Notícia

Novo sistema de entrega de medicamentos contendo terapia de RNA pode atingir células cancerígenas na medula óssea

Pesquisadores desenvolveram nanopartículas contendo moléculas de RNA que inibem a capacidade de divisão das células cancerígenas

Dana-Farber Harvard Cancer Center via National Cancer Institute/NIH Visuals Online

Fonte

Universidade de Tel Aviv

Data

domingo, 6 agosto 2023 16:05

Áreas

Biologia. Biomedicina. Biotecnologia. Engenharia Biológica. Entrega de Medicamentos. Farmacologia. Hematologia. Imunologia. Medicina de Precisão. Microbiologia. Nanotecnologia. Oncologia. Saúde Pública.

Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, destruíram 90% das células de mieloma múltiplo – um tipo de câncer de sangue – em condições de laboratório e 60% em tecidos humanos retirados de pacientes no Rabin Medical Center (Belinson Hospital), usando um fármaco baseado em RNA entregue às células por lipídios direcionados por nanopartículas.

Os pesquisadores desenvolveram nanopartículas à base de lipídios (semelhantes às usadas na vacina COVID-19) contendo moléculas de RNA que silenciam o gene CKAP5, que codifica a proteína 5 associada ao citoesqueleto. Para evitar danos às células não cancerosas, as nanopartículas foram revestidas com anticorpos que as guiaram especificamente para as células cancerígenas dentro da medula óssea.

A descoberta foi alcançada por um grupo de pesquisadores da Universidade de Tel Aviv e do Rabin Medical Center, liderados pelo professor Dr. Dan Peer, pioneiro no desenvolvimento de terapias de RNA e chefe do Laboratório de Nanomedicina da Escola de Biomedicina e Pesquisa de Câncer da Universidade de Tel Avi, e pela estudante de doutorado Dana Tarab-Ravski. Os resultados foram publicados na revista científica Advanced Science.

Dana Tarab-Ravski explicou: “O mieloma múltiplo é um câncer de sangue geralmente encontrado na população mais velha. Enquanto a maioria dos cânceres de sangue aparece na corrente sanguínea ou nos gânglios linfáticos e se espalha de lá para o resto do corpo, as células do mieloma múltiplo aparecem e formam tumores dentro da medula óssea – e, portanto, são muito difíceis de alcançar”.

Os resultados do estudo são muito animadores: em condições de laboratório, onde as células são cultivadas, as nanopartículas desenvolvidas pelos pesquisadores erradicaram cerca de 90% das células cancerígenas. Na segunda etapa, o novo tratamento foi testado em amostras de câncer retiradas de pacientes com mieloma múltiplo na enfermaria hemato-oncológica do Rabin Medical Center. A taxa de sucesso nestas amostras foi de 60%. Testando a capacidade das nanopartículas de atingir a medula óssea em um modelo animal, os pesquisadores descobriram que, após uma única injeção, o RNA penetrou em 60% das células de câncer de mieloma múltiplo na medula óssea. Por fim, o exame da eficácia terapêutica das nanopartículas no modelo animal resultou na erradicação de dois terços das células cancerígenas, e os animais apresentaram melhora significativa em todos os indicadores clínicos.

“Pessoas com mieloma múltiplo sofrem de fortes dores nos ossos, bem como anemia, insuficiência renal e um sistema imunológico enfraquecido”, disse Dana Tarab-Ravski. “Existem muitos tratamentos possíveis para esta doença, mas após um certo período de melhora, a maioria dos pacientes desenvolve resistência à terapia e a doença recai de forma ainda mais agressiva. Portanto, há uma necessidade constante de desenvolver novos tratamentos para o mieloma múltiplo. Baseada em RNA, a terapia tem uma grande vantagem neste caso porque pode ser desenvolvida muito rapidamente. Simplesmente mudando a molécula de RNA, um gene diferente pode ser silenciado a cada vez, adaptando assim o tratamento à progressão da doença e ao paciente individual. O desafio desses tratamentos é atingir as células certas. Hoje, a terapia de RNA é aprovada para o tratamento de uma doença hepática genética e para vacinas injetadas no músculo, como vimos com as vacinas da COVID-19. O sistema de administração de medicamentos que desenvolvemos é o primeiro que visa especificamente células cancerígenas dentro da medula óssea e o primeiro a mostrar que silenciar a expressão do gene CKAP5 pode ser usado para matar células cancerígenas no sangue”, completou a doutoranda.

“Nossa tecnologia abre um novo mundo para a entrega seletiva de medicamentos de RNA e vacinas para tumores cancerígenos e doenças originadas na medula óssea”, concluiu o professor Dan Peer.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Tel Aviv (em inglês).

Fonte: Universidade de Tel Aviv. Imagem: células tumorais de mieloma (em verde) e células ósseas (em vermelho) crescendo em uma estrutura (scaffold) feita de proteína de seda (roxo),  projetada para se assemelhar ao material ósseo. Fonte: Dana-Farber Harvard Cancer Center via National Cancer Institute/NIH Visuals Online.

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