Notícia

Estudo revela como o câncer de sangue crônico se torna doença agressiva

Descobertas podem levar a novas terapias e estratégias de prevenção

Tim Kong e Dr. Ângelo Laranjeira

Fonte

Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis

Data

domingo, 8 janeiro 2023 14:05

Áreas

Biologia. Biomedicina. Biotecnologia. Genética. Hematologia. Microbiologia. Oncologia. Saúde Pública.

Um tipo de leucemia crônica pode estar presente por muitos anos. Alguns pacientes podem precisar de tratamento para controlar esse tipo de câncer de sangue – chamado de neoplasia mieloproliferativa (MPN) – enquanto outros podem passar por longos períodos com a doença avançando em um ritmo lento. Mas para uma pequena porcentagem de pacientes, a doença de ritmo mais lento pode se transformar em um câncer agressivo, chamado leucemia mieloide aguda secundária, que tem poucas opções de tratamento eficazes. Pouco se sabe sobre como essa transformação ocorre.

Mas recentemente, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, identificaram um importante ponto de transição na mudança da leucemia crônica para a agressiva. Os pesquisadores mostraram que o bloqueio de uma molécula-chave na via de transição evita a progressão perigosa da doença em camundongos com modelos da doença e em camundongos com amostras de tumores de pacientes humanos. Os resultados foram publicados recentemente na revista científica Nature Cancer.

“A leucemia mieloide aguda secundária tem um prognóstico sombrio”, disse o Dr. Stephen T. Oh, autor sênior do estudo, professor de Medicina e codiretor da Divisão de Hematologia da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis . “Quase todos os pacientes que desenvolvem leucemia aguda após um histórico de neoplasias mieloproliferativas morrerão da doença. Portanto, um dos principais focos de nossa pesquisa é entender melhor essa conversão de doença crônica para agressiva e desenvolver melhores terapias e, esperançosamente, estratégias de prevenção para esses pacientes”.

O estudo sugere que inibir essa molécula de transição chave – chamada DUSP6 – ajuda a superar a resistência que esses cânceres geralmente desenvolvem aos inibidores de JAK2, a terapia normalmente usada para tratá-los. Os inibidores de JAK2 são uma terapia anti-inflamatória também usada para tratar a artrite reumatoide.

“Esses pacientes são comumente tratados com inibidores de JAK2, mas sua doença progride apesar dessa terapia, então também estamos tentando identificar como a doença pode piorar mesmo no cenário de inibição de JAK2”, disse o professor Stephen Oh, que trata pacientes no Centro de Câncer do Barnes-Jewish Hospital da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis.

Os pesquisadores mergulharam profundamente na genética desses tumores, tanto durante a fase crônica lenta quanto depois que a doença se transformou na forma agressiva enquanto os pacientes tomavam inibidores de JAK2. O gene DUSP6 se destacou como altamente expresso nos 40 pacientes cujos tumores foram analisados neste estudo.

O uso de técnicas genéticas para deletar o gene DUSP6 impediu a transição para a doença agressiva em camundongos com modelos desse tipo de câncer. Os pesquisadores também testaram um composto de droga que inibe o DUSP6 e descobriram que o composto – disponível apenas para pesquisa com animais – interrompeu a progressão da doença crônica para a doença agressiva em dois modelos diferentes de câncer em camundongos e em camundongos com tumores humanos coletados de pacientes. A redução dos níveis de DUSP6 tanto geneticamente quanto com um medicamento também reduziu a inflamação nesses modelos.

Como a droga que inibe o DUSP6 não está disponível para testes clínicos em humanos, o professor Stephen Oh e seus colegas estão interessados em explorar tratamentos que inibam outra molécula que eles descobriram ser ativada logo depois do DUSP6 e que eles mostraram também ser necessária para perpetuar os efeitos negativos do DUSP6. Existem drogas em ensaios clínicos que inibem essa molécula posterior, conhecida como RSK1. A equipe de pesquisa está interessada em investigar esses medicamentos quanto ao seu potencial para bloquear a perigosa transição de doença crônica para doença agressiva e abordar a resistência à inibição de JAK2.

“Um futuro ensaio clínico pode incluir pacientes com neoplasia mieloproliferativa que estão tomando inibidores de JAK2 e, apesar disso, que tenham evidências de agravamento de sua doença. Nesse ponto, podemos adicionar o tipo de inibidor de RSK que está em testes à sua terapia para ver se isso ajuda a bloquear a progressão da doença para uma leucemia mieloide aguda secundária agressiva. Um inibidor de RKS recém-desenvolvido está em fase 1 de ensaios clínicos para pacientes com câncer de mama, por isso esperamos que nosso trabalho forneça uma base promissora para o desenvolvimento de uma nova estratégia de tratamento para pacientes com esse câncer crônico de sangue”, concluiu o professor Stephen Oh.

O Dr. Angelo Brunelli Albertoni Laranjeira é coautor da pesquisa. O Dr. Angelo Laranjeira, atualmente cientista da Universidade de Washington em St. Louis, é bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), mestre e doutor em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e também possui pós-doutorado pelo Hospital Boldrini e pelo National Cancer Target Validation Laboratory (NCTVL).

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis (em inglês).

Fonte: Julia Evangelou Strait, Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis. Imagem: medula óssea de camundongo tratado com um composto que bloqueia o gene DUSP6, uma molécula chave na transição de doença crônica para doença agressiva. Fonte: Tim Kong e Dr. Ângelo Laranjeira.

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