Notícia

Pesquisadores caminham na direção da quimioterapia com menos efeitos colaterais

Fonte

Universidade de Queensland

Data

terça-feira, 16 março 2021 09:40

Áreas

Oncologia.

Uma descoberta de pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália,  pode permitir que futuros pacientes com câncer, incluindo crianças com leucemia, evitem os efeitos colaterais mais debilitantes da quimioterapia.

A professora Dra. Irina Vetter e a Dra. Hana Starobova pensaram que “desligar” a inflamação, que é uma das reações naturais do corpo ao medicamento quimioterápico vincristina, pode reduzir a dor que a acompanha e os sintomas desagradáveis.

“Descobrimos que a droga anti-inflamatória anakinra reduziu substancialmente os terríveis sintomas nervosos pelos quais a quimioterapia com vincristina é conhecida”, disse a professora Vetter. “E é importante ressaltar que isso não reduziu a eficácia da quimioterapia”, destacou a pesquisadora.

Anakinra (medicamento antireumático da classe terapêutica de bloqueadores de citocinas) constitui um tratamento existente para a artrite reumatoide e juvenil e os pesquisadores do Institute for Molecular Bioscience da Universidade de Queensland planejam testá-lo em breve em pacientes humanos em quimioterapia que tomam vincristina.

“A vincristina é usada para tratar câncer cervical, cerebral e pulmonar, leucemia e linfomas não-Hodgkin”, disse a professora Vetter. A pesquisadora explicou que a descoberta foi específica para vincristina e anakinra, embora as primeiras descobertas sugerissem que a anakinra pode ajudar a aliviar os sintomas de algumas outras drogas quimioterápicas.

“Infelizmente, os efeitos colaterais da quimioterapia são às vezes tão terríveis que as pessoas interrompem o tratamento ou o encerram, colocando-as em risco de não resistir ao câncer. Reduzir os sintomas desagradáveis ​​da quimioterapia salvará vidas e [evitará] muito sofrimento dos pacientes”, destacou a Dra. Irina Vetter.

O Kids ’Cancer Project financiou parcialmente a pesquisa e o presidente-executivo da instituição, Dr. Owen Finegan, disse que a escolha dos pesquisadores em testar um medicamento conhecido e aprovado significa que os resultados podem ser rapidamente implementados na prática clínica. “Esta descoberta estará disponível para os pacientes muito mais rapidamente do que se os pesquisadores tivessem desenvolvido um medicamento completamente novo. Isso provavelmente trará um tratamento melhor para crianças com câncer, incluindo leucemia linfoblástica aguda, sarcoma, meduloblastoma e neuroblastoma. Estamos muito satisfeitos que essas descobertas – inicialmente para ajudar as crianças – também irão beneficiar os adultos”, disse o Dr. Owen Finegan.

Os pesquisadores fizeram a descoberta enquanto estudavam como a vincristina faz com que os nervos sensoriais funcionem de forma anormal. A Dra. Hana Starobova disse que a neuropatia é um dos efeitos colaterais mais desagradáveis ​​e graves da droga de quimioterapia, causando formigamento e dormência nas mãos e pés, dor e fraqueza muscular, o que leva à claudicação. “Infelizmente, esses sintomas podem persistir por muito tempo após o tratamento. A única maneira de aliviá-los é diminuir a dose de vincristina, mas isso diminui a eficácia do tratamento contra o câncer”, disse a Dra. Starobova.

O próximo passo se concentrará em como a vincristina ativa as células do sistema imunológico.

A pesquisa foi publicada na revista científica Journal of Experimental Medicine.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Queensland (em inglês).

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