Notícia

Pesquisadores apontam eficácia do nitroestireno para o tratamento do melanoma, tipo mais agressivo de câncer de pele

Pesquisadores avaliaram a citotoxicidade da droga sobre as células de melanoma, o mecanismo pelo qual o composto provoca a morte celular e sua capacidade em eliminar tumores de melanoma induzidos em animais de laboratório

Érico Xavier, FAPEAM

Fonte

FAPEAM | Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas

Data

quinta-feira, 23 julho 2020 11:55

Áreas

Bioquímica. Biotecnologia. Oncologia.

Testes em laboratório demonstraram que o composto químico nitroestireno, droga sintetizada, apresentou atividade antitumoral tanto em linhagens de células de melanoma maligno cutâneo (câncer de pele), cultivadas em laboratório, quanto em modelos experimentais. A substância foi capaz de matar células cancerígenas da pele e reduzir, em média, 45% do volume de células tumorais em animais, num período de 13 dias consecutivos de tratamento.

A pesquisa científica contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). No estudo, por método experimental, os pesquisadores avaliaram a citotoxicidade da droga sobre as células de melanoma, o mecanismo pelo qual o composto provoca a morte celular e sua capacidade em eliminar tumores de melanoma induzidos em animais de laboratório.

O projeto “Avaliação da eficácia in vitro e in vivo de ativos em células de melanoma” levou quatro anos para ser concluído e foi concebido no laboratório Biophar, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em parceria com os laboratórios do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz-Bahia) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A pesquisa foi desenvolvida por Gleyce Jobim no âmbito do programa de doutorado. A pesquisadora explica que o composto pode ter potencial para ser desenvolvido como agente quimioterápico, sendo necessários mais estudos não clínicos e consequentemente, caso a droga passe com sucesso dessa etapa, de estudos clínicos, que confirmarão sua utilidade na terapia antitumoral, sobretudo, para tratar o melanoma.

“O nitroestireno se mostrou altamente efetivo no combate às células tumorais da pele e menos tóxico, quando comparado ao quimioterápico doxorrubicina, fármaco amplamente utilizado no tratamento oncológico”, disse a Dra. Gleyce Jobim.

No Brasil, o tratamento preconizado para o melanoma cutâneo é o cirúrgico, que consiste na remoção da lesão na pele. Casos não cirúrgicos ou avançados podem ser encaminhados para radioterapia e quimioterapia sistêmica, no entanto, os pacientes sofrem com os efeitos colaterais que podem ocorrer durante a terapia.

De acordo com a pesquisadora, o melanoma é um tumor agressivo com opções limitadas de arsenal terapêutico, alta mortalidade e com aumento persistente da incidência nos últimos 30 anos, sobretudo entre pessoas jovens. Por isso, se justificam os esforços para a descoberta de alternativas de diagnóstico e tratamento para a doença. Os resultados da pesquisa geraram depósito de uma patente (BR 1020170152391 A2) denominada “Composição antitumoral compreendendo o composto 4′-cloro-1-nitro-2-fenileteno, seus derivados e método” junto ao INPI.

Metodologia

Para avaliar, in vitro, o potencial antineoplásico e o mecanismo de ação do nitroestireno sintético, foram feitas análises em linhagens celulares de melanoma humano adquiridas do banco de células American Type Culture Collection (ATCC). Em seguida, as células foram tratadas com concentrações seriadas do composto químico. De acordo com os resultados experimentais, o mecanismo de morte celular acionado pelo composto foi o de apoptose, ou seja, uma forma de morte celular programada.

Para a avaliação da toxicidade, in vivo, os camundongos foram divididos em cinco grupos com 10 animais: não tratados; controle positivo (tratados com doxorrubicina); e 3 grupos tratados com diferentes doses do nitroestireno que revelou efetiva ação promovendo inibição do crescimento tumoral nas condições testadas.

Acesse o pedido da patente BR 1020170152391 A2.

Acesse a notícia completa na página da FAPEAM.

Fonte: Helen de Melo, FAPEAM. Imagem: Érico Xavier, FAPEAM.

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