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Segundo pesquisadores, droga anticoagulante poderia tratar variantes emergentes do novo coronavírus

Moléculas da mesma família da droga anticoagulante heparina podem interferir na capacidade do vírus da COVID-19 de se ligar às células humanas

NIAID/NIH via Wikimedia Commons

Fonte

QUT | Universidade de Tecnologia de Queensland

Data

segunda-feira, 12 julho 2021 06:10

Áreas

Bioinformática. Bioquímica. Doenças Infecciosas. Saúde Pública.

Zachariah Schuurs, doutorando da Universidade de Tecnologia de Queensland (QUT), na Austrália, disse que a equipe de pesquisa da qual participa identificou um novo local de ligação na proteína spike do SARS-CoV-2. “A ligação da proteína spike do SARS-CoV-2 ao sulfato de heparano (HS) nas superfícies celulares é geralmente o primeiro passo em uma cascata de interações que o vírus precisa para iniciar uma infecção e entrar na célula. A maioria das pesquisas se concentrou em entender como o HS interage no domínio de ligação ao receptor (RBD) e no local de clivagem da furina da proteína spike do vírus SARS-CoV-2, visto que estes normalmente se ligam a diferentes tipos de drogas, vacinas e anticorpos”, disse Zachariah Schuurs.

“Identificamos um novo sítio de ligação no domínio N-terminal (NTD), uma área diferente da proteína spike do vírus que facilita a ligação do HS. Isso ajuda a entender melhor como o vírus infecta as células. O NTD também é uma parte da proteína spike que frequentemente sofre mutações. Alguns anticorpos do sangue que neutralizam os vírus se ligam à mesma região do DTN. Portanto, alvejar o local do NTD com moléculas como heparina (ou miméticos de heparina), uma conhecida droga anticoagulante semelhante ao HS, é uma possível estratégia para interromper a ligação do vírus às células”, continuou o pesquisador.

A Dra. Neha Gandhi, do Centro para Genômica e Saúde Personalizada da QUT, disse que as vacinas para a COVID19, embora tenham obtido sucesso em todo o mundo, ainda estão longe de ser amplamente acessíveis. “Precisamos de estratégias antivirais alternativas para prevenir a disseminação da COVID-19 e tratar as pessoas infectadas”, disse a Dra. Gandhi.

“Os epidemiologistas acreditam que a baixa cobertura vacinal em muitos países tornará mais provável o aparecimento de mutações resistentes à vacina. Variantes preocupantes já surgiram na África do Sul, Estados Unidos, Índia e Brasil. A este respeito, estratégias antivirais alternativas são fortemente necessárias para prevenir a propagação da COVID-19 e para tratar pessoas com a doença. A maioria das variantes do SARS-CoV-2 adquiriu uma mutação com carga positiva na proteína spike. Moléculas como a heparina e seus miméticos são carregados negativamente e, portanto, essas moléculas poderiam ser usadas para tratar pessoas com efeitos graves do vírus e quaisquer variantes emergentes”, continuou a Dra. Neha Gandhi.

“Nossa pesquisa indica que as moléculas que imitam a estrutura 3D da heparina com uma química de enxofre diferente podem ser drogas antivirais de amplo espectro contra a COVID-19 e outras ameaças virais emergentes por meio da interação direta com o próprio vírus”, destacou a pesquisadora.

O estudo multinacional, publicado na revista científica Computational and Structural Biotechnology Journal, usou técnicas computacionais e experimentais para confirmar seus achados. Os pesquisadores usaram os supercomputadores NCI Gadi e QUT Lyra para modelar como o HS e seus inibidores como a heparina interagiriam com a proteína spike.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da QUT (em inglês).

Fonte: Niki Widdowson, QUT. Imagem: Impressão 3D de proteína spike na superfície do SARS-CoV-2,  o vírus que causa a COVID-19. Fonte: NIAID/NIH via Wikimedia Commons.

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