Notícia
Produto à base de alecrim-pimenta pode ser arma contra superfungo
Preocupação sanitária mundial desde 2009, pela resistência a medicamentos e infecções hospitalares, a Candida auris foi derrotada em testes in vivo por uma nanoestrutura com óleo essencial da planta
Divulgação, Jornal da USP
Fonte
Jornal da USP
Data
terça-feira, 22 fevereiro 2022 08:55
Áreas
Bioquímica. Biotecnologia. Desenvolvimento de Fármacos. Doenças Infecciosas. Farmacologia. Fitoterapia. Microbiologia. Nanotecnologia.
O óleo essencial extraído do alecrim-pimenta, planta abundante no Nordeste, se mostrou eficaz no combate ao novo superfungo Candida auris. A confirmação vem de resultados promissores, recém-publicados na revista científica Pharmaceutics, realizados em laboratórios da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP).
A notícia da forte atividade antimicrobiana da substância acontece num momento em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de informar a ocorrência do terceiro surto da Candida auris no Brasil. A espécie é considerada um superfungo por ser multirresistente aos antifúngicos comerciais, facilmente transmissível e responsável por infecções hospitalares. Provoca febre alta, tontura, fadiga, aumento da frequência cardíaca, vômitos e sepse, podendo ser fatal. Foi identificada em quase 50 países pelos cinco continentes e, no Brasil, que conta com 18 casos confirmados, foi detectada pela primeira vez em dezembro de 2020.
Contra esse superfungo, as equipes da FCFRP-USP, coordenadas pelos professores Dr. Wanderley Pereira Oliveira e Dra. Marcia Regina von Zeska Kress, apostam no óleo essencial da Lippia sidoides, nome científico do alecrim-pimenta. A substância é objeto das pesquisas do professor Oliveira desde 2007, quando começaram os testes sobre as potencialidades bactericidas e fungicidas do óleo essencial da Lippia sidoides.
À frente do Laboratório de P&D em Processos Farmacêuticos (Laprofar) da FCFRP-USP, o Dr. Wanderley Oliveira e seu time já possuem duas patentes de encapsulados deste óleo essencial, que servem como antimicrobianos para indústrias farmacêutica, cosmética e de alimentos. Agora, para enfrentar a Candida auris, o professor Oliveira e a pesquisadora e aluna de doutorado Iara Baldim usaram nanotecnologia e desenvolveram um novo produto: uma nanocamada (escala molecular) feita ‘à base de sistemas lipídicos’ que envolve o óleo essencial.
A tecnologia, garantem, maximiza o potencial de uso da substância ativa do alecrim-pimenta, diminuindo a toxicidade e aumentando tanto a estabilidade quanto a atividade antimicrobiana. Afirmam ainda que os ensaios realizados encontraram o nível ideal de concentração da substância ativa que é eficaz contra o fungo sem oferecer riscos tóxicos ao organismo humano. A avaliação da atividade antimicrobiana e da toxicidade do novo produto ficou a cargo do laboratório da professora Márcia e dos pesquisadores Dr. Mario Paziani e Patrícia Barião.
Encapsulamento torna produto viável
O alecrim-pimenta é uma planta utilizada na medicina popular como antimicrobiano e antifúngico. Apesar das propriedades benéficas, o óleo essencial do alecrim-pimenta pode causar irritações na pele e reações alérgicas que são evitadas com o encapsulamento. Além dessa, outra vantagem do sistema criado pelo Laprofar é o aumento da eficiência do produto já que o óleo essencial é volátil e perde suas características originais quando exposto a fatores ambientais como calor, oxigênio e radiação solar.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Vinícius Botelho e Rita Stella, Jornal da USP. Imagem: Divulgação, Jornal da USP.
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