Notícia
Identificado biomarcador de envelhecimento no Sistema Nervoso Central
Grupo de pesquisa descreveu que a perda da proteína lamina-B1 ocorre em células do hipocampo de camundongos e indivíduos humanos idosos, especialmente, nos astrócitos
Estima-se que em 2050 o número de pessoas com 60 anos ou mais será o dobro da atualidade, chegando a quase 2,1 bilhões em todo o mundo. Nesse contexto, é esperado um aumento substancial na incidência de doenças associadas à idade, como câncer, diabetes e doenças neurodegenerativas.
Recentemente, um grupo de pesquisadores do Rio de Janeiro, São Paulo, Estados Unidos e da Holanda publicou, na revista científica Aging Cell, um artigo em que é descrito um biomarcador do envelhecimento no Sistema Nervoso Central humano.
De forma pioneira, o estudo, conduzido pela Dra. Isadora Matias, recém contemplada com bolsa de Pós-Doutorado Nota 10 pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), foi realizado em tecidos sadios de cérebro de animais e humanos post-mortem. Os marcadores do envelhecimento até então descritos estão localizados em outros tipos de tecidos e células.
O biomarcador descrito é uma proteína, conhecida como lamina-B1, presente em neurônios e nas células do tipo gliais do Sistema Nervoso Central. A pesquisadora Dra. Flávia Gomes, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ICB/UFRJ) e Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ, coordenadora do projeto, explicou que o grupo investiga doenças associadas ao envelhecimento há 10 anos e que, até hoje, não são bem compreendidos os mecanismos de transição entre um cérebro saudável e funcional e um cérebro idoso e, cada vez mais, disfuncional.
“Em nosso estudo caracterizamos, de forma pioneira, um biomarcador da senescência celular, a lamina-B1, no Sistema Nervoso Central, tanto em murinos como em humanos, especificamente em astrócitos. É a primeira vez que esse biomarcador é identificado nessas células de tecido idoso sadio. Não se conhecem bem os marcadores de senescência astrocitária”. destacou a Dra. Flávia Gomes.
O papel da proteína lamina-B1, normalmente, está relacionado à manutenção do núcleo celular, exercendo funções que incluem desde a manutenção da estrutura do núcleo, seu funcionamento e até o reparo de DNA. No estudo, o grupo descreveu que a perda de lamina-B1 ocorre em células do hipocampo de camundongos e indivíduos humanos idosos, especialmente, nos astrócitos.
A Dra. Flávia Gomes detalhou que, dentre os fatores causais do envelhecimento, está a senescência celular, um mecanismo importante, que gera um tipo de célula prejudicial que afeta o equilíbrio e a regeneração dos tecidos. Vários estudos relatam o acúmulo de células senescentes relacionado à idade em humanos, primatas não humanos e roedores. No entanto, até agora pouco se sabia sobre o surgimento e impacto da célula glial senescente no envelhecimento normal do cérebro, afirmou a pesquisadora.
O grupo de cientistas estuda a proteína lamina-B1 desde 2017. A Dra. Flávia Gomes destacou que o estudo do envelhecimento enfrenta várias limitações experimentais que, em breve, poderão ser minimizadas com a inauguração de um novo prédio na UFRJ para estudos da temática do envelhecimento. A partir desse empreendimento, espera-se determinar se a perda de lamina-B1 é um gatilho para o envelhecimento cerebral ou se é o contrário.
O envelhecimento é caracterizado por uma mudança progressiva na fisiologia das células cerebrais que pode contribuir para déficits cognitivos, levando à demência e comprometimento da qualidade de vida. A complexidade do cérebro humano e o aumento da longevidade representam desafios para prevenir e adiar os efeitos do envelhecimento. Por isso, o grupo pretende ainda investigar se essas características da lamina-B1 se repetem em modelos de doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.
Fonte: Claudia Jurberg, FAPERJ. Imagem: Divulgação.
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