Notícia
Descoberta abre portas a nova geração de medicamentos para combater vírus e parasitas
Equipe interdisciplinar de várias instituições científicas de Portugal, liderada pela Universidade de Coimbra, descobriu e testou uma molécula com perfil revolucionário, que abre caminho para o desenvolvimento de novo antimicrobiano de largo espectro
Divulgação, Universidade de Coimbra
Fonte
Universidade de Coimbra
Data
quinta-feira, 23 setembro 2021 06:10
Áreas
Farmacologia. Química Medicinal.
Uma equipe interdisciplinar de várias instituições científicas de Portugal, liderada pela Universidade de Coimbra, descobriu e testou uma molécula com um perfil revolucionário, que abre caminho para o desenvolvimento de um novo antimicrobiano de largo espectro com potencial de aplicação na prevenção e tratamento de múltiplos tipos de infecções virais, endêmicas e pandêmicas, e também doenças parasitárias, como a malária.
Designada BSS730A, a molécula, que é derivada da penicilina, umas das moléculas mais conhecidas do mundo, foi descoberta no âmbito do projeto Spiro4MALAIDS e resulta de vários estudos realizados ao longo dos últimos nove anos pelo Grupo de Química Orgânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
Coordenado pela Dra. Teresa Pinho e Melo, professora do Departamento de Química da FCTUC, o projeto Spiro4MALAIDS tem a participação de pesquisadores da Universidade de Lisboa, através do Instituto de Medicina Molecular e da Faculdade de Farmácia, e do Instituto Universitário Egas Moniz.
Os vários ensaios pré-clínicos realizados com diferentes vírus, entre os quais o HIV e várias estirpes do vírus da gripe (um vírus com potencial pandêmico), e em parasitas como o que provoca a malária, são muito promissores. “A molécula apresentou uma atividade notável contra os diferentes vírus e parasitas testados. Em concentrações muito baixas, a eficácia na inibição das infecções atingiu os 99%», revelou Nuno Alves, aluno de doutoramento da FCTUC e membro da equipe de pesquisa.
Segundo o doutorando, os resultados obtidos indicam que a nova molécula “tem um comportamento completamente diferente dos medicamentos que se encontram no mercado. Enquanto os antivirais convencionais atuam sobre a maquinaria do próprio vírus, a molécula BSS730A atua ao nível do hospedeiro, promovendo uma resposta do próprio hospedeiro conta o vírus. Um mecanismo deste tipo, para além de ter um perfil farmacoterapêutico inovador, está muito menos sujeito ao desenvolvimento de resistências por parte dos vírus”, ou seja, “verificou-se que a molécula mostrou ser ativa contra estirpes multirresistentes dos mesmos vírus”, destacou o pesquisador.
Observando os mecanismos que a molécula utiliza para exercer a sua atividade, os investigadores acreditam que existem boas perspectivas para “inativar outros vírus para além dos estudados. É uma molécula que poderá ter atividade para novas ameaças virais que possam emergir no futuro, representando uma nova geração de medicamentos antivirais e antiparasitários de largo espectro, muito mais eficazes do que os atuais”, afirmou o pesquisador do Departamento de Química da FCTUC, destacando ainda outra particularidade da molécula descoberta, sobretudo ao nível da estrutura e farmacologia: “apesar de ser proveniente da penicilina, usada no tratamento de infecções causadas por bactérias, a BSS730A não tem qualquer atividade antibacteriana, mas sim antiviral e antiparasitária, no caso do parasita da malária”.
A equipe pretende avançar com a realização de estudos clínicos dentro de três anos. No entanto, para que tal se concretize, é necessário obter financiamento. “Um projeto deste tipo requer um músculo financeiro considerável, na ordem dos dois milhões de euros”, estimou Nuno Alves. Justamente com o objetivo de angariar financiamento que permita avançar com o desenvolvimento desta tecnologia disruptiva, está em fase de conclusão a criação de uma Startup.
Além de Teresa Pinho e Melo e Nuno Alves, a equipe do projeto inclui os professores Dr. Nuno Taveira, do Instituto Universitário Egas Moniz, e Dr. Miguel Prudêncio, da Universidade de Lisboa, além dos pesquisadores Dr. Américo Alves (FCTUC) e Dra. Inês Bártolo (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.
Fonte: Cristina Pinto, Universidade de Coimbra. Imagem: Divulgação, Universidade de Coimbra.
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