Notícia

Cientistas podem detectar tumores cerebrais usando um simples teste de urina ou plasma sanguíneo

Pesquisadores do ‘Cancer Research UK Cambridge Institute desenvolveram dois testes que podem detectar a presença de glioma, um tipo de tumor cerebral, na urina ou no plasma sanguíneo do paciente

Pixabay

Fonte

Universidade de Cambridge

Data

quinta-feira, 29 julho 2021 06:20

Áreas

Análises Clínicas. Biomedicina. Diagnóstico. Oncologia.

Pesquisadores do Cancer Research UK Cambridge Institute, no Reino Unido, desenvolveram dois testes que podem detectar a presença de glioma, um tipo de tumor cerebral, na urina ou no plasma sanguíneo do paciente. A equipe afirmou que o teste para detecção de glioma pela urina é o primeiro desse tipo no mundo.

A pesquisa está no estágio inicial e a análise foi feita apenas em um pequeno número de pacientes, mas a equipe de pesquisa diz que seus resultados, publicados na revista científica EMBO Molecular Medicine, são promissores.

Os pesquisadores sugerem que, no futuro, esses testes poderiam ser usados ​​por médicos para monitorar pacientes com alto risco de tumores cerebrais, o que pode ser mais conveniente do que fazer uma ressonância magnética, que é o método padrão, a cada três meses.

Quando as pessoas têm um tumor cerebral removido, a probabilidade de ele retornar pode ser alta, então eles são monitorados com uma ressonância magnética a cada três meses, seguida por uma biópsia.

Os exames de sangue para detectar diferentes tipos de câncer são o principal foco de pesquisa de equipes em todo o mundo, e alguns estão em uso na clínica. Esses testes baseiam-se principalmente na descoberta de DNA mutante, eliminado pelas células tumorais quando morrem, conhecido como DNA livre de células (cfDNA). No entanto, detectar cfDNA de tumor cerebral no sangue tem sido historicamente difícil por causa da barreira hematoencefálica, que separa o sangue do líquido cefalorraquidiano (LCR) que envolve o cérebro e a medula espinhal, impedindo a passagem de células e outras partículas, como o cfDNA.

Os pesquisadores já examinaram a detecção de cfDNA no LCR, mas as punções lombares necessárias para obtê-lo podem ser perigosas para pessoas com tumores cerebrais, portanto, não são apropriadas para monitoramento de pacientes. Os cientistas sabem que o cfDNA com mutações semelhantes ao tumor original pode ser encontrado no sangue e em outros fluidos corporais, como a urina, em níveis muito baixos, mas o desafio tem sido desenvolver um teste sensível o suficiente para detectar essas mutações específicas.

Os pesquisadores, liderados pelo Dr. Florent Mouliere, que trabalha no Cancer Research UK Cambridge Institute e no Amsterdam UMC (Hospital Universitário da Universidade de Amsterdã, nos Países Baixo), e pelo Dr. Richard Mair, que trabalha no Cancer Research UK Cambridge Institute e na Universidade de Cambridge, desenvolveram duas abordagens em paralelo, para superar o desafio de detectar cfDNA do tumor cerebral.

A primeira abordagem funciona para pacientes que já tiveram glioma removido e com biópsia feita. A equipe desenvolveu um teste de sequenciamento guiado por tumor que foi capaz de procurar as mutações encontradas no tecido tumoral dentro do cfDNA na urina, LCR e plasma sanguíneo do paciente.

Um total de oito pacientes com suspeita de tumores cerebrais com base em ressonâncias magnéticas foram incluídos nesta parte do estudo. As amostras foram coletadas em suas biópsias iniciais de tumor cerebral, juntamente com amostras de LCR, sangue e urina.

Ao saber onde olhar na fita de DNA, os pesquisadores descobriram que era possível encontrar mutações mesmo nas pequenas quantidades de cfDNA encontradas no plasma sanguíneo e na urina. O teste foi capaz de detectar cfDNA em 7 das 8 amostras de LCR, 10 das 12 amostras de plasma e sangue e 10 das 16 amostras de urina.

Para a segunda abordagem, os pesquisadores procuraram outros padrões no cfDNA que também pudessem indicar a presença de um tumor, sem ter que identificar as mutações.

Eles analisaram 35 amostras de pacientes com glioma, 27 pessoas com distúrbios cerebrais não malignos e 26 pessoas saudáveis e usaram o sequenciamento do genoma inteiro, onde todo o cfDNA do tumor é analisado, não apenas as mutações.

Os pesquisadores descobriram no plasma sanguíneo e nas amostras de urina que os fragmentos de cfDNA, que vieram de pacientes com tumores cerebrais, eram de tamanhos diferentes daqueles de pacientes sem tumores no LCR. Eles então alimentaram esses dados em um algoritmo de aprendizado de máquina que foi capaz de diferenciar com sucesso as amostras de urina de pessoas com e sem glioma.

Os pesquisadores dizem que, embora o teste com aprendizado de máquina seja mais barato e fácil e uma biópsia de tecido do tumor não seja necessária, ele não é tão sensível e é menos específico do que a primeira abordagem de sequenciamento guiada por tumor.

As ressonâncias magnéticas não são invasivas ou caras, mas exigem uma visita ao hospital, e o intervalo de três meses entre os exames pode ser uma fonte regular de ansiedade para os pacientes.

Os pesquisadores sugerem que seus testes possam ser usados ​​entre exames de ressonância magnética e podem, em última instância, ser capazes de detectar um tumor cerebral que retorna precocemente.

No próximo estágio da pesquisa, a equipe fará a comparação dos dois testes com as imagens de ressonância magnética em um ensaio com pacientes com tumores cerebrais que estão em remissão para ver se pode detectar se seus tumores estão voltando, simultaneamente ou antes da ressonância magnética. Se os testes provarem que podem detectar tumores cerebrais de modo mais precoce do que uma ressonância magnética, os pesquisadores estudarão como podem adaptar os testes para que possam ser oferecidos na clínica, o que pode acontecer nos próximos dez anos.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Cambridge (em inglês).

Fonte: Universidade de Cambridge e ‘Cancer Research UK’. Imagem: Pixabay.

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