra. Claudia Cecílio Daher.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Fonte: Wilson Galvão, AGIR/UFRN. Imagem: Agave sisalana no sertão da Bahia. Fonte: Acilondioliveira via Wikimedia Commons.

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