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Pesquisa conduzida na UERJ investiga processos inflamatórios nas doenças crônicas

Com uma longa história em estudos sobre inflamação, o Laboratório de Farmacologia Celular e Molecular do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Ibrag/UERJ) vem se dedicando a investigar processos celulares e moleculares envolvidos na resposta inflamatória frente às doenças crônicas.

O projeto ‘Alvos Moleculares e Terapêuticos no Microambiente Inflamatório em Doenças Crônicas’, coordenado pela pesquisadora Dra. Thereza Christina Barja Fidalgo, bolsista de produtividade 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e que conta com bolsa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, é o mais recente estudo liderado pela farmacêutica-bioquímica no laboratório.

A pesquisa parte do princípio de que a homeostase – palavra derivada dos termos gregos homeo (similar) e stasis (estático) e que significa a condição de estabilidade para que o organismo realize suas funções adequadamente para o equilíbrio do corpo – depende da interação entre as respostas imune e metabólica. E é justamente seu desequilíbrio que leva ao surgimento de doenças, como o câncer, as doenças cardiovasculares e a obesidade.

De acordo com a Dra. Thereza Christina, que coordena o grupo de pesquisa em Farmacologia Celular e Molecular da UERJ, essas doenças crônico-degenerativas têm em comum, como importante fator fisiopatológico, a presença de um microambiente inflamatório. Por isso, a compreensão dos processos celulares envolvidos, das moléculas chaves e de seus mecanismos de ação podem levar à descoberta de novos alvos moleculares para sua prevenção e tratamento. Sua equipe se dedica a estudar o papel de elementos que compõem esse microambiente, como as células imunes, a matriz extracelular, vesículas extracelulares (VEs) e mediadores solúveis, além das alterações funcionais e do metabolismo celular sobre o desenvolvimento dessas doenças, visando identificar potenciais alvos farmacológicos para o tratamento do câncer, da obesidade e da aterosclerose.

Professora do Departamento de Biologia Celular da UERJ, a Dra. Thereza Christina esclareceu que atualmente o conceito de inflamação se expandiu para além da sua associação a condições patológicas, e inclui o que é chamado de processo inflamatório ‘fisiológico’, como o que ocorre para a implantação do óvulo fecundado no útero, por exemplo. Neste caso, é criado um processo inflamatório controlado e capaz de se auto resolver, que facilitará a interação entre o embrião e o epitélio uterino, permitindo que a gravidez possa prosseguir. Contudo, a não-resolução de uma resposta inflamatória, que tenha como objetivo inicial a adaptação do organismo a um estímulo não fisiológico, juntamente com sua persistência, pode anteceder o estabelecimento de doenças crônico-degenerativas, como o câncer e a obesidade.

A professora Thereza Christina explicou que são características da inflamação a presença de células da resposta imune do organismo, que migram para o local inflamado; a produção de mediadores inflamatórios, como as citocinas, que estiveram em evidência durante a pandemia da COVID-19, e outros mediadores químicos produzidos pelo organismo, em condições fisiológica ou patológica. “A inflamação é uma resposta do organismo para se ‘defender’ de algum evento diferente do normal e que exige uma resposta resolutiva e, de preferência, regenerativa. Nas doenças crônicas, a inflamação pode perdurar, pois o organismo não consegue combatê-la, seja porque está sendo ‘enganado’, como no caso do câncer, ou devido a um estímulo permanente, como na obesidade”, explicou a professora.

Segundo a pesquisadora, na obesidade, condição do indivíduo que possui Índice de Massa Corporal (razão entre o peso e o quadrado da altura) acima de 30, o acúmulo de gordura nas células do tecido adiposo leva à produção de uma resposta inflamatória sistêmica de baixo grau, persistente, que contribui para as graves alterações metabólicas,  características da obesidade, doença que hoje acomete 20% da população adulta brasileira. No câncer, há uma resposta diferente, onde as células tumorais, através de mediadores liberados local e sistemicamente, conseguem ‘educar’ as células do sistema imune, que passam a responder de forma pró-tumoral. Suas pesquisas buscam justamente estudar as células inflamatórias que estão presentes nesse microambiente obeso ou tumoral. “Porque se soubermos como essas doenças se mantêm ativas devido à presença de elementos pró-inflamatórios, podemos tentar interferir terapeuticamente”, justificou a professora Thereza.

Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.

Fonte: Paula Guatimosim, FAPERJ.

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